Livro que reúne crônicas sobre gols históricos é lançado em Juiz de Fora

Evento de lançamento acontece no Instituto Cultural Tenetehara e é aberto ao público


Por Vinicius Soares

02/10/2025 às 06h00

Dos campos de futebol para a eternidade nas páginas de um livro: essa é a premissa da obra “Aquele gol que eu escrevi”, de autoria do professor de história e filosofia Rogério Arantes. O livro, que já está em pré-venda on-line, será lançado no domingo (5), às 16h, no Instituto Cultural Tenetehara, localizado na Avenida Presidente Costa e Silva, 2.776, Bairro São Pedro, na Cidade Alta. A entrada é gratuita.

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Obra uniu duas das paixões de Rogério: futebol e literatura (Foto: Estela Loth)

Flamenguista, Rogério desenvolveu duas grandes paixões na vida: o futebol e a literatura. Movido por elas, decidiu, no final de 2023, começar a escrever crônicas sobre lances que o marcaram. Em 2024, as transformou em uma newsletter. ”A ideia é partir sempre de um gol que, ou eu tenha visto, ou seja mais famoso, ou tenha a ver com alguma coisa da minha história, da minha vida. Sempre tento trazer algumas memórias, falar um pouco do próprio jogador que fez o gol, ou de memórias da infância, articulando essas coisas”, detalha o professor, explicando o seu processo criativo.

O desejo de Rogério de desenvolver e praticar a escrita também foi determinante para iniciar a produção das crônicas e da newsletter. “Também pelo fato de ser professor, de ter um outro olhar sobre o futebol, quis fazer essa conexão para mostrar que, através do futebol, dá também para a gente pensar numa série de outras coisas e ter esse contato do futebol com a literatura”, afirma.

Com o desenvolvimento da newsletter, Rogério recebeu a sugestão de fazer uma junção das crônicas e contos já produzidos em um livro físico. A ideia veio de PH Gomes, idealizador do projeto “Deriva dos Livros Errantes”, no Rio de Janeiro, e para quem o professor já havia produzido textos para suas coletâneas, um sobre a Copa Libertadores e outro sobre o futebol na década de 1990. Além dele, a artista Livilds também contribuiu para a confecção da obra com a produção da capa. “A gente selecionou alguns textos que tinham sido publicados na newsletter e também tem um texto inédito, que fala sobre um gol do Brasil na Copa de 62, realizada no Chile. Esse foi o processo”, explica.

Escolha dos lances

Rogério conta que a escolha dos gols que seriam contados nos textos foi baseada naqueles que marcaram sua infância, desde quando passou a acompanhar futebol. “Tem um que é de uma final entre Corinthians e Palmeiras, que aconteceu quando eu era pequeno, mas que me lembro dos meus tios, dois corintianos e um palmeirense, que me ensinaram a gostar de futebol. Tem outro do Flamengo, do título brasileiro de 2009, que foi quando comecei a acompanhar mais os jogos. Na época eu estava fazendo o Enem, e no dia do jogo eu tinha que fazer prova, então tem toda uma lembrança dessa época”, lista.

Livro que reúne crônicas sobre gols históricos será lançado no domingo
Obra conta a história de gols que marcaram a vida de Rogério (Foto: Estela Loth)

Um dos gols que foram eternizados no livro foi marcado pelo Brasil no Estádio Nacional de Santiago, durante a Copa do Mundo de 1962, no Chile, ano em que a Seleção conquistou o bicampeonato mundial. No texto, Rogério relaciona o lance ao fato de o local ter sido utilizado pela ditadura chilena, em 1973, para prender e torturar opositores do regime de Augusto Pinochet. O professor considera que trazer o tema para sua obra é fundamental para a valorização da memória.

“Esse texto também é uma forma de deixar extravasar o meu lado professor, principalmente a história, que está sempre associada com a memória. Vejo como um trabalho de resgate, de reconhecimento e de valorização do tanto de marcos, de coisas boas e ruins que foram feitas através do futebol e que às vezes ficam esquecidas e não damos o devido valor”, diz Rogério.

Desenvolvimento da literatura esportiva

No Brasil, país que é conhecido mundialmente como o país do futebol e tem a modalidade como a mais predominante na cultura de sua população, a literatura voltada para o esporte carece de desenvolvimento. Rogério entende que sua obra pode contribuir para valorizar o cenário e ajudar a desenvolvê-lo. “Gosto de enxergar no futebol algo que vai além das quatro linhas, que é um clichê, mas é verdade. O livro pode ser uma porta de acesso para meninas e meninos, pequenos, que às vezes já gostam de futebol, de jogar bola, de se aproximarem da leitura“, analisa.

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