No último sábado (22), o Tupi conheceu a maior mancha de seus 112 anos de história: o inédito rebaixamento para a Terceira Divisão estadual. Depois da derrota para o Betim por 2 a 0, na Arena Vera Cruz, o clube terminou o Módulo II do Campeonato Mineiro de 2024 na última colocação do Grupo A. Com isso, terá que disputar a Segunda Divisão, conhecida como “Terceirinha”, no ano que vem.
Desde o início do ano, o Galo Carijó deu indícios de que não faria uma boa temporada. O clube anunciou Igor Guerra como treinador, mas, dias depois, ele saiu. Bejaninho, diretor de futebol, também deixou a agremiação. Antes mesmo de a competição começar, outro técnico, Cyro Leães, foi anunciado e também saiu. O mesmo caso aconteceu com o gerente de futebol Marcelo Fidelis, com o coordenador de marketing Jeferson Vitor e com o supervisor Cleudes Barbosa.
A menos de 15 dias da estreia do Módulo II, o Tupi iniciou os treinamentos com o terceiro treinador, Franco Muller – que durou até a sexta rodada do campeonato e deu lugar a Guiba. Alguns reforços chegaram no decorrer do campeonato, mas nenhum teve destaque. Para entender melhor quais foram os percalços clube nesse ano e as projeções para as próximas temporadas, a Tribuna entrevista o presidente do Galo Carijó, Eloísio Pereira, o Tiquinho.
Confira a entrevista:
Tribuna de Minas: Tiquinho, na sua visão, quais foram os motivos para a queda do Tupi? O início de ano turbulento foi um deles?
Tiquinho: Diante da nossa receita, do que podíamos fazer, lutamos para o melhor. Eu assumo toda a responsabilidade, não vou culpar ninguém. Não dá para jogar a culpa nas brigas para trás, nos jogadores ou na comissão. O campeonato foi igual, decidido na última rodada. Peço desculpas e agradeço à torcida que apoiou, assim como nossos parceiros. Estou muito sentido com tudo.
Se você pudesse voltar no início do ano, o que poderia fazer de diferente?
Não começamos bem desde o início, foram muitas promessas, mas não tivemos realidade. Quem teve que sair, foi saindo. Nós temos que erguer a cabeça, procurar os investidores certos. Acredito que fizemos o melhor que a gente podia diante de tudo, lutamos de igual para igual. Só lamento, peço desculpas e ergo a cabeça.
E agora, Tiquinho? Quais são as próximas projeções do clube?
Estamos com o planejamento de montar um sub-20 neste ano e ir procurando investidores para investir no clube.
Esses investimentos que você diz seriam para a SAF do clube, que já foi aprovada pelos sócios?
Isso. Estamos em contato com alguns investidores. Vamos esperar chegar uma proposta formal e analisar direitinho.
Hoje, a dívida do clube gira em torno de quantos milhões?
As dívidas ultrapassam R$ 15 milhões. Por isso, queremos alguém (investidor) que seja o melhor para o Tupi, independente de onde seja. Queremos resgatar a nossa camisa.
Em 2025, o Tupi irá disputar a ‘Terceirinha’, independentemente de ter ou não investidores fortes?
Garanto a participação do Tupi no campeonato desde que eu esteja lá (na presidência). Quero coisas melhores, bons investimentos, para lutarmos sem sufoco. Só Deus sabe o sacrifício que foi para colocar o time em campo este ano. Deixo claro que não fiz nenhuma dívida para o Tupi nesse campeonato. Não tivemos nenhum déficit.
Seu mandato é até o final de 2025. Você pretende cumprir? Quais são seus objetivos?
Cumprirei o mandato. Se for falar com as pessoas que eu lido, só faço coisas de bom. Quero que o Tupi ande, minha luta é incansável, é todo dia. Minha intenção é continuar até o final, não vou abaixar minha cabeça. Fiz tudo que podia. Ano que vem vamos subir de qualquer jeito. Procuraremos parceiros. Tenho certeza que muitos torceram contra, mas as pessoas boas estão comigo.
E o planejamento para 2025 já começa agora? Como está a questão da penhora do Salles?
Ainda estou muito atordoado, quero me concentrar depois (no planejamento). É uma luta todo dia, mas vamos sobreviver. O Salles continua na mesma, é nosso.
E qual recado você dá para a torcida, que apoiou o Tupi a todo momento neste ano e com certeza está chateado com o resultado?
Tenho que lamentar e assumo a responsabilidade. Peço desculpas, assumo o que acontece no Tupi. Agradeço de coração aos amigos, investidores e torcedores, que nos acompanharam na viagem. Foi muita luta, lamento demais.
*Sob supervisão do editor Gabriel Silva