Erva-de-passarinho ameaça árvores
Espécies afetadas apresentam folhas amareladas
Falhas na manutenção de árvores da região central de Juiz de Fora têm chamado atenção da população e de especialistas. Muitas espécies, em diferentes localidades, estão cobertas por erva-de-passarinho, um tipo de hemiparasita que pode provocar a morte da planta que a hospeda. Às margens do Rio Paraibuna, na Avenida Brasil, é possível perceber árvores com as copas tomadas pela erva, algumas já apresentando folhas amareladas. "É um pecado. Em breve, elas estarão mortas, e para evitar isso era só ter tirado a erva-de-passarinho", diz a secretária Juliana Rocha de Fátima, que circula pela região diariamente. O quadro se repete em outros pontos da avenida, nas ruas Benjamin Constant e Fernando Lobo, no Centro; na Rua Capitão Arnaldo de Carvalho, no Jardim Glória; e na Praça da Igreja Melquita, no Santa Helena.
Segundo o professor do Departamento de Botânica da UFJF, Daniel Pimenta, isso acontece porque a erva-de-passarinho, um tipo de planta daninha, absorve os nutrientes da árvore. "A erva-de-passarinho é uma planta clorofilada, ou seja, capaz de realizar fotossíntese. Para isso, ela absorve de outros vegetais a seiva bruta, que é composta por água e sais minerais retirados do solo", explica. Ainda conforme o docente, se o parasita não for eliminado, a árvore pode morrer. "O tempo que isso leva para acontecer depende do tipo de árvore, de seu tamanho e do quanto ela foi tomada pela erva. Por isso, a parasita deve ser completamente eliminada. Quanto menos controle, mais fácil será a proliferação da praga, porque os pássaros se alimentam dos frutos e espalham as sementes quando defecam."
De acordo com a Empav, responsável pela poda das árvores do município, a retirada das ervas daninhas geralmente precisa ser feita com poda drástica (foto), isto é, com retirada de mais de 50% do total de massa verde da copa, serviço que só pode ser realizado com autorização da Agenda-JF. Conforme a assessoria da pasta, o trabalho acontece dentro da programação de podas. No momento, o serviço está sendo feito na margem esquerda da Avenida Brasil, já tendo sido realizado na oposta. "Enquanto o trabalho de manutenção não for realizado de maneira adequada, os índices de arborização de Juiz de Fora continuarão baixos, porque além de termos poucas árvores, elas não tem a devida conservação", alerta Pimenta.
