‘Golpe do Motoboy’: quadrilha de estelionatários agia em Juiz de Fora e outras 19 cidades
Operação do Ministério Público e da Polícia Civil visa desarticular organização criminosa que cometeu pelo menos 68 crimes em municípios mineiros
Juiz de Fora está entre as 20 cidades de Minas que registraram ocorrências do “golpe do motoboy”. Nesta terça-feira (12), o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), e a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) deflagraram uma operação para desarticular a organização criminosa que praticava o crime de estelionato e lavagem de dinheiro. Na Zona da Mata e Campo das Vertentes, Barbacena e Viçosa também registraram atuação da quadrilha, além de Juiz de Fora.
De acordo com o MPMG, o “golpe do motoboy” consiste na vítima receber uma ligação de um integrante da organização criminosa que alega ser de uma instituição financeira. Por meio de engenharia social, o criminoso consegue a senha pessoal de cartões bancários e, em seguida, informa que um motoboy buscará os cartões da vítima. Ao conseguir o documento, a quadrilha efetua diversos saques, compras ou transferências para outros integrantes do bando em contas fraudadas, aproveitando falhas de algumas instituições financeiras no processo de validação de identidade.
As investigações apontam que a organização criminosa atuou em 20 cidades de Minas Gerais, sendo elas: Barbacena, Belo Horizonte, Betim, Bom Sucesso, Caratinga, Contagem, Divinópolis, Governador Valadares, Ibirité, Ipatinga, Itajubá, Juiz de Fora, Lavras, Montes Claros, Passos, Santa Luzia, Santa Rita de Minas, Uberaba, Uberlândia e Viçosa. A quadrilha também teria atuado em outros municípios do Brasil.
Conforme o Ministério Público, foram registradas 68 ocorrências em Minas, com valores declarados pelas vítimas que totalizam mais de R$ 500 mil. Porém, segundo o órgão, como mais da metade das ocorrências não apresenta o valor perdido pelas vítimas e, levando em conta a identificação de subnotificações, estima-se que o grupo tenha causado um prejuízo ainda maior no estado.
Cumprimento de mandados no combate ao golpe do motoboy
No total, estão sendo cumpridos 17 mandados de prisão, 13 mandados de busca e apreensão e 18 ordens de sequestro que totalizam cerca de R$ 1,4 milhão nas contas bancárias, aplicações financeiras, títulos de capitalização, cadernetas de poupança, investimentos, ações e cotas de capital dos investigados.
Os mandados e ordens de sequestro expedidos pela Justiça Criminal de Belo Horizonte estão sendo cumpridos nas cidades de São Paulo, Guarulhos, Itapevi e Jacareí, todas no estado de São Paulo. Até então, conforme o Gaeco, sete pessoas já foram presas.
A operação, denominada Tricherie, contou com o apoio operacional da Polícia Civil e do Gaeco de São Paulo. O nome da manobra designa trapaça, engano e falcatrua em francês. Conforme o MPMG, dessa palavra derivou o termo em inglês “trickster”, que é um arquétipo mitológico presente em diversas culturas.