Apesar da grave crise econômica enfrentada pela maioria dos municípios brasileiros, o carnaval está garantido em praticamente todas as cidades da região com tradição na festa de Momo. As exceções estão em Viçosa, distante 170 quilômetros de Juiz de Fora, e São João Nepomuceno, que fica a 65 quilômetros. Nesta última, embora não tenha programação oficial da Prefeitura, vários eventos estão sendo marcados pela iniciativa privada. As três escolas de samba não irão desfilar e o tradicional Bloco do Barril terá formato diferente, com desfile dentro de um clube. Oficialmente, as festas estão confirmadas em cidades como Bicas, Rio Novo, Chácara, Visconde do Rio Branco, Guarani, Lima Duarte, Leopoldina, Ubá e Goianá. Nestas, a programação inclui blocos de rua gratuitos e shows abertos em praças e parques. Em algumas haverá, também, desfiles de escolas de samba.

No caso de São João Nepomuceno, o prefeito da cidade, Ernandes da Silva (PSB), divulgou vídeo no Youtube, em janeiro, falando da decisão de não subsidiar a festa na cidade. A iniciativa foi adotada em razão do déficit nas contas públicas e a necessidade de utilizar o recurso, estimado em pouco mais de R$ 560 mil, em outros setores essenciais, como o Aterro Sanitário Controlado, que precisa de adequações em atendimento à legislação ambiental. Desta forma, a festa estará concentrada, principalmente, nos clubes. Este é o caso do tradicional Bloco do Barril, conhecido por distribuir, de forma gratuita, cachaça aos foliões durante o desfile, que se apresentará em formato de baile.

“De positivo, podemos citar que houve um resgate do carnaval de clube em São João Nepomuceno, que já estava se perdendo. Também precisamos destacar a organização da iniciativa privada, formada por proprietários de bares e restaurantes, que estão promovendo suas festas”, disse Ricardo Itaborahy, superintendente da Fundação Cultural São João Nepomuceno, órgão ligado à prefeitura da cidade. Segundo ele, causou muita polêmica a decisão em não promover a festa este ano, pois o município é conhecido por sua tradição no carnaval. “O que queremos agora é promover uma ampla discussão, ao longo do ano, para fazer o carnaval 2018 possível. Queremos discutir, inclusive, o modelo até então adotado para chegar na decisão que for a melhor para a cidade.”

Viçosa sem festa

Além de São João Nepomuceno, Viçosa também ficará sem folia este ano. A prefeitura do município divulgou esta semana que não vai promover festa oficial em 2017. A decisão foi adotada por questões financeiras. Uma licitação pública chegou a ser feita para contratar empresa interessada em explorar a praça de alimentação na área do evento da prefeitura, no valor estimado de R$ 100 mil. Em troca, o empresário deveria instalar palco, som, iluminação e gerador de energia para a realização de shows, cujos artistas seriam contratados pelo Poder Executivo. No entanto, não houve interessados no certame. A participação da prefeitura estará restrita a apoios aos blocos de rua, como segurança e banheiros químicos.

Policiamento reforçado em vários municípios

A 4ª Região da Polícia Militar (4ª RPM) preferiu não divulgar quais municípios do entorno de Juiz de Fora solicitaram reforço no efetivo em razão das festas carnavalescas. A omissão, de acordo com a assessoria de imprensa, tem por objetivo garantir a segurança estratégica dos trabalhos que serão desenvolvidos. No entanto, garantiu que todos os 86 municípios, sob responsabilidade da 4ª RPM, estarão com o policiamento de acordo com a demanda. Ainda segundo a polícia, tudo é feito conforme estudo previamente realizado pela assessoria de Planejamento e Operações.

Em Rio Novo, a cerca de 40 quilômetros de Juiz de Fora, o prefeito Ormeu Rabello Filho (PPS) divulgou que a segurança será reforçada com mais 23 policiais militares de Juiz de Fora. De acordo com ele, o aumento do efetivo tem o objetivo de garantir a tranquilidade dos foliões, uma vez que o município espera receber cerca de nove mil turistas, o mesmo tamanho da população da cidade. “Dentro do total de policiais que virão de Juiz de Fora, dez são da tropa de choque, que vai ficar os quatro dias na cidade. Além disso, teremos o efetivo do município. O policiamento irá se concentrar na praça, onde acontece a festa, e também nas imediações da cidade”, destaca o prefeito.

O gestor acrescenta que Rio Novo tem um carnaval tradicional, com blocos na rua, como o conhecido Zé Pereira. “Sem falar que, como a Prefeitura de São João Nepomuceno não irá realizar o carnaval, esperamos que nossos visitantes aumentem ainda mais, o que gera uma preocupação e, por isso, reforçamos o efetivo de policiais”, pontua Ormeu.

Crise

Para o prefeito de Rio Novo, apesar da crise financeira que o Brasil atravessa, a Prefeitura não deixou de investir na festa de Momo, porque representa mais recursos. “O carnaval traz lucro para o município. Os visitantes trazem recursos para gastar em Rio Novo, e o comércio local é favorecido. Esse lucro pode representar o décimo terceiro salário para a cidade. Garantimos que nossa verba está sendo gasta na medida do possível e com muito critério para a realização do carnaval.”

Momento político não impede festa em Ervália

A cidade de Ervália passa por um momento conturbado na política. O prefeito eleito no fim do ano passado, e que disputou o pleito sub judice, teve o mandato cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral. Desde o início de janeiro, quem responde pelo Poder Executivo é o presidente da Câmara Municipal, que vai permanecer no cargo até que uma nova eleição aconteça.
De acordo com o secretário de Esportes e Lazer da cidade, Cleiton Rodrigues, a situação não vai impedir a realização da festa, que foi mantida por se tratar de um evento tradicional na cidade. No entanto, há dificuldades em divulgar a programação e, desta forma, atrair foliões. “Como estamos impedidos de dar publicidade aos atos da administração, adotamos, por cautela, a decisão de não distribuir panfletos para divulgar o carnaval, que vai acontecer normalmente.” Entre as atrações, que ocorrem até a terça-feira, estão shows regionais, matinês e eventos de música eletrônica.