Polícia Civil vai apurar tortura e abuso sexual contra menina de 2 anos
A Polícia Civil de Matias Barbosa instaurou inquérito para apurar um caso de tortura contra uma menina de dois anos, que também teria sido abusada sexualmente pelo companheiro da sua mãe. O homem, de 20 anos, e a mãe da criança, 21, foram presos, no último domingo, pela Polícia Militar e trazidos para a Delegacia de Santa Terezinha, onde tiveram as prisões confirmadas. Ele foi conduzido para o Ceresp e a mulher para a penitenciária Ariolsvaldo Campos Pires.
De acordo com o registro policial, a PM foi acionada pela avó da criança, na Policlínica Municipal de Matias Barbosa. A mulher relatou que havia visitado a filha, no sábado, por volta das 21h, quando reparou que a neta apresentava ferimentos na cabeça e um comportamento amedrontado, sendo levada para atendimento médico.
Ainda segundo o boletim de ocorrência, diante das informações da avó, os policiais deixaram a policlínica em busca da mãe da criança e do companheiro dela. Eles foram localizados, e a mulher relatou que a filha teria sofrido uma queda, quando tomava um banho na tarde da sexta-feira. Segundo a mãe, a menina caiu de frente, batendo com o rosto no chão e ainda teria expelido sangue pela boca.
A mulher alegou que procurou assistência médica para a menina na noite do acidente, mas, devido à demora no atendimento, foi embora. De acordo com a PM, foi feita uma pesquisa para checar se a criança recebeu atendimento médico, mas nenhum registro foi realizado com o nome dela no dia do ocorrido. O padrasto da criança apresentou a mesma versão da companheira.
Por recomendação médica, devido às lesões que apresentava, a menina foi transferida de Matias Barbosa para o Hospital Pronto Socorro (HPS) de Juiz de Fora na companhia do pai biológico. Como apontou o registro policial, a avaliação realizada no HPS apontou que a vítima sofreu equimose no olho esquerdo e edema frontal, além de equimose na região genital, indicando um possível estupro. A garota teria relatado ao pai e a uma testemunha que havia apanhado do padrasto.
Os policiais que atenderam ao caso ainda constataram que funcionários que realizaram o atendimento da menina na policlínica de Matias e no HPS contaram que ela apresentava diversas lesões pelo corpo. O caso foi encaminhado para a delegacia de Santa Terezinha, que emitiu uma guia para exames complementares na vítima, a fim de confirmar a materialidade dos fatos. O registro da PM ainda ressalta que, no HPS, a criança teria dito para uma tia e uma assistente que o “dodói” teria sido feito por alguém com o mesmo nome do padrasto.
Para garantir a integridade física da vítima, a PM prendeu em flagrante o padrasto e a mãe da menina, que foram conduzidos à delegacia de Santa Terezinha e tiveram a prisão confirmada. Segundo a assessoria de comunicação da Polícia Civil de Juiz de Fora, a dupla vai responder pelo crime de tortura, previsto na lei 9.455 de 1997, que, no inciso 2, artigo primeiro, versa sobre o crime para quem submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo. A pena é de dois a oito anos de prisão.
A criança foi transferida para a Santa Casa de Juiz de Fora, onde encontra-se internada na companhia do pai biológico. A assessoria de comunicação da unidade informou que a paciente deu entrada na pediatria, na tarde de domingo. Ela está consciente e estável. Ainda conforme a assessoria, a menina está sendo medicada e foi avaliada por um cirurgião pediátrico, um pediatra e um ginecologista. Ela ainda vai passar por mais exames e ainda não há previsão de alta.