Conflito no Ceresp deixa sete presos feridos

Uma confusão dentro do Ceresp, em Juiz de Fora, no fim da manhã desta segunda-feira (16), causou apreensão entre familiares de detentos e agentes penitenciários da unidade prisional. Circularam áudios em grupos de WhatsApp, supostamente feitos por agentes, que davam conta de que a situação no cadeião estava tensa e que haviam sido disparados tiros para controlar os presos. A Secretaria de Estado e de Defesa Social (Seds) negou que tenha havido motim na unidade, mas confirmou que um tumulto deixou sete presos feridos, nenhum com gravidade.
A informação de um conflito circulou rapidamente, e familiares de detentos estiveram na porta da cadeia em busca de notícias. A Tribuna também esteve no local, mas não pôde passar da guarita. A equipe de reportagem foi informada de que ninguém na unidade iria falar sobre o assunto. Mulheres que saíam da visita íntima relataram que ouviram muitos gritos e barulhos de tiros e bomba. Elas afirmaram que a situação foi controlada minutos depois e que alguns presos teriam ido para uma cela separada.
No meio da tarde, chegou a informação de que outra confusão havia sido registrada no Ceresp e que novamente teria sido preciso usar bombas de efeito moral. Mas a situação também teria sido controlada rapidamente.
‘Desentendimento’
Por meio de nota, a Secretaria de Estado de Administração Prisional (Seap) informou que não houve situação de motim ou rebelião no Ceresp e confirmou que aconteceu uma confusão. A informação de que houve tiros e bombas não foi esclarecida. “Por volta das 9h30, durante o banho de sol, agentes penitenciários do Ceresp controlaram um desentendimento entre presos. Durante a ação, sete detentos sofreram ferimentos e foram atendidos no setor de saúde da própria unidade”. Quanto aos áudios via WhatsApp, a Seap afirmou que “não há comprovação de que foram gravados no interior da unidade prisional”. Conforme a nota, a rotina na unidade prisional não foi alterada.
Informações extraoficiais dão conta de que há cerca de mil presos no Ceresp de Juiz de Fora, onde a capacidade é para 332 detentos. A preocupação com a superlotação dos presídios no Brasil, incluindo Juiz de Fora, voltou à tona com os recentes massacres nos estados do Norte e do Nordeste do país, que já deixaram mais de cem mortos. Como o estopim para as rebeliões foi atribuído à guerra entre facções criminosas, também aumentou a tensão em torno da possível presença de membros de grupos extremamente violentos dentro do sistema prisional da cidade, formado pelo Ceresp e pelas penitenciárias Ariosvaldo Campos Pires e José Edson Cavalieri, todos localizados no Bairro Linhares, Zona Leste. Em nota, no entanto, a secretaria afirmou não prestar informações relativas a possíveis membros de facções criminosas cumprindo pena nas unidades prisionais.
Tiro surpreende agentes
Além do conflito interno, agentes penitenciários do Ceresp foram surpreendidos na manhã de domingo por atiradores na entrada da unidade prisional. De acordo com informações da Polícia Militar, o coordenador do Ceresp relatou que, por volta das 10h45, um Chevette com dois indivíduos passou pela barreira de abordagem, e um deles efetuou um tiro para o alto. Os suspeitos fugiram em seguida e não foram localizados. O caso será apurado pela Polícia Civil.