Hospital Universitário alcança marca de 500 transplantes de medula óssea
Paciente de número 500 é uma estudante de nutrição, que reside em Muriaé
A marca histórica de 500 transplantes de medula óssea foi atingida pelo Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora (HU-UFJF). Nas palavras de Abrahão Hallack Neto, médico hematologista responsável pelo Serviço de Transplante de Medula Óssea (TMO) da instituição, o número atesta o êxito na “consolidação de um programa de transplante de medula óssea em um hospital público de ensino”.
A paciente de número 500 é uma jovem residente em Muriaé. Thaís Araújo da Silva possui 22 anos e é estudante de Nutrição. Ela, que tinha leucemia mieloide aguda recidivada, não conseguiu doador totalmente compatível na família ou no banco de medula. O procedimento realizado constituiu na doação 50% compatível por parte da irmã de Thaís, método de transplante conhecido como doador haploidêntico, conforme explicou o médico.
A jornada de Thaís começou quando, em janeiro de 2023, começou a sentir fortes dores abdominais e, posteriormente, recebeu o diagnóstico de infecção renal. Ao ser internada, descobriu uma anemia através de exames de sangue. “Tentamos tratar a anemia, sem sucesso. Fiz uma biópsia de medula e, em março, veio o diagnóstico de leucemia mieloide aguda com indicação de transplante. A minha cidade não faz o transplante alógeno haploidêntico, por isso transferiram para o HU. Meu procedimento foi dia 18 de outubro, e a pega da medula aconteceu no dia 4 de novembro. Deu tudo certo e estou muito bem”, relata. A paciente segue em acompanhamento periódico no hospital.
Os anseios para o futuro não estão interrompidos. A jovem afirma que pretende retomar a vida de onde parou: “voltar minha rotina e faculdade, além de aproveitar ao máximo tudo que puder, procurar experiências novas, porque nunca se sabe quando é a última vez”, reflete.
Para a equipe do TMO, Thais deixa uma mensagem. “Gostaria de agradecer, de todo meu coração, a forma como fui tratada, todo carinho, atenção e paciência. Obrigada por terem deixado esse processo, que é tão complicado, mais leve e mais fácil. Vou ser eternamente grata por terem salvado minha vida e cuidado de mim com tanto amor. Em especial, Dr. Abrahão, por acreditar que eu conseguiria.”
Reforçando a conquista que vem com a concretização de 500 transplantes, a médica hematologista Kátia Regina Alves, que atua no TMO desde 2021, possui formação médica em hematologia e mestrado também no HU-UFJF, afirma ser uma marca que vai além do cenário municipal, mas que abraça um grande número de cidades e pacientes atendidos. “Ainda existem poucos centros transplantadores no Brasil, e o Serviço de Transplante de Medula Óssea do HU-UFJF amplia em número e qualidade a possibilidade de tratamento para os pacientes que precisam deste tratamento especializado”, pontua.
A profissional atuou junto ao transplante de Thaís e reitera a complexidade do procedimento realizado. “Thaís passou por um transplante alogênico aparentado haploidêntico, em que a irmã foi a doadora, mesmo não sendo 100% compatível, fato que aumenta a complexidade do procedimento e os cuidados relacionados à paciente. Mas ela segue se recuperando muito bem”, afirma. De acordo com a médica, toda a equipe envolvida no transplante está angariando experiências e se especializando cada vez mais. “A marca de 500 transplantes traz cada vez mais solidez ao serviço”, acrescenta.
Para a enfermeira oncológica Maria Carolina Pires, participar deste momento na história do Centro de Transplante de Medula Óssea é muito gratificante. “Faço parte da equipe há três anos e pude vivenciar momentos ímpares com nossos pacientes. Prestar uma assistência segura, humanizada e de qualidade, sem dúvidas, é uma premissa do serviço, e a dedicação de toda a equipe multidisciplinar contribui para o sucesso que estamos alcançando. O enfermeiro atua desde a avaliação inicial (pré-TMO), com realização de reuniões e consultas de enfermagem, coleta de células tronco de sangue periférico, processo intra e pós-transplante. Essa assistência requer uma enfermagem treinada e especializada, e grande parte dos bons resultados do transplante depende da qualidade dos cuidados de enfermagem nas diversas fases. Estamos muito felizes em celebrar essa conquista dos 500 transplantes”, comemora.
Serviço completa 20 anos
Em 2024, o Serviço de Transplante de Medula Óssea completa duas décadas. A expectativa é aumentar o número de transplantes, possibilitando esse tipo de tratamento de maneira mais rápida e eficaz, não apenas para pacientes de Juiz de Fora e região, mas também para o estado do Rio de Janeiro, como defende o médico Abrahão Hallack Neto. “O serviço de TMO do HU-UFJF faz todos os tipos de transplantes de medula óssea, desde os mais simples aos mais complexos, sendo um campo importante não apenas para o tratamento dos pacientes, mas também para o treinamento de profissionais da área de saúde e para a pesquisa”, reforça.
Para Dimas Araújo, superintendente do HU-UFJF, o sucesso do trabalho ao longo de toda a trajetória se consolida com a marca atingida, fazendo do HU um centro de referência em transplante de medula óssea. “Ações como a deste transplante, além de demonstrar a excelência na assistência, é de grande importância na formação de nossos alunos e residentes, e abre espaços importantes para nossos pesquisadores”, finaliza.
*Bruna Furtado, estagiária sob supervisão da editora Fabíola Costa