Livro que reúne crônicas sobre gols históricos é lançado em Juiz de Fora
Evento de lançamento acontece no Instituto Cultural Tenetehara e é aberto ao público
Dos campos de futebol para a eternidade nas páginas de um livro: essa é a premissa da obra “Aquele gol que eu escrevi”, de autoria do professor de história e filosofia Rogério Arantes. O livro, que já está em pré-venda on-line, será lançado no domingo (5), às 16h, no Instituto Cultural Tenetehara, localizado na Avenida Presidente Costa e Silva, 2.776, Bairro São Pedro, na Cidade Alta. A entrada é gratuita.

Flamenguista, Rogério desenvolveu duas grandes paixões na vida: o futebol e a literatura. Movido por elas, decidiu, no final de 2023, começar a escrever crônicas sobre lances que o marcaram. Em 2024, as transformou em uma newsletter. ”A ideia é partir sempre de um gol que, ou eu tenha visto, ou seja mais famoso, ou tenha a ver com alguma coisa da minha história, da minha vida. Sempre tento trazer algumas memórias, falar um pouco do próprio jogador que fez o gol, ou de memórias da infância, articulando essas coisas”, detalha o professor, explicando o seu processo criativo.
O desejo de Rogério de desenvolver e praticar a escrita também foi determinante para iniciar a produção das crônicas e da newsletter. “Também pelo fato de ser professor, de ter um outro olhar sobre o futebol, quis fazer essa conexão para mostrar que, através do futebol, dá também para a gente pensar numa série de outras coisas e ter esse contato do futebol com a literatura”, afirma.
Com o desenvolvimento da newsletter, Rogério recebeu a sugestão de fazer uma junção das crônicas e contos já produzidos em um livro físico. A ideia veio de PH Gomes, idealizador do projeto “Deriva dos Livros Errantes”, no Rio de Janeiro, e para quem o professor já havia produzido textos para suas coletâneas, um sobre a Copa Libertadores e outro sobre o futebol na década de 1990. Além dele, a artista Livilds também contribuiu para a confecção da obra com a produção da capa. “A gente selecionou alguns textos que tinham sido publicados na newsletter e também tem um texto inédito, que fala sobre um gol do Brasil na Copa de 62, realizada no Chile. Esse foi o processo”, explica.
Escolha dos lances
Rogério conta que a escolha dos gols que seriam contados nos textos foi baseada naqueles que marcaram sua infância, desde quando passou a acompanhar futebol. “Tem um que é de uma final entre Corinthians e Palmeiras, que aconteceu quando eu era pequeno, mas que me lembro dos meus tios, dois corintianos e um palmeirense, que me ensinaram a gostar de futebol. Tem outro do Flamengo, do título brasileiro de 2009, que foi quando comecei a acompanhar mais os jogos. Na época eu estava fazendo o Enem, e no dia do jogo eu tinha que fazer prova, então tem toda uma lembrança dessa época”, lista.

Um dos gols que foram eternizados no livro foi marcado pelo Brasil no Estádio Nacional de Santiago, durante a Copa do Mundo de 1962, no Chile, ano em que a Seleção conquistou o bicampeonato mundial. No texto, Rogério relaciona o lance ao fato de o local ter sido utilizado pela ditadura chilena, em 1973, para prender e torturar opositores do regime de Augusto Pinochet. O professor considera que trazer o tema para sua obra é fundamental para a valorização da memória.
“Esse texto também é uma forma de deixar extravasar o meu lado professor, principalmente a história, que está sempre associada com a memória. Vejo como um trabalho de resgate, de reconhecimento e de valorização do tanto de marcos, de coisas boas e ruins que foram feitas através do futebol e que às vezes ficam esquecidas e não damos o devido valor”, diz Rogério.
Desenvolvimento da literatura esportiva
No Brasil, país que é conhecido mundialmente como o país do futebol e tem a modalidade como a mais predominante na cultura de sua população, a literatura voltada para o esporte carece de desenvolvimento. Rogério entende que sua obra pode contribuir para valorizar o cenário e ajudar a desenvolvê-lo. “Gosto de enxergar no futebol algo que vai além das quatro linhas, que é um clichê, mas é verdade. O livro pode ser uma porta de acesso para meninas e meninos, pequenos, que às vezes já gostam de futebol, de jogar bola, de se aproximarem da leitura“, analisa.