ViolĂȘncia contra crianças em casa
A violĂȘncia contra crianças e adolescentes acontece em casa, cometida por parentes prĂłximos, como pais, padrastos e tios, na maioria dos casos. Em Juiz de Fora, foram registrados 57 casos de abuso sexual entre 2006 e 2014. Entre os registros, 49 deles foram contra meninas com mĂ©dia de idade de 12 anos. O retrato dessa situação e das vĂtimas Ă© abordado no II SeminĂĄrio de DiagnĂłstico e Prevenção da ViolĂȘncia na InfĂąncia e AdolescĂȘncia, promovido pela Sociedade Mineira de Pediatria. Estupro, espancamento e humilhação sĂŁo algumas das formas de agressĂŁo mais cometidas contra os jovens.
Cerca de 40% das crianças e adolescentes atendidos pelos serviços de emergĂȘncia da saĂșde pĂșblica sĂŁo vĂtimas de violĂȘncia direta ou de negligĂȘncia, de acordo com a mĂ©dica psiquiatra e psicanalista Luci Pfeiffer, coordenadora do programa HC Dedica, que promove a defesa dos direitos da criança e do adolescente no ParanĂĄ. “Mais da metade delas vĂŁo ser violentadas ou negligenciadas novamente se o abuso nĂŁo for diagnosticado, e 10% vĂŁo morrer se nĂŁo tiverem assistĂȘncia adequada para interromper a violĂȘncia.”
Ainda conforme a mĂ©dica, a criança sempre encontra uma forma de contar que sofre agressĂŁo. “Falar diretamente Ă© mais raro, porque, muita vezes, ela se sente culpada ou Ă© ameaçada, mas ela conta por meio do seu sofrimento, de sinais e por uma sĂ©rie de dificuldades para enfrentar a vida. O profissional que atende precisa reconhecer esses sinais.”
O jovem que sofre violĂȘncia pode ter o resto de sua vida comprometida, tanto pessoal quanto profissionalmente. Pode se tornar uma pessoa agressiva e ter sua capacidade de aprendizado comprometida. Segundo Luci Pfeiffer, existem poucas polĂticas pĂșblicas eficazes no combate dessa violĂȘncia. “Temos muitas leis. O Brasil Ă© considerado um dos paĂses com as melhores leis para crianças e adolescentes, mas elas nĂŁo sĂŁo cumpridas”, destaca.
O seminĂĄrio ainda acontece hoje, no salĂŁo nobre da Santa Casa de MisericĂłrdia.