Segundo o pluviômetro automático do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), instalado no Campus da UFJF, choveu em Juiz de Fora de forma ininterrupta, entre 22h desta quarta-feira e 5h desta quinta (13), o equivalente a 60,6 milímetros. Este índice representa 18,9% de todas as precipitações previstas para janeiro na cidade, conforme a média histórica, que leva em consideração o comportamento das chuvas, no período, nos últimos 30 anos.
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Com esta última tempestade, Juiz de Fora alcança, em 13 dias, 335 milímetros de precipitações em janeiro, acumulado que representa 104% dos 322 milímetros das chuvas esperadas para o mês.
A pancada de chuva que atingiu Juiz de Fora entre a noite de quarta e a madrugada desta quinta-feira (13) pode ser classificada como uma típica chuva de verão. Diferente das precipitações contínuas que eram observadas até então, fruto do canal de umidade que havia se formado entre o Norte e o Sudeste brasileiro, desta vez áreas de instabilidade são as responsáveis pelas tempestades.
Elas são resultado do calor diurno e a alta umidade relativa do ar. Por características, estas chuvas, mais concentradas, e pontualmente fortes, ocorrem, principalmente, a partir do fim da tarde. A previsão é que estas pancadas continuem acontecendo ao menos até o sábado (15).
Defesa Civil atua em 45 chamados
Segundo a Defesa Civil, foram registradas dez ocorrências entre meia-noite e 8h desta quinta-feira (13). Desse total, seis chamados foram na Zona Norte – a região mais atingida -, três na Zona Sul e um na Zona Nordeste. Ao longo do dia, foram, ao todo, 45 chamados.
Na Zona Norte, foram registrados pontos de alagamentos em diversas localidades, como os bairros Nova Era, Benfica, São Damião, Distrito Industrial e São Judas Tadeu.
No Nova Era, a Tribuna flagrou lojistas fazendo a limpeza na altura do número 5.507, da Avenida JK. “Toda chuva forte enche a avenida. A rede pluvial aqui não dá conta”, afirma Rafael Antinarelli, funcionário de uma loja no local. Ele diz ter chegado às 6h no estabelecimento para tirar o barro que tomou conta da calçada, uma rotina que, assegura, já fazer parte da vida dos comerciantes da região. “Se chover hoje à noite, acontece tudo de novo.”
Proprietários de pontos comerciais localizados na Avenida JK afirmam já ter registrado reclamações junto à PJF para procurar soluções para os alagamentos frequentes. No entanto, afirmam, que nenhuma ação foi tomada no local. Os lojistas ainda criticam a limpeza realizada pelo Demlurb que, segundo eles, não chega até o trecho em que estão localizadas a sequência de estabelecimentos comerciais.
Por meio de nota, o Demlurb informou que as duas vias são cobertas pelo sistema de coleta de lixo. O órgão afirmou que está verificando as situações citadas e reforçou que, em casos como esses, ou para demais pedidos de limpeza, a população deve fazer contato com a Prefeitura, através do Gabinete de Ação e Diálogo Comunitário, que atende via WhatsApp pelo número 3690-7241, ou pelo Alô Demlurb, através do telefone 3690-3500, de segunda a sexta-feira, das 8 às 18 horas.
Segundo a diretora operacional do Demlurb, Úrsula Zimmermann, o departamento acompanha pontualmente as demandas que chegam da população para dar o devido atendimento a todas elas o mais breve possível. “Em períodos de chuva, essas demandas de limpeza chegam em maior volume, mas estamos trabalhando para atender toda a cidade. Por isso, pedimos muito a colaboração da população, principalmente em períodos de chuva, para fazer o descarte adequado do lixo, que deve estar ensacado e que precisa ser colocado em locais de acesso ao caminhão da coleta”. A nota ainda destacou que os detalhes sobre as rotas das coletas de lixo estão disponíveis no site demlurb.pjf.mg.gov.br.
Água volta a inundar Bairro Industrial
O Bairro Industrial também voltou a ter alagamentos. Morador da Rua Barra Mansa desde a década de 1960, Gilson Silvério, de 64 anos, relatou que as enchentes são um problema contínuo na região há décadas, mas que, por conta do crescimento desorganizado do bairro, com levantamento de prédios residenciais, a situação piorou. “Toda vez que dá chuva forte, a água chega até a porta (da casa)”, lamenta. “Quando fizeram o bairro, tinha muito espaço, não era tão cimentado. Era muito calçamento e terra, então a água tinha para onde ir.”
O alagamento ocorreu próximo ao Córrego Humaitá, como nos dias anteriores. Até o final da manhã, a água não havia atingido a Avenida JK, mas seguia interditando trecho da Avenida Lúcio Bitencourt, além de vias próximas ao córrego.
Na Zona Sul, um deslizamento de talude atingiu um restaurante na Avenida Deusdedit Salgado, na altura do Bairro Salvaterra. Segundo o Corpo de Bombeiros, todo o imóvel foi interditado, e a Defesa Civil acionada, pois há riscos de novas quedas de barranco.
Também há relatos de um barranco que cedeu e interrompeu o trânsito em ruas do Bairro Linhares, Zona Sudeste, e alagamentos que tornam intransitável a estrada de acesso a Caeté.