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Cartas a JF: o que os prédios testemunham

hyrlla cartas a JF destacada
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Cara Juiz de Fora
(e mais ainda quem vive por aqui),

Da próxima vez que for ao calçadão, te convido a olhar pra cima.

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Convido você a silenciar a rua e a escutar os prédios.

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Além do horizonte cheio de gente e sacolas.

Além das fachadas das lojas de sapatos, roupas e farmácias.

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Há uma história contada por tijolo, cimento e tinta.

Se os prédios do calçadão falassem, contariam as histórias que assistem do alto dia após dia. Ano após ano.

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Falariam dos chapéus e moças bonitas que ali passaram em sua juventude.

Contariam em linhas e curvas dos filmes assistidos em cada um de seus cinemas de rua.

Trariam de volta os tempos de Manchester Mineira, da alta sociedade e de seus elegantes moradores.

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Versariam sobre os antigos bondes.

Relatariam as brigas e mãos dadas dos casais apaixonados.

Dos chopes, festas e encontros cheios de música na rua.

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Contariam os tantos encontros espontâneos, compras apressadas de fim de ano e todo o falatório e histórias compartilhadas em sua calçada, em meio aos passos de tanta gente.

Das belas sacadas, acompanham histórias de todo tipo – de gente daqui e de fora.

Acolhem em suas marquises todos aqueles que precisam de abrigo.

Oferecem atalhos por entre o labirinto de galerias para quem tem pressa.

E uma pausa entre cafés e lanchonetes a quem precisa.

Trariam festivos as memórias dos tantos carnavais que já viveram e de todos os blocos que ecoaram em suas estruturas.

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E não deixariam de lembrar também das manifestações, comícios e vésperas de eleições em que foram espalhados santinhos, folhetos e promessas.

Todos os dias, milhares de pessoas passam pela antiga rua Califórnia, com seus objetivos, vontades e missões. Passam e nem percebem as tantas fachadas que se alteram, permanecem, mas seguem observando cada pedestre.

Não percebem o painel do Portinari, não admiram a beleza do Central e não sentem compaixão pelos maus tratos do antigo Cine Palace.

Da próxima vez que passar pelo calçadão, atravesse com calma. Repare bem na rua que nasceu para unificar e permanecer como o lugar onde tudo acontece e todos se encontram.

Hyrlla Thomé
Jornalista e mestranda

 

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