Exposição feita com resíduos do cotidiano é inaugurada em Juiz de Fora
‘4 cantos da COR, 4 contos da DOR’, do artista Cipriano, tem exibição a partir do dia 2 de outubro

A exposição “4 cantos da COR, 4 contos da DOR” é inaugurada nesta quinta-feira (2), no Espaço Manufato, em Juiz de Fora, reunindo trabalhos produzidos por Cristiano Rodrigues, conhecido artisticamente como Cipriano, nos últimos dez anos. Esta é a terceira mostra individual do artista, produtor e professor, que tem focado em criações com uso de resíduos do cotidiano para suporte artístico. A entrada é gratuita, e as visitas podem ser realizadas de segunda a sexta-feira, das 15h às 20h, até o dia 31 de outubro.
No ano de 2014, Cipriano estreou no Centro Cultural Bernardo Mascarenhas (CCBM) com a exposição “Máquinas de ver”, que já continha materiais e resíduos, com instalações, objetos e painéis. Já em 2018, a exposição de mantos intitulada “Mantos para ser Deus” foi exposta no Espaço Experimental Casa Vinteum. A nova proposta do artista, que reúne painéis, quadros e objetos, resultou no surgimento de quatro modalidades de utilização das cores primárias, criando as sessões de “4 cantos da COR, 4 contos da DOR”.
Os 4 cantos
Cipriano dividiu sua exposição em quatro partes, sendo a primeira intitulada “Mantos para ser Deus”, com explícita inspiração em obra do artista Arthur Bispo do Rosário. Conforme o expositor, essa parte busca ressignificar a ideia de sacralização do vestir e a temporalidade dos materiais. Feitos a partir da re-utilização de filtros absorventes de café, ele relata que as obras tendem a um desejo de se tornarem esculturas, que é frustrado pela resistência do material e a contínua ação do tempo. As construções dessa parte unem vestes, batinas, patuás, parangolés, mantos e mantas.
A segunda parte da exposição de Cipriano é intitulada “Essa gente de bico”, no qual os painéis são compostos de várias partes que, ao se juntarem, formam uma fauna habitada por sons de cantos e bicadas. Assim, ele informa que por meio do conjunto de papéis de embalagens, o som dos pássaros inspiram a tentativa de muralizar cabeças e bicos de diferentes espécies.

Já o terceiro canto da exposição, chama-se “PositivePeople”, com obras construídas por meio de receitas de antiretrovirais. Conforme o artista, elas retratam as pessoas marcadas pelo estigma de viverem com HIV, que abandonam as caixas e as receitas das medicações no lixo da farmácia. Por fim, a quarta parte denominada “Gretas da janela” retrata, segundo Cipriano, a curiosidade de mirar uma greta entreaberta, que recorta o mundo e cria a ilusão de imaginarmos o todo. Nesse sentido, elas procuram inventar uma mirada interna de cores, natureza, homem e bicho em camadas de relato autobiográfico, anotações, rabiscos, desenhos, impressões e luz.
* Estagiária sob supervisão da editora Gracielle Nocelli
Serviço
“4 cantos da COR, 4 contos da DOR”
Data: entre os dias 2 e 31 de outubro
Horário: 15h às 20h (segunda a sexta-feira)
Local: Espaço Manufato (Rua Fonseca Hermes 36|301 – Centro)
Entrada franca
Classificação livre