A Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) anunciou, nesta segunda-feira (16), a suspensão, a partir desta terça, por tempo indeterminado, das atividades presenciais da instituição no campus de Juiz de Fora, e a partir de quarta (18), no campus Governador Valadares, devido à pandemia de coronavírus (Covid-19). A suspensão foi sugerida pelo Comitê de Monitoramento e Orientação de Conduta sobre o Covid-19 após a confirmação de novo caso em Juiz de Fora. Em boletim epidemiológico publicado nesta segunda, a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES/MG) confirmou a infecção de homem de 30 anos. A medida tomada pelo reitor Marcus Vinicius David também segue recomendação do Fórum das Instituições Públicas de Ensino Superior de Minas Gerais (Foripes/MG). Defendida pela instituição em informe neste domingo (15), a manutenção das aulas levou a críticas de discentes, docentes e técnicos-administrativos.
O Comitê de Monitoramento e Orientação de Conduta sobre o Covid-19 e o Comitê da Prefeitura de Juiz de Fora reuniram nesta segunda para estabelecer uma política única de ação, ocasião em que o novo caso de coronavírus no Município foi informado à UFJF. Em coletiva de imprensa, o prefeito Antonio Almas revelou ter sugerido à instituição a suspensão do calendário letivo, a exemplo da rede municipal de ensino. O surgimento do segundo infectado motivou a suspensão imediata das aulas no campus sede. Entretanto, a manutenção de serviços essenciais da instituição, como o restaurante universitário, por exemplo, serão discutidos em reunião extraordinária do Conselho Superior (Consu) nesta terça-feira (17).
Já em Governador Valadares, como há apenas registros epidemiológicos suspeitos – quatro -, conforme o boletim mais recente, “vamos seguir a recomendação das instituições públicas federais do estado e interromper as atividades acadêmicas e administrativas, ressalvadas funções essenciais, a partir de quarta”. Contudo, a decisão poderá ser revista em função de qualquer mudança nos registros epidemiológicos do Município. Mais cedo, a Prefeitura de Governador Valadares anunciara a suspensão dos estágios de estudantes na rede de saúde local.
A exemplo da UFJF, a Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ) anunciou, nesta segunda, a suspensão das aulas presenciais por tempo indeterminado. A medida será válida a partir de quarta-feira (18). Entretanto, informações sobre o funcionamento das atividades administrativas serão ainda publicadas pela instituição. Por sua vez, o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais (IF Sudeste) suspenderá as aulas, por tempo indeterminado, já a partir desta terça (17). “Além das aulas, não serão realizados congressos, simpósios, formaturas, eventos, serviços de refeitório e viagens internacionais. Estágios, viagens nacionais e reuniões presenciais serão avaliados pontualmente”, comunicou, em nota, o IF Sudeste.
Já no sábado (14), a Universidade Federal de Viçosa (UFV) suspendera as aulas de educação infantil, ensino médio, ensino técnico, graduação e pós-graduação de todos os campi, assim como as datas e os prazos estabelecidos em seus respectivos calendários escolares de 2020. A medida inclui eventos e viagens internacionais de curta duração de servidores e docentes programados para acontecer até 30 de abril, novas missões de estrangeiros para o desenvolvimento de atividades na instituição, concursos públicos programados para ocorrer a partir desta segunda, e, a partir de quinta (19), os restaurantes universitários do campus Viçosa. Além disso, os servidores técnicos-administrativos e professores dos grupos de risco estão autorizados a trabalhar remotamente de casa a partir desta terça.
Aulas à distância
Em nota, o Ministério da Educação (MEC) anunciou, também nesta segunda, a publicação de uma portaria a fim de autorizar, por 30 dias – prazo passível de prorrogação -, a substituição de aulas presenciais por aulas à distância. Conforme o Comitê Operativo de Emergência do MEC, que se reuniu pela primeira vez, a adesão de universidades e institutos federais será voluntária. A ação será válida enquanto durar a situação de emergência de saúde pública devido ao Covid-19. Além disso, a pasta comunicou a criação de um sistema online para integrar os dados sobre coronavírus em busca de acompanhar a situação nas unidades de educação básica, profissional e tecnológica, e superior. A ferramenta terá informações dos censos escolares da educação básica e do ensino superior, além do número de pessoas infectadas e as instituições com aulas suspensas.
Posicionamento anterior mobilizou críticas
A suspensão do calendário letivo será retomada, nesta terça-feira (17), em reunião extraordinária do Conselho Superior (Consu), para analisar os desdobramentos administrativos e acadêmicos da medida. Apesar de ter seguido a recomendação do Fórum das Instituições Públicas de Ensino Superior de Minas Gerais (Foripes/MG), o Comitê de Monitoramento e Orientação de Conduta da UFJF sobre o Covid-19 defendia, até este domingo, a manutenção das aulas, uma vez que, conforme nota, ainda carecia de indícios e medidas para a suspensão de aulas. De acordo com o informe, até este domingo, havia, até então, apenas um caso – importado – confirmado em Juiz de Fora e nenhum em Governador Valadares. Além disso, a UFJF ressaltara que “ações isoladas como o cancelamento de atividades acadêmicas apenas pela UFJF não terão efeito significante no contingenciamento na cidade”. O posicionamento do comitê gerou críticas da comunidade acadêmica.
Em manifestações públicas, a Associação dos Professores de Ensino Superior de Juiz de Fora (Apes), o Diretório Central dos Estudantes (DCE) e o Sindicato dos Trabalhadores Técnicos-Administrativos em Educação das Instituições Federais de Ensino de Juiz de Fora (Sintufejuf), por exemplo, desagravaram o posicionamento. De acordo com a Apes, embora seus representantes tenham participado da reunião do comitê, as deliberações e notas do colegiado não representam o posicionamento da entidade nem da diretoria. “Atuando na defesa dos docentes e das docentes, da comunidade acadêmica e da comunidade de Juiz de Fora e região, a diretoria da Apes manifesta-se favorável a suspensão imediata das atividades da UFJF e do IF Sudeste, solicitando às respectivas administrações a não postergarem ainda mais tal decisão”, afirmou, em nota.
Bem como a Apes, o DCE defendeu a suspensão imediata das aulas como medida preventiva ao contágio do coronavírus, “considerando o caso (até então) confirmado em Juiz de Fora e o período de retorno dos estudantes intercambistas”. “Reconhecemos as orientações e os protocolos seguidos pelos profissionais e especialistas da UFJF, mas rechaçamos toda ineficiência dos órgãos como a Prefeitura de Juiz de Fora, o Governo do Estado e (o Governo) Federal diante da situação na cidade, em Minas e em todo Brasil. As recomendações do Ministério da Saúde do Governo Federal nos deixam vulneráveis e ameaçados, aguardando a confirmação de um contágio comunitário para, só assim, tomarmos medidas de prevenção”, criticou, também em nota. Inclusive, os discentes organizaram abaixo-assinado online para reivindicar a paralisação das atividades da UFJF, que, até o anúncio da suspensão, tinha 9.769 assinaturas.
O Sintufejuf, por sua vez, reconheceu a necessidade das atividades administrativas e acadêmicas nos campi da UFJF e do IF Sudeste, “mantidos apenas os serviços essenciais, sempre que possível com trabalho remoto (domiciliar)”.