Cartórios de JF registram 1º semestre com mais óbitos e menos nascimentos da história
De acordo com o levantamento, a diferença entre nascimentos e óbitos – que sempre esteve na média de 1.042 nascimentos a mais-, ficou negativa em 451 neste ano
A pandemia da Covid-19 tem gerado um profundo impacto nas estatísticas vitais da população mineira. Além das quase duas mil vítimas fatais da doença na cidade, o coronavírus também vem alterando a demografia de uma forma, até então, nunca registrada desde o início da série histórica dos dados estatísticos dos cartórios de Registro Civil de Juiz de Fora, em 2003.
De acordo com o levantamento, nunca se morreu tanto e se nasceu tão pouco em um primeiro semestre como neste ano de 2021, resultando assim, na menor diferença já vista entre nascimentos e óbitos nos primeiros seis meses do ano.
Os dados constam no Portal da Transparência do Registro Civil, base de dados abastecida em tempo real pelos atos de nascimentos, casamentos e óbitos praticados pelos cartórios de Registro Civil do país, administrado pela Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil). As informações são cruzadas com os registros históricos do estudo Estatísticas do Registro Civil, promovido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com base nos dados dos próprios cartórios brasileiros.
Em números absolutos, os cartórios registraram 3.428 óbitos até o final do mês de junho. O número, que já é o maior da história em um primeiro semestre, é 45,8% mais elevado que a média histórica de óbitos na cidade e 54,28% maior que os falecimentos no ano passado, com a pandemia já instalada há quatro meses no município. Já com relação a 2019, ano anterior à chegada do vírus, o aumento no número de mortes foi de 54%.
Com relação aos nascimentos, Juiz de Fora registrou o menor número de nascidos vivos em um primeiro semestre desde o início da série histórica. Até o final do mês de junho, foram registrados 2.977 nascimentos, número 12,3% menor que a média de nascidos no município desde 2003, e 9,95% inferior ante o ano passado. Com relação à 2019, o número de nascimentos caiu 15,76% na cidade.
Primeira vez na história, um semestre negativo na cidade
O resultado da equação entre o maior número de óbitos da série histórica em um primeiro semestre versus o menor número de nascimentos no mesmo período é o menor crescimento vegetativo da população em um semestre na cidade. Assim, pela primeira vez na história, um semestre ficou negativo na cidade, isto é, houveram mais óbitos do que nascimentos em Juiz de Fora.
A diferença entre nascimentos e óbitos, que sempre esteve na média de 1.042 nascimentos a mais, ficou negativa em 451 em 2021, uma redução de 143,3% na variação em relação à média histórica. Em relação a 2020, a queda foi de 141,61%, e, em relação a 2019, foi de 134,48%.
O presidente da Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil), Gustavo Renato Fiscarelli, explica que o Portal da Transparência vem sendo usado por toda a sociedade para ter um retrato fiel do que tem acontecido no município neste momento de pandemia. De acordo com Fiscarelli, os números mostram claramente os impactos da doença na sociedade e possibilitam que os gestores públicos possam planejar as diversas políticas sociais com base nos dados compilados pelos cartórios.
Natalidade e casamentos
Embora não seja a regra, a série histórica do Registro Civil demonstra que o aumento no número de casamentos está diretamente ligado ao aumento da taxa de natalidade em Juiz de Fora. Essa tendência deve influenciar que os nascimentos ainda demorem para ser retomados. No primeiro semestre de 2021, o município registrou o quarto menor número de casamentos desde o início da série histórica.
Ainda que 6,2% menor que a média histórica de casamentos no primeiro semestre em Juiz de Fora, o número de matrimônios em 2021 indica uma recuperação positiva em relação às celebrações do ano passado, impactadas pela chegada da pandemia que adiou cerimônias civis.
Até junho deste ano, os cartórios celebram 978 casamentos civis, maior que os 663 matrimônios realizados no ano passado, mas ainda menor que os 1.214 casamentos celebrados em 2019.