JĂșlia Horta fala sobre preparativos para o Miss Universo
Miss Brasil visita sua Juiz de Fora pela Ășltima vez antes de concorrer ao Miss Universo, no dia 8 de dezembro
O mundo tem se encontrado, harmonicamente, num grupo de WhatsApp. JĂșlia Horta Ă© uma das mais antigas. Miss Brasil eleita em março deste ano, foi uma das primeiras a chegar ao grupo formado pelas candidatas a Miss Universo, concurso que acontece no prĂłximo dia 8, em Atlanta, nos Estados Unidos. Na rede social, conta a juiz-forana, as candidatas trocam informaçÔes. Algumas se identificam com o que JĂșlia diz e mandam mensagens diretas. A Miss Filipinas jĂĄ citou a brasileira numa entrevista, e JĂșlia agradeceu o gesto por mensagem. A Miss Angola, com quem, certamente, dividirĂĄ o quarto, tambĂ©m estĂĄ entre as concorrentes com quem mantĂ©m familiaridade. Falou da Miss ColĂŽmbia em entrevista, que retornou tambĂ©m com elogios. A Miss BolĂvia disse se identificar. Enquanto o universo assiste muros serem erguidos, as mais belas mulheres do mundo praticam o convĂvio pacĂfico. “Acredito que os concursos de beleza sĂŁo uma plataforma bacana para isso. A conexĂŁo que a gente cria entre os paĂses, nĂłs, que somos mulheres, porta-vozes, podemos representar o respeito, a empatia, a irmandade. Isso acontece muito, principalmente entre as latinas”, observa a miss, negando a existĂȘncia de postagens polĂticas no grupo. Ainda. “Acredito que durante o confinamento a gente deva conversar sobre isso, sim.”
De passagem por sua Juiz de Fora natal pela Ășltima vez antes de embarcar para Atlanta no prĂłximo dia 27, JĂșlia Horta visitou o Museu Mariano ProcĂłpio na tarde de segunda-feira (11), tirou fotos e deu uma coletiva para a imprensa. SerĂŁo dez dias de confinamento para o maior concurso de beleza do mundo, com prova de entrevista e trajes tĂpico, preliminar de trajes de banho e de gala e ensaios. Os vestidos, para a preliminar e para a noite da final, que terĂĄ transmissĂŁo pela Fox, estĂĄ sendo finalizado por um estilista cujo nome ainda permanece em segredo. O que a miss nĂŁo esconde Ă© a emoção. “Comecei essa trajetĂłria querendo conhecer a JĂșlia melhor. Eu jĂĄ buscava autoconhecimento e participava de concursos de beleza antes, mas era uma menina que acreditava que tinha que me encaixar em algum padrĂŁo. Eu me descobri. Quando ganhei, decidi que queria transmitir uma mensagem para o mundo, de respeito, de empatia e de diversidade. Isso me fez conhecer muitas pessoas diferentes de mim. Foi, sem dĂșvida, o ano que mais aprendi na minha vida. Conversar com pessoas que vĂȘm de lugares diferentes do seu, que passaram por coisas diferentes que vocĂȘ, abre sua cabeça. Aprendi a me reconhecer como mulher que Ă© privilegiada e aprendi que posso usar esse meu privilĂ©gio para apoiar pessoas que talvez nĂŁo tiveram as mesmas oportunidades que eu. Isso Ă© o que tenho buscado como Miss Brasil e o que quero fazer em nĂvel internacional como Miss Universo”, aponta, tĂŁo segura quanto delicada.
Com uma plataforma muito bem definida para a promoção e valorização da mulher, JĂșlia tem se mostrado uma miss enfĂĄtica. Sem perder a ternura, contudo. “AtĂ© hoje as pessoas me identificam como uma miss que luta pela causa feminista e fico muito feliz. Isso sempre foi uma coisa que eu defendi muito na vida. Quando me descobri como JĂșlia e como mulher forte e empoderada, isso gritou mais ainda dentro de mim. Quero defender as mulheres e quero que elas entendam o quanto sĂŁo incrĂveis. E que quando vocĂȘ descobre que Ă© incrĂvel passa a olhar com admiração para as outras tambĂ©m. Falo muito que nĂŁo adianta a gente lutar pelo feminismo se quando uma mulher falar algo a primeira a apontar o dedo Ă© outra mulher. Precisamos estar juntas, porque, afinal, nos entendemos. Luto nĂŁo sĂł pelo feminismo, mas pelo apoio entre as mulheres”, diz.
‘Mudou tudo’
Ao vencer o Miss Brasil, JĂșlia Horta mudou-se para SĂŁo Paulo. Mas nĂŁo sĂł isso mudou. “Mudou tudo. Minha famĂlia nĂŁo consegue ir para lĂĄ. Meus pais sĂŁo professores, e a rotina Ă© agitada. Tenho dois irmĂŁos menores. Vejo minha famĂlia uma vez por mĂȘs, e isso no começo foi um desafio para mim. Eu dividia quarto com a minha irmĂŁ, sou muito ligada Ă famĂlia. Isso tambĂ©m me fez crescer muito. Parece que saĂ da minha caixinha. Juntando com o fato de que eu estava buscando autoconhecimento, foi uma excelente oportunidade de conviver comigo mesma. E entender o valor que eles tĂȘm para mim. Eu jĂĄ valoriza famĂlia, tudo o que sei vem deles, mas hoje percebe que nĂŁo hĂĄ nada mais importante que isso”, avalia ela, aos 25 anos. “Faço muita questĂŁo de valorizar Juiz de Fora”, observa, dizendo frequentar os mesmo lugares, encontrar os mesmos amigos e valorizar as marcas que impulsionaram sua carreira. “Ă o que me lembra quem realmente sou.” Quem tambĂ©m lembra as raĂzes sĂŁo PatrĂcia e Eduardo, os pais. Na memĂłria da mĂŁe, JĂșlia tinha apenas 9 anos quando participou de seu primeiro curso de modelo. Aos 15, pediu novamente, e os pais apoiaram, como sempre. A menina, entĂŁo, fez desfiles, fotos e pequenas campanhas. Naquele perĂodo, numa sexta-feira, uma pessoa sugeriu a PatrĂcia que levasse a filha no concurso global Garota FantĂĄstica, que aconteceria no dia seguinte, em Belo Horizonte. Poderia esperar para ir para a etapa no Rio de Janeiro, mas JĂșlia preferiu a capital mais distante, por ser mineira. “Fomos, ela era novinha e ficou entre as finalistas”, lembra PatrĂcia.
“Ela sempre foi da comunicação. A caracterĂstica principal dela Ă© a voz, a vontade de falar”, avalia a mĂŁe, PatrĂcia Maia. O pai recorda-se do perĂodo em que a filha integrou o grupo de Contadores de HistĂłrias do Granbery, que tirou-lhe a inibição para falar. “Ela tem muita convicção, e isso facilita para que ela se comunique de forma tĂŁo fĂĄcil”, acrescenta Eduardo Horta, que passou a conhecer melhor e a admirar os concursos de beleza. “NĂŁo Ă© sĂł o fato de ser bonita, tem uma preparação para beleza, em termos de postura, alimentação, atividade fĂsica, conhecimentos gerais. A JĂșlia estudou inglĂȘs a vida toda, mas a partir do momento em que se envolveu com o mundo Miss, o desenvolvimento foi muito rĂĄpido em função da dedicação dela.
Ă muito centrada e muito carinhosa”, elogia o pai. O que ela tem de vocĂȘs?, pergunto ao casal de olhos brilhantes como a pesada coroa de JĂșlia. “Ela Ă© meio esquentada. Acho que nisso ela me puxou”, ri o pai. “Ă determinada, focada, como o pai. Como eu, o que vocĂȘ acha que ela tem de mim?”, pergunta a mĂŁe. “A beleza”, responde o pai. E o casal ri. “A parte do projeto social acho que ela puxou de mim. Fui catequista numa Ă©poca e levava os jovens para os projetos sociais”, afirma PatrĂcia, apontando para o projeto social da filha, o Voz Ativa. “Ela tem uma capacidade de trabalho muito grande. Consegue se envolver com vĂĄrias coisas ao mesmo tempo e dar conta de tudo. A JĂșlia tem essa mesma determinação”, acrescenta Eduardo. JĂșlia confirma: “Estou indo para o maior concurso de beleza do mundo, e muita gente acha que estou pressionada, com medo ou nervosa, mas, na verdade, estou grata. Estou feliz. Ă a maior experiĂȘncia que vou ter de poder falar para o maior nĂșmero de pessoas, o que Ă© o meu sonho. Vou chegar lĂĄ e aproveitar.”