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“Quero ir para as Olimpíadas”: pouco difundida, esgrima é praticada por alunos em Juiz de Fora

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Prática pouco difundida, esgrima tem lugar no Colégio Militar de Juiz de Fora (Foto: Felipe Couri)
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Esporte pouco difundido no Brasil como um todo, mas marca registrada em algumas escolas militares. A esgrima, muito praticada em países como França, Itália, Estados Unidos, Rússia e Hungria, é sinônimo de meta de vida para o juiz-forano Miguel Montella, de apenas 12 anos. Aluno do Colégio Militar de Juiz de Fora, ele tem como inspiração o seu pai, Eduardo Montella, campeão sul-americano da luta de espadas. Mesmo com apenas três meses desde que começou no desporto, o adolescente sonha alto: quer disputar uma Olimpíada no futuro.

A Tribuna esteve no Colégio Militar de Juiz de Fora, na última terça-feira (14), para entender mais sobre as regras e especificidades da esgrima. Essa matéria é a segunda da série denominada “TM Esporte Clube”. Nos próximos meses, a reportagem mostra a prática de diferentes esportes que a cidade possui. Além da matéria no jornal impresso e no site, as reportagens do TM Esporte Clube têm vídeos publicados no Instagram (@tribunademinas). A primeira modalidade mostrada foi a do paraquedismo.

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Esgrima é caro, mas fácil de praticar

No Colégio Militar, os alunos praticam o pentatlo moderno, união de cinco modalidades: hipismo, esgrima, natação, tiro esportivo e corrida. Os treinos acontecem duas vezes por semana e se alternam entre essas modalidades. O responsável é o professor de educação física e primeiro tenente, Fernando César Prudêncio. Ele explica como os treinos são realizados.

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“Primeiro, faço com os alunos um aquecimento com fundamentos técnicos. Tem o recuo, que é o movimento para trás, e a marcha, para frente. O avanço é quando o atleta eleva uma perna na frente para alcançar o adversário, e a flecha é um salto, um pulo para frente em busca de acertar o adversário”. Depois disso, os atletas partem para o “jogo” em si. “Não se fala luta na esgrima”, alerta o instrutor, acrescentando que o objetivo é sempre acertar, com a espada, qualquer parte do corpo do oponente.

A esgrima é dividida em três espécies de disputas diferentes. O Sabre permite ao esgrimista tocar o seu adversário com a ponta ou com a lateral da lâmina na cabeça, tronco e membros superiores, com exceção das mãos. Já na espada – realizada em Juiz de Fora – o atleta só pode golpear com a ponta da arma, em qualquer área do adversário. Por fim, o florete tem como regra os gols de ponta apenas no tronco do adversário. Todas elas estão nos Jogos Olímpicos.

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Questionado se o esporte é fácil de se praticar, o tenente acena positivamente, mas alerta é que é “maçante”, porque há a necessidade de repetir várias vezes os mesmos movimentos. “Tem que ter muita resistência, é muito rápido, vai para frente e para trás de forma intermitente, e sempre na posição de agachamento (já que um dos pés fica posicionado de forma lateral). A partida dura 15 pontos, e cada toque é um. Então demora, é desgastante”, diz Prudêncio. Um duelo entre competidores do mesmo nível, de acordo com ele, dura mais de 30 minutos.

Como ser um bom atleta

Na visão do tenente, para adquirir a alta performance, é necessário ter “astúcia, foco e agilidade, além de um plano estratégico para acertar o adversário”. Segundo ele, qualquer pessoa, independentemente de peso ou idade, pode fazer esgrima. Porém, no Brasil, poucos se destacam. “Não é difundido, com exceção do Exército e escolas militares, por ser um esporte caro. “O material nem vende no Brasil, é importado, fica difícil a aquisição. Podemos dizer que é elitizado, não temos atletas de ponta ainda, somente alguns expoentes”, lamenta.

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Dessa forma, praticamente não há competições em Juiz de Fora. Os alunos de Prudêncio participam dos Jogos da Amizade, que reúne os 16 colégios militares brasileiros. Neste ano, os atletas disputarão os Jogos Regionais, que, desta vez, será realizado na cidade. “Nos campeonatos, ensinamos os valores, como lealdade, dignidade e respeito”, conta.

Pelas Olimpíadas ou por hobby

Reportagem conheceu jovens atletas juiz-foranos da esgrima (Foto: Felipe Couri)

Os juiz-foranos que praticam a modalidade possuem diferentes intuitos nela. Miguel Montella, aluno do 7° ano, quer se tornar um esgrimista profissional. “Uma vez eu vi nas Olimpíadas e gostei bastante. Comecei tem três meses e tenho amado, me impactou de cara, é ótimo”, diz ele, que também já havia praticado futebol e natação no passado.

Apesar de pouco tempo no esporte, o garoto sonha alto e tem inspiração em seu pai, Eduardo Montella, campeão sul-americano de esgrima. “Sinto muita felicidade em estar praticando, busco sempre evoluir minha parte física e habilidades. Quero continuar, e, no futuro, um dia ir para as Olimpíadas”, sonha Montella.

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Já Leticia Lerback, de 13 anos, começou no início do ano passado, inspirada em seguir os passos do meu irmão, que já praticou antes. “Sou boa no atletismo, na natação, e quis tentar esgrima. Gosto da agilidade que precisa, e da lógica, porque precisa pensar, a hora de atacar e defender”.

Com o objetivo de ser jogadora profissional de basquete, Letícia faz esgrima por hobby, mas vê que a briga de espadas ajuda no jogo da bola laranja. “Me traz mobilidade, que é muito importante, assim como rapidez. Luto de igual para igual com os homens, tem diferença no corpo, mas é pouca. Venho por prazer, gosto muito de praticar”, resume.

Destaques brasileiros

No Brasil, dois atletas têm obtidos bons resultados. Na espada, a campeã mundial em 2019, Nathalie Moellhausen, de 38 anos, é, atualmente, a primeira do ranking das Américas e a oitava melhor do mundo. As Olimpíadas de Paris, em junho, será sua terceira. Na última, em Tóquio, ela acabou eliminada na fase inicial.

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Já no florete, Guilherme Toldo, de 32 anos, disputará seu quarto Jogos Olímpicos. Ele tem o melhor resultado da esgrima masculina do Brasil, já que chegou até às quartas de final das Olimpíadas do Rio de Janeiro. Em Tóquio, Toldo perdeu na primeira rodada. O esgrimista já conquistou seis medalhas em Jogos Pan-Americanos (duas pratas e dois bronzes).

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