Floração de ipês roxos chama a atenção pelas ruas de JF
Praça do Riachuelo, Santa Casa e Rua Padre de Nóbrega, no Paineiras, são alguns dos pontos floridos da cidade
Não precisa ter olhar tão atento para perceber que o tom rosado das flores dos ipês roxos já começou a despontar entre as paisagens urbanas. Quem fica retido, mesmo que por pouco tempo, no semáforo próximo da Praça do Riachuelo, ou passa em frente à Santa Casa, ou caminha pela Rua Padre de Nóbrega, no Bairro Paineiras, já teve oportunidade de ver as árvores carregadas de flores.
O professor de fisiologia vegetal do Departamento de Botânica da UFJF, Paulo Henrique Pereira Peixoto, explica que a floração está relacionada ao período do ano. “O outono e o inverno trazem um dia com duração mais curta, com maior presença de temperaturas mais baixas. Quando juntamos essas duas informações, reforça a capacidade de produção de flores e culmine e concentre a floração.”
A engenheira florestal da Secretaria de Meio Ambiente, Ana Maria Brandão Mendes, explica o ciclo da floração das várias espécies existentes. “O primeiro a florescer é o ipê roxo. Apesar de as flores apresentarem coloração rosa, essa espécie é o roxo. As pessoas confundem porque lembram da quaresmeira, que tem um tom roxo bem forte. Depois dele, vem o ipê amarelo, seguido do branco e o rosa, que são os últimos.”
Para ajudar na preservação da espécie, Ana Maria diz que as pessoas devem estar conscientes de que as árvores são organismos vivos. “Muitas pessoas solicitam o corte dos ipês, porque estão cansadas de varrer folhas, flores, frutos e sementes que caem. Então, a árvore produziria ‘sujeira’. Mas entendemos que sujeira é o resíduo produzido pelo homem. Precisamos aprender a respeitar, apreciar e aprender a conviver com elas”, orienta.
Outra conduta aconselhada pela engenheira é que as pessoas não preguem placas, cartazes e outros materiais nas árvores, assim como não danifiquem a casca escrevendo nomes e frases, nem pintem o tronco com cal. Da mesma forma, não devem reformar calçadas jogando cimento sobre as raízes das árvores. “Existe um espaço sem pavimentação em volta, chamado de gola, para ter aeração do solo e infiltração da água. Quando as árvores crescem, a raiz quebra o asfalto para respirar, quando isso acontece, uma nova gola precisa ser feita.”
Potencial ornamental
O professor Paulo Henrique destaca o potencial ornamental da planta e a variação de espécie na cidade, além da capacidade de adaptação. “Não temos muitos exemplares de grande porte. São árvores de madeira boa, madeira de lei, então duram muito tempo. É uma das árvores mais adaptadas, primeiro, porque é nativa da região do Cerrado e da Mata Atlântica, tanto que florescem até mesmo fora da época. Isso faz com que se adaptem até mesmo ao ambiente não natural, como ruas e calçadas.”
“O ipê é a espécie símbolo do Brasil, não o pau-brasil, como muitas pessoas acham que é. É interessante lembrar que a diversificação é sempre melhor do que a uniformidade. O ipê pode e deve estar associado a outras espécies ornamentais, de forma a melhorar o visual, aumentando a diversidade”, pontua. De acordo com o professor, o fato de ser uma planta nativa faz com que não apresente a possibilidade de riscos, como trazer doenças e pragas, algo que pode acontecer com plantas não nativas.
De acordo com a Secretaria de Meio Ambiente (SMA), o acompanhamento dos ipês é feito por engenheiros florestais. Em abril, nas margens da Avenida Brasil, foram plantadas 120 árvores nativas da Mata Atlântica, dentre elas diversas espécies de ipês.