Carlos Alberto: vizinhos relatam brigas aos gritos e cacos de vidro na piscina
Ex-jogador pode ser expulso do condomínio por conta de reclamações dos vizinhos
O ex-jogador Carlos Alberto é alvo de uma ação judicial que pede, entre outras medidas, a expulsão do condomínio em que ele vive, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. O caso ficou conhecido após um vídeo que consta no processo ter sido divulgado. Nas imagens, Carlos Alberto aparece quebrando retrovisores do carro da ex-namorada no estacionamento do prédio, enquanto ela tenta sair do local. A ação, porém, engloba, ao todo, 52 reclamações de vizinhos. O ex-jogador não atendeu ou retornou para a reportagem do Estadão, mas ironizou o caso nas redes sociais.
Discussões entre o ex-casal e cacos de vidro de garrafas jogadas na piscina são imagens que constam no processo o qual o Estadão teve acesso, entre outras situações apontadas pelos moradores do Condomínio Alphaland Residence Club. Os casos registrados no documento começaram em junho de 2019. É possível observar uma “escalada” nos atos de indisciplina nos últimos anos: um, em 2019; oito, em 2020; 23, em 2021; sete, em 2022; e 12, em 2023.
O apartamento está no nome da empresa Two Stars, que atua com produção de eventos esportivos e tem Carlos Alberto como sócio. A reportagem do Estadão tentou contato com um telefone atribuído à empresa, mas não teve sucesso. Entre as 52 reclamações apontadas pelos vizinhos, 35 são relativas a música alta ou barulho, por vezes com menção a “berros” e “palavrões”. Nos relatos, são descritas “agressões a visitantes, orgias e outras atividades sexuais nas áreas de varanda”.
Há diferentes menções a discussões de Carlos Alberto aos gritos com a ex-namorada em áreas comuns, como foi mostrado no vídeo em que ele quebra o carro. Além disso, três ocorrências referem-se a urina “em locais públicos”, duas delas no corredor do andar no bloco em que mora, e uma na entrada do residencial. Os casos foram apontados por diferentes vizinhos, por porteiros, que já sofreram insultos, e pela administradora do condomínio.
Em um dos e-mails enviado à empresa que administra o local, uma moradora reclamou de uma briga aos gritos protagonizada pelo ex-jogador e sua ex-namorada no corredor. O registro diz que o próprio Carlos Alberto autorizou a entrada dela, que logo deixou o condomínio. Em seguida, ele foi até a guarita, em estado “alterado e falando muitos palavrões”, segundo o documento, reclamar sobre a mulher ter sido liberada e que não era mais para autorizar a sua entrada. Carlos Alberto, ainda aos gritos, alegou que queria privacidade e que, caso a portaria autorizasse a entrada da ex-namorada novamente, “daria tiro dentro do condomínio”. Ao sair da guarita, ele urinou em flores que ficam próximas do portão de entrada do residencial.
Outras situações que os relatos dão conta envolvem o lançamento de garrafas de vidro da varanda em direção à piscina. Além disso, um ato de indisciplina foi a recusa de Carlos Alberto a sair da piscina após o horário de fechamento.
A ação dos moradores, representados pelo escritório Bragança & Feijó, descreve a convivência com Carlos Alberto como uma “efetiva loucura”. O ex-jogador já sofreu a aplicação de uma multa de R$ 20 mil com base no código de conduta do condomínio. Nenhum valor, porém, foi pago. A ação judicial, no âmbito civil, pede que seja aplicada multa de, no mínimo, R$ 10 mil em novos casos de perturbação. Além disso, é considerada a chamada “expulsão” de Carlos Alberto. Neste caso, ele poderia continuar a morar no apartamento, mas estaria vetado de utilizar as áreas comuns do condomínio. No âmbito criminal, ele responde por perturbação de sossego. O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro deferiu em parte o valor da chamada tutela inibitória (multa) determinando R$ 5 mil em caso de novas ocorrências.
Ainda segundo o documento, uma oficial de Justiça foi até o endereço de Carlos Alberto para que ele tomasse ciência da ação, mas ela não foi atendida pelo ex-jogador. Sem isso, não consta, até o momento, uma representação legal dele no processo. Os pedidos da ação têm como base os artigos 42 e 65 da Lei das Contravenções Penais, que envolvem perturbação de trabalho ou sossego e tranquilidade.
O Estadão tentou contato com Carlos Alberto em quatro telefones, citados no protesto, além do número atribuído à empresa proprietária do imóvel, mas não obteve sucesso. Também foi feito contato por um endereço de e-mail, que não teve resposta, e via WhatsApp. Na noite desta segunda-feira, ele compartilhou um post, no Instagram, que diz: “vão errar contigo e ainda te fazer pensar que o errado é você”. Já na madrugada desta quarta-feira, o ex-jogador compartilhou um vídeo publicado por uma vizinha. Nas imagens, ele aparece no que parece ser uma confraternização com um grupo. “Sou muito mal querido no condomínio”, ironizou Carlos Alberto no vídeo.
Essa não é a primeira vez que o ex-jogador se envolve em casos polêmicos e demonstra comportamento violento. Em fevereiro de 2023, ele foi demitido da Band, acusado de agredir um torcedor do Flamengo em um restaurante do qual é sócio na Barra da Tijuca
Aos 39 anos, Carlos Alberto está aposentado desde 2019, quando disputou o Campeonato Carioca pelo Boavista. O meia foi revelado pelo Fluminense, em 2002, e logo foi para o Porto, pelo qual foi campeão da Liga dos Campeões 2003/04. No ano seguinte, ele voltou ao Brasil e foi campeão brasileiro pelo Corinthians, mas logo perdeu espaço na equipe paulista.
Ele teve uma nova passagem pelo Fluminense, sendo campeão da Copa do Brasil, em 2007, e voltou à Europa, para vestir a camisa do Werder Bremen. Sem sucesso, regressou ao Brasil e passou por São Paulo, Botafogo e Vasco. Neste último, viveu novamente um bom momento, sendo uma referência técnica no time campeão da Série B em 2009. Um desentendimento com o então presidente Roberto Dinamite o fez sair do clube.