Uma adaptação do já conhecido futmesa, mas realizado dentro de um octógono, com a possibilidade de os jogadores andarem em volta de toda a mesa, que também é específica para a modalidade, com 360 graus. Esse é o foot table, esporte criado em 2020 pelos amigos Marcelo Maciel, Victor Pelae e Gabriel Gubela e praticado nas categorias solo e dupla. A modalidade é praticada em Juiz de Fora desde 2021, com o “Fitmesa”, dos primos Thales e João Pedro Lawall.
Por ser uma atividade diferente dos tradicionais e que tem atraído cada vez mais praticantes, o foot table é a quarta modalidade do “TM Esporte Clube”, quadro da Tribuna de Minas em que a reportagem mostra os mais distintos esportes que podem ser realizados em Juiz de Fora. Até o momento, o paraquedismo, a esgrima e o rapel já tiveram matérias publicadas.
O que é o foot table?
Um dos responsáveis por trazer o foot table para Juiz de Fora e também jogador de competições nacionais do esporte, João Pedro Lawall, o “Pepe”, de 22 anos, detalha os diferenciais da atividade. “É um esporte que junta futevôlei, futmesa e atividade física, com todas as articulações e músculos. É um ‘geralzão’. O foot table é mais dinâmico que o futmesa, gera um maior gasto calórico e foge da parte convencional que estamos acostumados, naquele âmbito de academia”.
O esporte é praticado em uma mesa de oito lados, inserida dentro de um octógono com paredes de vidro de altura pouco maior que 2,5 metros. Na modalidade de duplas, um jogador começa sacando e a outra dupla tem direito a três toques, com a bola precisando pegar na mesa após isso. “É um espaço parecido com o que tem de luta mesmo. O bacana é que, batendo no vidro, você pode dar continuidade ao jogo, pode até ser uma vantagem. Os jogadores também podem ir ao outro lado do adversário, induzir ele a se movimentar e ganhar vantagem. O bacana e o ‘carisma’ é isso, correr por toda a mesa”, frisa Pepe.
Como se destacar?
Para ser um bom jogador de foot table, Pepe entende que o primeiro passo é ter força de vontade para aprender, já que o esporte é novo até mesmo para aqueles que já jogaram futebol ou futsal. “O mínimo que a pessoa precisa ter é a técnica da chapa, peito ou ombro e a cabeça, o fator principal. É importante não só jogar, mas gostar do que estar fazendo”, diz o professor.
Um dos atletas de Juiz de Fora que têm se destacado no foot table é Jonathas Botti, de 19 anos. Filho de Raphael Botti, jogador ex-Vasco e ídolo no Japão, o garoto tem passagens no futebol por times sub-20 do México e Portugal. Ele conta as diferenças do esporte tradicional para a modalidade de mesa. “Precisa ter muita mobilidade e parte física e técnica apuradas. A bola só pode quicar uma vez na mesa, e o ponto só acaba quando bater no chão. Então, é muito dinâmico, com os jogadores forçando o saque e tentando dificultar a recepção do adversário”, fala.
Pepe e Botti irão representar Juiz de Fora no Bope Games, o campeonato brasileiro da modalidade, que irá acontecer em Belo Horizonte, nos dias 21 e 22 de setembro. “Os treinos estão muito intensos. Temos o trabalho funcional, que focamos muito na parte física. Depois, a parte técnica, com aperfeiçoamento do levantamento, saque, os fundamentos mesmo. No fim, o jogo propriamente dito”, conta Botti, sobre um dia de treino. Sua dupla, Pepe, diz que o campeonato terá um nível elevado, mas que quer brigar pelo pódio.
Surgimento do “Fitmesa”
Em 2021, Pepe teve a experiência de jogar futmesa. “Nada com compromisso, foi na mesa de bar mesmo, com meus primos, que me mostraram o jogo. A partir disso, vimos que tinha o que evoluir e que estava em uma crescente. Começamos a treinar mais, buscar as regras e colocar isso como algo profissional. Buscamos pessoas de outros lugares e fomos evoluindo, buscando novos meios para ficarmos melhores”, relembra, sobre o início.
No final do período da pandemia, com condições atípicas e pessoas cada vez mais sedentárias, Pepe e o primo Thales decidiram investir no esporte por quase não ter contato físico e fugir dos convencionais.
“Começamos a dar aula na praça do Bom Pastor, as pessoas foram aderindo à ideia, mas o espaço não era fechado, e, na época de chuva, complicava. Mudamos para Santa Luzia, em um espaço coberto. Fomos buscando novos caminhos até chegarmos ao Centro de Futebol Zico, onde estamos hoje”, recorda.
Segundo o professor, o cenário do esporte em Juiz de Fora ainda tem muito o que evoluir. “Poucas pessoas sabem que existem a modalidade. E todo mundo pode jogar, de qualquer idade ou gênero. Nosso maior público é o feminino, o poder das meninas está grande, elas estão jogando muito bem e procurando cada vez mais a modalidade”, relata.
*Sob supervisão do editor Gabriel Silva