Capoeirista juiz-forana de 11 anos é referência na modalidade

Alice Lacerda, a “Lola”, já é profissional de alto nível e campeã nacional


Por Vinicius Soares

06/11/2025 às 06h00

Capoeirista juiz-forana de 11 anos se destaca no cenário nacional
Lola (à direita) é uma das promessas da capoeira (Foto: Arquivo pessoal)

A capoeira é mais do que um esporte, é uma manifestação da cultura brasileira. Criada durante o período de escravidão no Brasil, a prática chegou a ser proibida no país até 1937, mas hoje é considerada patrimônio cultural imaterial da humanidade pela Unesco. Quem se destaca nesta modalidade é a juiz-forana Alice Lacerda, conhecida como “Lola”, de apenas 11 anos. Atualmente, a jovem acumula conquistas em seu currículo e já ministra aulas da modalidade.

A trajetória de Lola com a capoeira começou logo cedo, quando ela tinha cerca de 4 anos. Conforme explica seu pai, Roberto Lacerda, a jovem tomou gosto pelo esporte na escola e sempre teve destaque. “O professor dela falou com a gente que ela estava se destacando muito, que era focada, estava gostando e se desenvolvendo. Por isso, ele nos sugeriu tirar ela da escolinha para colocá-la em uma academia”, conta.

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Lola conquistou o vice-campeonato mundial em Brasília (Foto: Arquivo pessoal)

Para quem acompanhou Lola, o dom para a capoeira era nítido. Roberto a acompanhava nos treinamentos e percebia que a jovem tinha uma performance superior em comparação aos capoeiristas da mesma faixa etária. A percepção se transformou em certeza quando ela foi competir pela primeira vez. “Colocamos ela na competição pra ver se gostaria, porque muita criança retrai, não gosta. Ela foi, participou, e voltou encantada. A partir disso, começamos um treino mais específico para campeonatos”, relata o pai.

A mudança no método dos treinamentos foi fundamental para o desenvolvimento de Lola. Rapidamente, a nova preparação rendeu frutos. Aos 9 anos, a capoeirista competiu no Campeonato Mineiro de Capoeira, em Muriaé, e conquistou o segundo lugar. Desde então, os campeonatos são parte da rotina da jovem. “Começamos a levá-la aos campeonatos e ela começou a ganhar cinturão. Em Belo Horizonte, Rio de Janeiro, no Mundial em Brasília, sua primeira participação no Mundial do Volta ao Mundo Bambas. Ela ficou em segundo lugar, entre 69 meninas”, conta.

Profissional de alto rendimento

O desempenho de Lola chamou a atenção do Volta ao Mundo Bambas (VMB), evento que promove lutas de capoeira no Brasil, nos Estados Unidos e na Europa. “Eles contrataram ela em junho como profissional de alto rendimento da equipe. Com isso, ela não ia mais passar por seletivas. A partir dali, ela seria uma das lutadoras oficiais do grupo, e ia participar dos cards principais”, explica Roberto.

Já como integrante do VMB, Lola competiu no VMB 10, em setembro, na cidade de Maricá, no Rio de Janeiro, e foi campeã.

De filha para pai

Ao acompanhar Lola nos treinamentos, Roberto também foi incentivado a começar a lutar capoeira pelos instrutores e por sua esposa. Ele topou, se apaixonou pelo esporte e hoje é professor. O pai também acompanha a filha, apesar de não ser o treinador principal, mas revela que não gosta de treiná-la durante as competições.

“Pai e mãe de lutador sofrem muito. Quando ela está lutando, eu prefiro ser apenas o pai. A gente fica na ansiedade, a gente ‘infarta’, nasce, morre, tudo em uma hora, a gente tem todos os sentimentos. Fica um pouco difícil de orientar ela. Não tem explicação, mas é sofrido”, descreve Roberto.

Futuro promissor

Lola define a capoeira como o amor de sua vida. A partir desse sentimento, a jovem passou a ter o esporte como uma constante na rotina. “Meu desejo é levar a capoeira para o mundo todo. Acho que eu tenho essa possibilidade”, almeja.

Roberto também acredita que o sonho de Lola pode se concretizar. Por ter uma personalidade forte e decidida, o pai entende que a jovem, com disciplina, chegará longe. “Ela já tem um profissionalismo tão grande que hoje ela tem capacidade de dar aulas para crianças da idade dela. Eu até assusto. Nós trabalhamos muito a cabeça dela, pra ir devagar e não se deslumbrar porque a gente também tem que moldar isso. Mas ela é uma menina muito boa, muito profissional. É impressionante o profissionalismo que ela tem com 11 anos”, aponta.

“Eu gosto muito de dar aulas, porque tudo que aprendi, posso passar para os meus amigos, para os meus colegas. Eles estão vivendo a experiência que eu vivi quando era mais nova”, afirma Lola, que também quer ser professora de capoeira.

Tópicos: capoeira

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