Filme sobre a cantora Maria Alcina é filmado em cidade mineira
‘Alegria Brasil’ é o novo filme de Elizabete Martins Campos, diretora de “My name is now, Elza Soares’

“Alegria Brasil” é o novo filme da diretora Elizabete Martins Campos, que homenageia a cantora mineira Maria Alcina, nascida em Cataguases, onde ocorrem as gravações. De acordo com a produção, a obra é um ensaio fílmico sobre a identidade brasileira, inspirado na vida e obra da cantora com mais de 50 anos de carreira, cuja história é produzida em um modelo de documentário e cinema expandido, com instalações artísticas e experiências interativas. Com previsão de lançamento para o segundo semestre de 2026, a trilha sonora é composta por cerca de 35 músicas, entre composições inéditas feitas para o projeto e grandes clássicos da MPB.
Maria Alcina é popularmente conhecida por sua voz mais grave e forte presença de palco. Com um repertório que varia entre o samba e a MPB, a cantora ganhou notoriedade nacional pela sua participação no Festival Internacional da Canção de 1972, por meio da música “Fio Maravilha” de Jorge Ben. Com passagens por atividades atreladas a escolas de samba e ao futebol, a artista também esteve presente em programas como a “Discoteca do Chacrinha” e “Qual é a música?”.
Símbolo de alegria e humor
Após as gravações de”My name is now, Elza Soares” (2019), premiado no Grande Prêmio de Cinema Brasileiro no mesmo ano de lançamento, e do curta “Na parede da memória, Elis Regina” (2022), Elizabete relata que buscava uma mineira para estrelar em seus projetos. “Ela representa o oposto do estereótipo mineiro careta e quadrado. É explosão, cor, alegria, leveza. Ela representa liberdade e irreverência e, depois da pandemia, senti uma necessidade muito grande de trabalhar a alegria e o humor no cinema. Estávamos todos muito pesados, e eu queria fazer um filme que tivesse esse caráter de cura. A Maria Alcina oferece exatamente isso”, argumenta a diretora.
Conforme a estrela do filme, o que mais a emocionou na proposta, além do convite em si, foi a luta que Elizabete Martins enfrentou para conseguir que o projeto tivesse continuidade. Alcina relata que tem sido um processo emocionante, com resultados espetaculares.

“A alegria sempre foi um temperamento que busquei ter na vida pessoal e também na profissional. Essa alegria vem de estar junto com o público, no momento do show, nas conquistas e nessa constatação do positivismo na minha vida particular, que sempre abrange a profissional. Sempre tenho esse tom da alegria, da felicidade de estar dando tudo certo ali. Então, o título da obra busca traduzir isso”, defende a cantora.
Elizabete diz que toda a gravação foi praticamente um carnaval, com muita música, purpurina e alegria. Ela revela que mesmo com a limitação financeira, encontraram soluções criativas que enriqueceram o trabalho. Para ela, Maria Alcina se entregou de corpo e alma, o que rendeu momentos mágicos, como a cantora improvisando músicas em um piano abandonado, tocando violão à beira de uma lagoa e cantando junto com os sons da natureza.
“‘Alegria Brasil’ é um convite para rir, dançar e cantar junto. São 35 músicas: clássicos de Caetano, Chico, Ary Barroso, Luiz Gonzaga, Zeca Baleiro, além de inéditas de compositores da Zona da Mata. É um filme alto-astral, de humor, mas também de cura. Quero que o público relaxe, se entregue e saia transformado pela arte”, adianta Elizabete, que estuda o trabalho de Maria Alcina desde 2019.
Um repertório e produção únicas
O material do filme foi gravado nas últimas três semanas de agosto de 2025, após seis meses de pré-produção e mais de cinco anos de pesquisa. Definido como um processo intenso pela direção, a equipe, composta por mais de 30 pessoas, reuniu profissionais locais e de outros estados do país. Filmado em Cataguases, Elizabete destaca a participação direta da comunidade e artistas da região, reforçando o vínculo da cantora com sua cidade natal. Atualmente, o filme está em fase de montagem.
“Eu espero que o público perceba a diversidade do meu repertório. As músicas foram muito bem escolhidas, e eu tenho um repertório grande, diverso. Minha carreira nunca obedeceu a uma lógica de mídia mais abrangente, pela própria forma como eu sempre levei meu trabalho. Mas eu não paro de trabalhar, não paro de produzir, de estar em contato com músicos e compositores, não paro de gravar. Acho que no filme isso vai ser uma revelação para o público”,afirma Maria Alcina.

Conforme a produção, o repertório foi escolhido com muito cuidado, inclusive com músicas inéditas, arranjadas pelo maestro Yuri Queiroga. Além disso, houve um concurso de música na Zona da Mata, e entraram canções instrumentais e também músicas cantadas, com letras.
Quanto à produção, a cantora agradece por todo o trabalho da equipe e da direção. “Gosto muito de como ela [Elizabete] projeta as imagens, a sonoridade, principalmente o olhar que ela tem sobre a imagem. É uma visão onírica, poética, e isso é muito bonito”, elogia. “Estou muito feliz de ter um filme da minha vida projetado por ela. Vai ser uma coisa fantástica, porque ela tem mesmo esse talento, um talento fantástico.”
Para os artistas que querem seguir carreira, Maria Alcina aconselha:”Se você sente que tem o dom da arte, para qualquer expressão artística, siga a sua intuição. Projete a sua intuição, ouça a sua intuição e siga. Invista, trabalhe, e naturalmente tudo o que você projeta e trabalha em torno aparece. Esse foi o meu caminho. Cheguei até aqui sempre pensando em melhorar a cada dia e de cada trabalho retiro resultados maravilhosos, sempre projetando a continuidade. Isso é muito importante, porque todo trabalho abre portas.”
*Estagiária sob supervisão da editora Gracielle Nocelli