Entrevista – Isabela Freitas, blogueira e escritora


Por MARISA LOURES

30/07/2015 às 07h00- Atualizada 10/09/2015 às 19h10

Isabela Freitas lança hoje em Juiz de Fora seu segundo livro

Isabela Freitas lança hoje em Juiz de Fora seu segundo livro “Não se iluda, não” (Divulgação)

Faz pouco mais de um ano que Isabela Freitas mandou para as prateleiras o primeiro livro, e já são mais de 350 mil exemplares comercializados. “Não se apega, não” (Intrínseca, 256 páginas) caiu no gosto das adolescentes, e a continuação veio logo atrás. Já na primeira semana, “Não se iluda, não” (Intrínseca, 272 páginas), que será lançado em Juiz de Fora nesta quinta-feira, às 19h, no Independência Shopping , encabeça os mais vendidos na lista de autoajuda e esoterismo da revista “Veja”. “Fiz o primeiro lançamento em Juiz de Fora, e foram mais ou menos umas 250 pessoas. Tinha muita gente que era família e amigos, então não deu para ter o termômetro do sucesso. Depois de dois meses, fui para o Nordeste divulgar o livro. A primeira cidade que eu visitei foi Recife. Quando eu vi que tinha umas 500 pessoas para me ver na livraria gritando enlouquecidamente, eu disse: “Gente, está acontecendo alguma coisa.” Foi aí que percebi que era um sucesso enorme”, conta a autora.

Nesta nova publicação, Isabela – não a autora, mas a protagonista dessa história – vai em busca daquilo que seu coração realmente deseja. Aos 24 anos, a também blogueira juiz-forana sabe que descobriu o segredo para se comunicar com o público adolescente. “O livro tem uma conversa muito direta, muito fácil. É como se você estivesse conversando com uma amiga. Não é aquele livro pesado em que você tem que ficar pensando para ler. A pessoa embala na leitura e se sente amiga da autora.” A conversa por telefone na tarde da última terça-feira vai ao ar neste sábado, às 10h30, no quadro “Sala de leitura”, da Rádio CBN Juiz de Fora (AM, frequência 1010), com reprise na segunda, às 14h30.

Tribuna – A Isabela que conversa com a Tribuna hoje é a mesma de antes do sucesso de vendas?

Isabela Freitas – Na vida pessoal, não mudou muita coisa, continuo a mesma pessoa de antes. Já na profissional, mudou muito, minha vida está muito corrida. Tenho pouquíssimo tempo para ver minha família, vou lá dois dias e viajo de novo. Fiquei mais responsável, tive que crescer, virar adulta mesmo.

– Como nasceu o título desse segundo livro?

– Pensei, para o segundo, vamos mudar só o verbo. Aí fui escrevendo e, ao longo da história, vi que a Isabela personagem estava se iludindo com várias situações. É “Não se iluda, não”, porque ela precisa aprender isso agora. Eu já deixei o primeiro em aberto, porque eu sabia que iria querer escrever uma continuação.

– No seu Facebook, você comemora a venda de 11.077 exemplares do segundo livro, em uma semana, e a presença do número sete. É seu número da sorte?

– Meu nome é Isabela Ribeiro Freitas, todas as partes do meu nome tem sete letras. Desde pequena, sempre fui muito fissurada no número sete. Nasci no dia 8 de dezembro, e eu ficava reclamando com minha mãe que eu tinha que ter nascido no dia 7. E tudo o que era marcante na minha vida sempre tinha um sete ali. Este ano fiz uma tatuagem pequenininha com o número sete, teve esse lance do número 11.077 e, segundo a numerologia, se você somar todos os números dos exemplares vendidos, dá sete também no final. Faz algum sentido esse número na minha vida.

– Você é uma garota de 24 anos que dá conselhos amorosos para os leitores. Quando e como você descobriu que podia dar conselhos?

– Para você dar conselho para alguém, não precisa ter tanta bagagem. Só precisa ter paciência, gostar de escutar outra pessoa e querer ajudar. É isso o que eu falo para todo mundo. Não quer dizer que o meu conselho esteja certo, só estou dando uma palavra amiga. Estou escutando o problema e dando minha opinião. Muitas pessoas não fazem nem isso. Desde pequena, gostava de escutar minhas amigas.

– Você precisa de inspiração para escrever?

– Eu preciso. Às vezes, me dá alguns apagões e digo: “Gente, meu Deus, estou agarrada nesse capítulo. O que eu faço?”. Aí escuto uma música, assisto a um seriado, a um filme, uma coisa que abre a mente mesmo. Não que eu vá escrever sobre o tema da música. Qualquer forma de arte inspira um pouco a gente.

– A Isabela do livro é você?

– Todo autor coloca um pouco de si no livro. Meu problema é que eu coloquei meu nome na personagem principal, então ficou aquela coisa muito associada. Eu falo com as pessoas que não tem muito de mim só na Isabela, tem um pouco de mim nos outros personagens também. Coloco bastante coisa que eu já vi e vivi e tento passar aquilo de uma forma como uma amiga passa.

– Ser um fenômeno de vendas faz com que você se sinta pressionada a publicar mais e mais?

– Já existia isso antes, porque eu sou uma pessoa que me cobro muito. Sou muito perfeccionista, chata. Quando lancei meu primeiro livro, eu já tinha escrito um outro antes e descartei. A editora falou que tudo bem, que adiaria mais um pouquinho. Na época do lançamento do “Não se apega, não”, eu falei “Pai, já pensou se a gente não vende? Meu Deus, vou ter que comprar todos os livros da livraria. Vai que ninguém gosta.” Aí todo mundo gostou. No segundo, eu fico da mesma forma. As pessoas também cobram aquele padrão. Dá aquele medo, aquela insegurança, mas é legal quando é correspondido.

– Como escritora de livros para adolescentes, você acredita que consegue respeito do meio literário?

– As pessoas gostam de julgar: “Ah, é literatura para adolescentes, eu não gosto” e cita exemplos clássicos. Livro incentiva a leitura, incentiva a cultura, então não tem porque dividir. Adoro ler livros para crianças, por exemplo. Existe aquele julgamento, mas tem muita gente reconhecendo, não só os jovens, mas gente muito mais velha. Tem professoras que aplicam meu livro dentro de sala. Isso compensa os críticas, que são 10%.

Os comentários nas postagens e os conteúdos dos colunistas não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é exclusiva dos autores das mensagens. A Tribuna reserva-se o direito de excluir comentários que contenham insultos e ameaças a seus jornalistas, bem como xingamentos, injúrias e agressões a terceiros. Mensagens de conteúdo homofóbico, racista, xenofóbico e que propaguem discursos de ódio e/ou informações falsas também não serão toleradas. A infração reiterada da política de comunicação da Tribuna levará à exclusão permanente do responsável pelos comentários.