Poeta Maria Lúcia Alvim morre em JF, vítima de Covid, aos 88 anos
Natural de Araxá, Maria Lúcia vivia na cidade desde 2011 e passou seus últimos anos em uma residência terapêutica
A poeta Maria Lúcia Alvim morreu, aos 88 anos, nesta quarta-feira (3), no Hospital Albert Sabin, em Juiz de Fora, após sofrer uma parada cardiorrespiratória por complicações derivadas da Covid-19. Natural de Araxá, Maria Lúcia vivia em Juiz de Fora desde 2011, após morar por anos no Rio de Janeiro e ter passado uma temporada em uma fazenda no interior de Minas. A escritora estava internada desde 18 de janeiro. No período, Maria Lúcia passou uma semana no quarto, outra na unidade de terapia intensiva (UTI), quando, então, foi intubada. Não há informações sobre o velório.
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A pessoa mais próxima de Maria Lúcia durante os anos de vida em Juiz de Fora foi a amiga Luciana Oliveira Dias, a quem conhecia há 12 anos. A poeta contraiu o coronavírus na residência terapêutica onde residia, diz Luciana. “Por ironia do destino, não só ela como outros idosos e até mesmo colaboradores contraíram Covid-19. Ela não estava sintomática. Após um dos idosos ter o diagnóstico, a residência então testou os demais, quando foi atestado que Maria Lúcia também estava contaminada.”
De acordo com Luciana, a poeta não tinha complicação alguma de saúde. “Se não fosse a Covid-19, talvez ela ainda estivesse aqui. Ela não tinha problemas de saúde, apenas aqueles naturais da idade. Vim ao lado de Maria Lúcia na ambulância e ela estava lúcida, conversando naturalmente. Estava prestando contas de tudo. Não estava sentindo nada. Ela não queria ser internada, pedia que eu a levasse para a minha casa. A única coisa que ela me dizia era que não entendia o porquê estava sendo internada, o que os médicos estavam falando, porque ela não sentia nada.”
A relação de ambas era muito forte, conta Luciana. “Na residência, ela tinha a assistência dos cuidadores. Mas tudo de Maria Lúcia éramos ela e eu. Ela foi uma pessoa muito importante para a minha vida, tínhamos uma ligação muito forte. Quando foi internada, pedia sempre para eu segurar a sua mão. Nos últimos dias, não fiquei acompanhando no hospital, porque, conversando com o irmão da Maria Lúcia, achamos melhor que eu ficasse em casa, mas sempre falávamos por videochamadas. Estou me sentindo desolada, vazia. Eu tinha esperanças de que ela se recuperaria.”
Em agosto último, a poeta concedeu entrevista exclusiva à Tribuna após lançar “Batendo pasto” (Editora Relicário, 136 páginas), seu último livro, o primeiro em 40 anos. Na ocasião, Maria Lúcia disse que, naquele momento, tinha apenas Luciana, a quem se referiu como uma pessoa maravilhosa. “(…) Agora já estou muito velha para tomar as decisões definitivas, que estão sendo tomadas pela Luciana, pelo Humberto, meu sobrinho, que vai ser o dono da minha obra.” Maria Lúcia tem dois irmãos, ambos poetas, sendo um deles o reverenciado Francisco Alvim.