Ucrânia diz que exército russo sofreu severas baixas durante invasão

Militares ucranianos afirmam que inimigo perdeu 3.500 soldados, mas Rússia não reconhece baixas; toque de recolher foi implantado na capital Kiev


Por Agência Estado, com agências internacionais

26/02/2022 às 18h10

Segundo relatório das forças armadas ucranianas, divulgado neste sábado (26), a Rússia tem sofrido severas baixas durante a invasão dos últimos dias. Os militares ucranianos afirmam que o inimigo já perdeu 3.500 soldados, 14 aviões, oito helicópteros, 102 tanques, 536 veículos armados BBM, 15 metralhadoras pesadas e um míssil BUK em seu ataque ao país.

Além disso, a Ucrânia afirma que vem barrando avanços russos em todas as frentes. Segundo as forças armadas ucranianas, a Rússia falhou em tentativas de usar tanques e outros veículos militares para romper as defesas de Kiev.

As forças ucranianas também teriam impedido uma ofensiva russa na região de Kharkiv, onde a luta continua. Na cidade de Okhtyrka, a defesa estaria resistindo em uma guerra urbana.

As informações ainda indicam que os sistemas de defesa aérea teriam repelido com sucesso ataques de jatos russos, enquanto a força aérea ucraniana teria causado sérios danos a soldados e equipamentos militares do inimigo em Kiev, Chernigov e na região de Kherson.

Na costa, as forças navais do país teriam colocado minas em todas as áreas de pouso, para evitar a entrada de mais tropas.

Rússia não reporta baixas no combate

As informações acerca das perdas russas são todas provenientes do lado ucraniano do combate e podem ser exageradas. Contudo, a própria Rússia não sinaliza suas possíveis casualidades.

Em um comunicado à imprensa no sábado, o Ministério da Defesa russo não reportou perdas do seu lado durante a invasão, listando apenas baixas em equipamentos militares ucranianos.

Além disso, na sexta, o porta-voz do Ministério russo da Defesa, Major General Igor Konashenkov, afirmou não terem havido quaisquer casualidades do seu lado.

Um comunicado do Ministério da Defesa Britânico, por sua vez, considera que “as casualidades russas são provavelmente mais pesadas e maiores do que o previsto ou admitido pelo Kremlin”.

Kiev decreta toque de recolher após expansão de ofensiva militar russa

O prefeito da cidade de Kiev, Vitali Klitschko, impôs um toque de recolher que durará da noite deste sábado (na Ucrânia) até a manhã de segunda-feira sem intervalos, disse o gabinete do prefeito. “Para uma defesa mais eficaz da capital e segurança de seus moradores, o toque de recolher será das 17 horas de hoje, 26 de fevereiro de 2022, até a manhã de 28 de fevereiro”, afirmou em comunicado.

O gabinete disse que são necessárias regras estritas para limpar a cidade, que está sob bombardeios e tiros, de “grupos de sabotagem e reconhecimento do inimigo”. O comunicado ainda acrescenta que todas as pessoas que estiverem nas ruas durante este período “serão consideradas membros de grupos sabotadores inimigos”.

O prefeito de Kiev implorou a outras nações que interviessem imediatamente contra o ataque que, segundo ele, matou civis. “Está acontecendo no coração da Europa”, disse em um vídeo postado no Twitter . “Não há tempo para esperar, porque vai levar à catástrofe humanitária.”

O Exército da Rússia recebeu ordens neste sábado para expandir sua ofensiva contra a Ucrânia, apesar do crescente protesto internacional em sentido contrário, alegando que Kiev rejeitou as negociações.

“Hoje, todas as unidades receberam a ordem de ampliar a ofensiva em todas as direções, de acordo com o plano de ataque”, declarou o Ministério russo da Defesa, em um comunicado.

O Kremlin disse que o presidente Vladimir Putin havia ordenado uma pausa nos avanços das tropas na sexta-feira enquanto considerava possíveis negociações com a Ucrânia.

Porém, o governo russo disse nesta quarta que a Ucrânia rejeitou as negociações. O país, no entanto, não confirmou a rejeição das conversas, nem está claro que as forças russas interromperam de fato seu avanço na sexta-feira.

“Putin deu uma ordem na sexta-feira para interromper o avanço das tropas russas”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, a repórteres em uma breve teleconferência neste sábado. Peskov acrescentou: “Como o lado ucraniano basicamente recusou as negociações, hoje o avanço das principais forças russas foi renovado de acordo com o plano da operação.”

O presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, propôs a Vladimir Putin uma negociação na sexta-feira. Ele disse que estava disposto a dialogar e até mesmo adotar um “status neutro” – o que, na prática, significaria o abandono da ambição de entrar na Otan.

“Não temos medo de falar sobre nada. Sobre garantias de segurança para nosso país. Não temos medo de falar sobre o status neutro, e não estamos na Otan no momento”, disse ele, antes de ressaltar que essa condição tornaria seu país vulnerável a futuras agressões. “Mas que garantias e, mais importante, quais países específicos nos dariam garantias?” “Eu quero mais uma vez fazer um apelo ao presidente da Federação Russa. Vamos sentar na mesa de negociações e parar as mortes”

Terceiro dia de ataques

No terceiro dia de ataques à Ucrânia, as tropas russas tentam tomar a capital Kiev, mas encontraram resistência das forças ucranianas e da população civil. De acordo com dados do Ministério da Saúde da Ucrânia, citados pela agência Interfax, 198 pessoas morreram desde o início da invasão russa, incluindo três crianças. Além disso, 1.115 pessoas ficaram feridas, incluindo 33 crianças.

Por toda a Ucrânia, as pessoas se amontoaram em abrigos antiaéreos, fizeram fila em caixas eletrônicos e estocaram itens essenciais. O Reino Unido disse que a maioria das forças russas está a cerca de 30 km do centro de Kiev.

Segundo um oficial do Departamento de Defesa dos Estados Unidos informou ao jornal The New York Times, a maioria das mais de 150 mil forças russas concentradas contra a Ucrânia estão lutando no país, mas essas tropas estão “cada vez mais frustradas por sua falta de impulso”.

Apesar de agora ter mais da metade de seu poder de combate dentro da Ucrânia, as tropas russas ainda não controlam nenhuma cidade, embora estejam se aproximando da capital Kiev e de outros centros urbanos, disse a autoridade.

No entanto, e apesar da resistência ucraniana, particularmente em torno de Kiev e Kharkiv, a maioria dos analistas americanos e ocidentais espera que os militares ucranianos desarmados sucumbam para as forças armadas russas maiores e tecnologicamente mais avançadas nos próximos dias.

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