O Grupo Vision, de Montes Claros (MG), fechou acordo para assumir as operações financeiras e administrativas da Phormar, garantindo as próximas festas de formatura. A informação foi divulgada pela Polícia Civil durante coletiva de imprensa, na tarde desta quarta-feira (11), uma semana depois de a empresa de Juiz de Fora fechar as portas, diante da repercussão sobre ações judiciais e denúncias de possíveis desvios de dinheiro. O delegado responsável pelo inquérito, Samuel Neri, afirmou que as investigações continuam, com as provas já garantidas por meio da apreensão de celulares, computadores e contratos, mas enfatizou que, neste momento, o foco tem sido proporcionar às vítimas a realização dos eventos já programados: “Os sonhos serão viabilizados.” Também nesta quarta, o proprietário da Phormar, Luiz Henrique Resende de Queiroz, concedeu entrevista e classificou o acordo com o Grupo Vision como um “milagre”.
Segundo o delegado, ainda é cedo para dizer se o proprietário da Phormar agiu de má-fé ou não. “São muitos documentos, (que precisam) de avaliação pericial contábil. Ele alegou que, por mais que tenham ocorrido irregularidades nesse giro econômico de capital, a atividade da Phormar era viável. Mas com a situação alarmante, como muitas pessoas não pagaram (os boletos de fundos), tornou-se inviável.” Samuel exemplificou usando uma instituição financeira: “Imagina se todo mundo hoje fosse sacar o dinheiro ao mesmo tempo.” O titular da 7ª Delegacia garantiu que vai avaliar caso a caso e observou que, para configurar crime de estelionato, o dolo deve ser anterior à obtenção da vantagem indevida. “Uma empresa que trabalha no ramo há 28 anos, à primeira vista, não seria (estelionatária). O que está se desenhando hoje em relação à Phormar e ao investigado – que a todo tempo compareceu, apresentou o passaporte e atendeu a Polícia Civil – é que não seria essa a intenção.”
Samuel reforçou que o Grupo Vision está garantindo a execução de todos os contratos nos termos em que foram assinados. Sobre o acordo, que contou com a cooperação da Polícia Civil, ele disse que a instituição tem trabalhado como uma porta a mais a ser buscada para a resolução de conflitos. “Havendo responsabilidade, será apurada. Mas havendo acordos, nas circunstâncias em que forem possíveis e que a lei permite, se a parte não quiser continuar com a investigação, não vai continuar.” Sobre as movimentações entre diferentes contas de fundos denunciadas, o delegado observou que as dificuldades da Phormar teriam começado na pandemia, e o investigado usou recursos como capital de giro, mas não em proveito próprio, mas para manter a empresa ativa. “Tirando de um lugar para cobrir outro. Mas a Phormar não teria deixado de entregar nenhuma festa. O compromisso que ele assumiu com a Polícia Civil é de que nenhum sonho deixe de ser realizado. É essa nossa preocupação: com as vítimas. O ressarcimento ou a realização do sonho.”
O delegado destacou que o Grupo Vision não tem responsabilidade criminal sobre o caso. “É uma atividade econômica que está sendo realizada com a Phormar para manter a empresa ativa, já que ela tem uma grande parcela do mercado e é tradicional na cidade.” Segundo ele, o grupo já arcou com R$ 500 mil para garantir a realização de quatro festas previstas para este mês, sendo duas nesta semana, uma delas em Búzios (RJ). “O papel da Polícia Civil também é ter o olhar humano, empático, com relação a esse fato, para viabilizar esses contratos. Se eu mando esses computadores hoje para a perícia em BH, eu torno inviável a festa de sexta-feira”, exemplificou, sobre a prioridade no momento. “O fato de entregar as festas, de honrar os compromissos, não o isenta de responsabilidade”, ponderou. “As provas estão garantidas, nenhum documento que comprometa a investigação vai sair daqui.”
O delegado acredita que o inquérito deve se arrastar por um bom tempo, por ser muito complexo e com muitas provas a serem analisadas. Samuel quer saber se, até a divulgação de um vídeo no Instagram na semana passada, colocando em xeque a situação da empresa e promovendo apreensão entre os formandos, a Phormar era economicamente viável. “O que ele devia era menor do que deveria receber?” Sobre os colaboradores da Phormar, a Vision também assumiria essa parte, conforme Samuel. “O compromisso também é arcar com os salários dos funcionários, promover a rescisão, se for o caso.”
“A Phormar continua”, garante proprietário
O proprietário da Phormar, Luiz Henrique, disse ter mantido afastamento pela comoção social e pela grande repercussão que a divulgação do vídeo no Instagram teve, falando de supostos saques indevidos e supostos calotes. Segundo ele, foi necessário fechar a empresa para garantir a integridade física dele e dos funcionários. “Teve um dia na Phormar que fiquei até às 2h atendendo vários fundos, como se todo mundo tivesse querendo do banco dinheiro ao mesmo tempo. São 28 anos e estamos tentando entender o momento para seguirmos da melhor forma possível.”
Ele afirmou que a Phormar continua. “Quando saiu o vídeo falando que estávamos fazendo várias situações equivocadas, ilícitas, etc., tudo o que eu tinha a receber na empresa parou”, contou, enquanto mostrava pilha de documentos que somariam R$ 6 milhões a receber até 31 de dezembro. O montante seria usado para realizar as festas de janeiro. “Minhas contas estão todas bloqueadas, pessoa física e jurídica.”
O Grupo Vision, que está assumindo as operações da Phormar, integra a Associação Brasileira de Empresas de Formatura (Abeform). “Me ligaram oferecendo parceria. Me senti confortável, porque é uma empresa de renome. Já conseguimos acertar praticamente todos os eventos de dezembro, e as festas de janeiro também vão acontecer.” Luiz Henrique disse que estava “no fundo do buraco”, quando recebeu o telefonema da Vision. “Eu fui testemunho de um milagre.”
O Grupo Vision, responsável pelas marcas SIM! Formaturas, 3º Grau Formaturas , Vision Formaturas e Start Formaturas, está há mais de 20 anos no mercado de eventos nos estados de Minas, Bahia, Pernambuco e São Paulo. “Iniciaremos uma auditoria na documentação e nas tratativas com fornecedores, clientes e colaboradores, a fim de garantir a realização de todos os eventos previstos e a honradez de todos os compromissos assumidos”, afirmou, em nota divulgada. “Respeitaremos integralmente os termos e condições dos contratos celebrados com a Phormar, garantindo que os eventos sejam realizados conforme planejado.”