GuardiĆ£ de menina estuprada e morta presta novo depoimento
Em novo depoimento que durou cerca de uma hora e meia, a mulher responsĆ”vel pela guarda legal da menina Lady Dayane da Silva Otaviano, de 1 ano e 10 meses, morta depois de ser espancada e estuprada pelo homem que tambĆ©m era seu guardiĆ£o legal, relatou que nĆ£o tinha conhecimento das lesƵes que a menina apresentava no dia sua morte e que maus-tratos e abuso sexual foram cometidos quando ela estava fora casa. O exame de necropsia apontou que Lady Dayane morreu em decorrĆŖncia de hemorragia aguda grave causada por politraumatismo, possivelmente em decorrĆŖncia de espancamento. Foram constatadas lesƵes nos Ć³rgĆ£os da menina, principalmente no fĆgado, que foi dilacerado, e no pulmĆ£o esquerdo, perfurado por uma costela que foi quebrada. Ela ainda teve o intestino estourado por conta do abuso sexual.
O depoimento da mulher, que resultou em cinco pĆ”ginas de relatĆ³rio, foi colhido pela equipe do delegado Rodrigo Rolli, na tarde da Ćŗltima quinta-feira, na Delegacia Especializada em HomicĆdios. Segundo ele, o interrogatĆ³rio serviu para esclarecer pontos que ainda estavam em aberto no inquĆ©rito. “Para nĆ³s, o suspeito alegou que sofre de distĆŗrbio psiquiĆ”trico e que tomava remĆ©dios controlados. Sua mulher, durante o depoimento, nos disse que ele nĆ£o faz uso de tais medicamentos e nem tem problemas psiquiĆ”tricos”, afirma Rolli.
O delegado ainda buscou, no interrogatĆ³rio, determinar a participaĆ§Ć£o da mulher no episĆ³dio da morte da crianƧa, inclusive se teria sido omissa. “Buscamos informaƧƵes junto aos moradores do entorno da residĆŖncia da famĆlia, no Ipiranga, e ficamos sabendo que ela era uma pessoa que trabalhava muito, tinha pouco contato com a crianƧa e que teria se assustado muito em relaĆ§Ć£o Ć morte da menina, jĆ” que o marido era considerado muito tranquilo. Ele tomava conta da menina e do filho do casal, um menino de 3 anos, conforme o relato dos vizinhos, que ainda disseram desconhecer histĆ³rico de maus-tratos”, ressaltou o policial.
Em creche e unidade de saĆŗde nĆ£o havia registros que apontassem maus-tratos
A investigaĆ§Ć£o da PolĆcia Civil tambĆ©m levantou que, na creche onde a menina Lady Dayane ficava e na UPA de Santa Luzia, nĆ£o havia registros que apontassem maus-tratos contra a crianƧa. “A Ćŗnica informaĆ§Ć£o que recebemos Ć© que na creche ela teve uma lesĆ£o na perna em funĆ§Ć£o da urina e da fralda. Tentamos ainda reconstituir o dia anterior Ć morte, e a mulher disse que nĆ£o observou a existĆŖncia de lesĆ£o na crianƧa, como as que foram descobertas no dia seguinte. EntĆ£o, aparentemente, dĆ” a entender que os maus-tratos e a violĆŖncia sexual aconteceram no dia 12, quando a mulher havia saĆdo para trabalhar”, relatou o delegado.
Rolli afirma que o que mais intriga no depoimento Ć© que, quando foram mostradas para a mulher fotos das lesƵes e da violĆŖncia sexual sofridas pela menina, a interrogada reagiu de forma indiferente.”NĆ£o teve esboƧo de choro, sendo que ela jĆ” estava cuidando da menina por pouco mais de um ano. Espanta ainda que ela afirmou que ligava trĆŖs vezes por dia para saber da crianƧa, mas isso nĆ£o condiz com a indiferenƧa que ela apresentou na hora da apresentaĆ§Ć£o das fotografias. Isso nos leva a ter alguma dĆŗvida e ainda nĆ£o podemos descartar sua participaĆ§Ć£o ou desconhecimento dos fatos”. O inquĆ©rito deve ser concluĆdo na prĆ³xima segunda-feira.
Na manhĆ£ da Ćŗltima segunda-feira, a PolĆcia Civil apresentou o suspeito de matar e estuprar Lady Dayane. Ele foi conduzido para o Ceresp no dia 13, quando foi preso em flagrante ainda no Instituto MĆ©dico Legal (IML), enquanto aguardava a liberaĆ§Ć£o do corpo da menina. Ele confessou o crime ao titular da Delegacia Especializada de HomicĆdios, Rodrigo Rolli.