CadĂȘ os meus centavos? Independente do valor, consumidor tem direito ao troco
Vendedores sĂŁo obrigados por lei a arredondar preço do item em favor do consumidor, ou seja, para o valor mais baixoÂ
Uma estratĂ©gia de marketing utilizada hĂĄ tempos pelo comĂ©rcio Ă© a precificação âquebradaâ, ou seja, nunca o valor inteiro do produto, mas sempre um nĂșmero que dĂĄ a impressĂŁo de ser mais baixo do que realmente Ă©. Exemplo, uma mercadoria que custa R$ 8,99, ou R$ 8,97. Na prĂĄtica, quando o cliente chega no caixa e paga com uma nota de R$ 10, recebe o troco de R$ 1. Mas para onde vĂŁo os centavos que ficaram faltando?Â
De centavo em centavo os grandes estabelecimentos lucram boas quantias ao ano. Conforme estabelece o CĂłdigo de Defesa do Consumidor (CDC), o troco Ă© um direito e pode ser exigido na hora do pagamento, independente do valor. Conforme explica o presidente da ComissĂŁo de Direito do Consumidor da OAB Juiz de Fora, JoĂŁo Paulo Silva de Oliveira, o comprador tem o direito de forçar o cumprimento da lei da oferta. “Fazendo-se do uso da lei, o consumidor pode exigir que a empresa pague o que lhe deve, seja R$ 0,01 ou mais. A empresa Ă© obrigada a fornecer o troco ao consumidor, caso contrĂĄrio, torna-se uma prĂĄtica abusiva.”
Vale troco em bala?
Ainda conforme JoĂŁo, uma prĂĄtica comum nos estabelecimentos Ă© oferecer uma bala ou chiclete no lugar do troco. Afinal, as moedas de R$ 0,01 pararam de ser produzidas hĂĄ 20 anos e Ă© difĂcil encontrar alguma circulando no mercado. “Em uma padaria, por exemplo, onde hĂĄ essa possibilidade, o comerciante pode oferecer, no lugar do troco, uma certa quantidade de balas ou chicletes. No entanto, o consumidor nĂŁo Ă© obrigado a aceitar e pode, da mesma forma, exigir o pagamento em dinheiro.”
Ele ainda destaca os artigos 30 e 39 do CĂłdigo de Defesa do Consumidor, nos quais o cliente nĂŁo pode ficar em posição de desvantagem ao receber o troco. A estratĂ©gia de precificação, em alguns casos, pode atĂ© mesmo ser considerada propaganda enganosa, infringindo outro item do CDC. “Temos que ficar atentos a estas estratĂ©gias de marketing e exigir o troco sempre que for possĂvel. Exigir o troco correto nĂŁo Ă© apenas um direito, mas um dever.”
Arredondar sempre para o valor mais baixo
Sem bala, chiclete, nem moedas de R$ 0,01 disponĂveis no caixa, a solução para o comerciante Ă© arredondar o preço do produto. Esse cĂĄlculo deve ser feito sempre para baixo, ou seja, deverĂĄ ser cobrado o menor valor. Exemplo, se o item estĂĄ precificado em R$ 8,97, e o comerciante nĂŁo tem moedas de R$ 0,01 para oferecer o troco correto, ele terĂĄ que entregar uma moeda de R$ 0,05. “Os consumidores estĂŁo tĂŁo acostumados com isso, que esse R$ 0,01 passa despercebido. Mas Ă© importante que ele saiba que tem o direito de receber esse troco, independente do valor”, finaliza JoĂŁo.