A partir do próximo sábado (21), um trecho da Rua José Lourenço, no Bairro Borboleta, Cidade Alta, será interditado para passagens de veículos por tempo indeterminado. O trajeto, que tem extensão de cerca de um quilômetro, está compreendido entre as ruas Paulo Maria Delage e Augusto Tielman e será sinalizado por conta das alterações no trânsito. A interdição foi anunciada pela Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) em entrevista coletiva à imprensa nesta quinta-feira (19) e ocorre em razão de riscos de deslizamentos de terra na região, identificados pela Defesa Civil, que ainda monitora 40 famílias que residem nas imediações.
De acordo com o órgão, a situação de risco foi verificada por meio de trabalho de georreferenciamento, e os engenheiros da Defesa Civil identificaram problemas crônicos gerados por um loteamento irregular. Segundo a PJF, as degradações que resultaram no risco geológico existem há pelo menos 20 anos nas imediações. Segundo o subsecretário da Defesa Civil, Luís Fernando Martins, com as chuvas da última segunda-feira (16), a Rua José Lourenço voltou a dar sinais de deterioração. A via tem grande instabilidade no solo e frequentemente registra deslizamentos de talude.
“No período chuvoso de 2020 para 2021, a gente percebeu um número muito grande de ocorrências no local, e todas elas referentes a escorregamento de solo”, conta o subsecretário. Segundo ele, a Prefeitura já tentou impedir apenas a circulação de veículos pesados no trecho de risco, mas as restrições não foram respeitadas. “O fluxo é constante e gera muito impacto e muita vibração, que favorecem a instabilidade da encosta. O que preocupa é a altura da encosta, que varia de 18 a 20 metros de altura”, alerta.
Todo o trecho interditado é classificado pela Defesa Civil como de risco muito alto de ocorrências. Com essa classificação, segundo a entidade, é grande a possibilidade de ocorrer novos escorregamentos durante o próximo período chuvoso. Por outro lado, segundo a Prefeitura, as residências localizadas nas proximidades têm distância segura da encosta e, no momento, não enfrentam riscos.
A Secretaria de Obras da PJF indicou que ainda irá começar a elaborar o projeto de recuperação da região, trabalho que precede a criação de uma licitação para contratar uma empresa que execute as obras. A Administração municipal estima que a intervenção, que é considerada complexa, terá custo superior a R$ 7 milhões. “Após o projeto, a Prefeitura vai tentar conseguir verbas para a execução do projeto, que certamente será uma obra de um vulto bem grande”, diz o secretário de Obras, Lincoln Santos Lima. O prazo estimado para publicação do edital de convocação para a licitação é de até quatro meses, mas o período de execução das obras não tem estimativa.
Itinerário de ônibus alterado
Com a interdição, o ônibus da linha 514 (Cascatinha/Borboleta) terá seu itinerário alterado, segundo a Secretaria de Mobilidade Urbana (SMU). O trajeto alternativo a ser colocado em prática pelo transporte coletivo urbano passa pelas ruas Tenente Paulo Maria Delage, Irmão Menrado, Guilherme Debussy, Augusto Tielman, com retorno à Rua José Lourenço em trecho liberado para circulação. O trajeto alternativo adiciona cerca de 500 metros à viagem.
Outra alternativa para os motoristas é a utilização da Estrada Engenheiro Gentil Form para acessar a Cidade Alta. “A partir de hoje, os agentes de trânsito colocarão as faixas de sinalização e vão orientar carros e transeuntes”, informa o secretário de Mobilidade Urbana, Fernando Tadeu David. A futura volta às aulas presenciais da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) foi lembrada como um fator de preocupação, uma vez que tende a aumentar a demanda no acesso à região do Bairro São Pedro.
Localidade causava problemas a motoristas
A Rua José Lourenço, tradicionalmente, é motivo de preocupação para motoristas que transitam pela região por conta da situação precária do asfaltamento. Reportagem da Tribuna de 2018 mostrou buracos profundos na via, problema que ainda é apontado por moradores da região com preocupação.
“Esse sempre foi um trecho complicado, difícil, com muita erosão, problemas com esgoto, a encosta que é muito desprotegida. A saída do Bairro Casablanca, até a rotatória do Bairro Borboleta, é mal sinalizada, vertical e horizontalmente. Isso tudo, somado a quantidade de buracos, fica impossível”, disse à Tribuna, na ocasião, uma moradora da região.
Registros de 2015 e de 2016 também apontavam a existência de crateras na via como motivo de preocupação dos motoristas, além da falta de capina nas extremidades. Também em 2016, uma leitora chegou a registrar reclamação sobre o calçamento em vários trechos da via, que se apresentavam em más condições.