Tumulto marca eleição de Rodrigo
Com dez votos a seis, e três abstenções, o vereador Rodrigo Mattos (PSDB) foi eleito presidente da Câmara Municipal para o biênio 2015-2016, derrotando a candidatura liderada por Ana Rossignoli (PDT). A votação foi marcada por episódios polêmicos: a tentativa de adiamento do pleito defendida pelo requerimento encaminhado por Roberto Cupolillo (Betão-PT) na última sexta-feira e o tumulto protagonizado pelo vereador Wanderson Castelar (PT) e o suplente de Noraldino Junior (PSC), José Emanuel (PSC). Com os ânimos aflorados, os parlamentares deram início à primeira reunião ordinária referente ao último período legislativo do ano, que ainda reserva a votação da Lei Orçamentária Anual (LOA), Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e as emendas dos parlamentares.
Após a votação, Rodrigo considerou como maior desafio da nova Mesa Diretora aproximar, ainda mais, a população da Câmara. “Espero poder honrar a confiança não só dos dez vereadores que votaram na chapa, mas dos demais. O Julio (Gasparette) fez um excelente trabalho no âmbito interno, dos funcionários, agora, nosso desafio é trazer a população para a Câmara”. O novo presidente pretende continuar batalhando pela transparência e não descarta investimentos para tornar a TV Câmara acessível a todos os cidadãos. “Nos próximos dias, iremos apresentar nossas propostas”, afirmou.
No começo da sessão, direcionada apenas à leitura de correspondências, o atual presidente da Casa, vereador Julio Gasparette (PMDB), informou aos pares que o requerimento de Betão seria colocado em votação, porém, sem discussão no plenário. Em defesa do pedido, o petista ressaltou que faltou um debate público a cerca das ideias em relação à presidência da Câmara. Após nove votos favoráveis e nove votos contrários, Gasparette, em nome da Mesa Diretora, decidiu por ser contrário, derrotando a proposição de Betão.
Encerrada a votação e sem o pequeno expediente de praxe, Gasparette deu início à votação para a nova direção da Mesa. A chapa 1, liderada por Rodrigo, trazia José Márcio (PV) como primeiro vice-presidente, João do Joaninho (DEM) como vice-segundo presidente, Cido Reis (PPS) como primeiro secretário, e Nilton Militão como segundo secretário. A chapa 2, de Ana, trazia Noraldino Junior (PSC) como primeiro vice-presidente, Chico Evangelista (PROS) como segundo vice-presidente, Fiorilo (PDT) como primeiro secretário e André Mariano (PMDB).
Pressão no plenário e bate-boca
Com o plenário do Palácio Barbosa Lima tomado por apoiadores, que se manifestavam com vaias e aplausos a cada voto dito pelos parlamentares, os vereadores iniciaram a votação por ordem alfabética. Ao chamar o vereador Oliveira Tresse (PSC) para expor seu voto, que foi favorável à chapa de Rodrigo, o tumulto começou com gritos de “traidor”, emitido pelo seu correligionário José Emanuel, que acompanhava a votação da plateia. Em seguida, chegou a vez de Castelar manifestar seu voto, que optou pela abstenção. Novamente as palavras do suplente de Noraldino voltaram a ecoar. O petista não se conteve e se levantou da cadeira, iniciando um bate-boca com o futuro colega de legislatura.
Com agressões de cunho verbal e confusão generalizada no plenário, três guardas municipais e nove policiais militares precisaram intervir na briga e apartar as partes. José Emanuel foi retirado do plenário por policiais e Castelar afastado da tribuna por alguns minutos por funcionários da Câmara. Após uma leve calmaria, o petista retornou ao seu lugar, porém, um popular tornou a chamá-lo de traidor, dando início a um novo tumulto. A sessão foi interrompida por dez minutos.
Ana diz a Rodrigo que pode contar com ela
Após o retorno da reunião, Castelar subiu à tribuna para justificar os motivos que teriam causado o tumulto. “Há quatro meses, disse à Ana Rossignoli que tinha simpatia por sua chapa, mas diante do episódio ocorrido contra os professores, a comuniquei que não iria mais conceder o meu voto.” A vereadora Ana aproveitou o espaço para cumprimentar Rodrigo Mattos pela vitória. “Quero parabenizá-lo por este resultado. Rodrigo é um vereador sensato, do bem e sempre busca o diálogo aberto. Este foi o seu momento e conte comigo para o que for necessário”.
Em seguida, Betão subiu à tribuna e classificou o pleito como “uma das maiores farsas eleitorais” já presenciadas por ele, pois foi eleito um presidente no qual ninguém sabia quais eram as propostas, por não ter havido um debate político. Rodrigo, por sua vez, se defendeu dizendo que o pleito não vai deixar cicatrizes entre os oponentes, e que pretende governar em conjunto com todos os legisladores. O futuro presidente ainda destacou que discutirá, junto com Betão, possíveis adequações ao regimento interno da Casa. José Emanuel não foi encontrado na Casa para comentar o episódio.
Ao final da sessão, Gasparette anunciou o fim da votação: a chapa de Rodrigo foi eleita após receber dez votos, concedidos por Cido, Vagner de Oliveira (PR), Isauro Calais (PMN), João do Joaninho, Zé Márcio, Pardal (PTC), Julio Gasparette, Militão, Oliveira Tresse e o próprio Rodrigo. A chapa de Ana, por sua vez, recebeu seis votos: o da própria Ana, André Mariano, Chico Evangelista, Fiorilo, Noraldinho e Antônio Aguiar (PMDB). Além de Castelar, Betão e Jucelio Maria (PSB) também abstiveram do voto.