Morre voluntário brasileiro de teste da vacina de Oxford

Fonte envolvida no estudo disse que vítima teria recebido placebo


Por Agência Estado

21/10/2020 às 20h04

Um voluntário brasileiro da pesquisa da vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford com a farmacêutica AstraZeneca morreu por complicações da Covid-19. A empresa não divulgou se o homem recebeu o imunizante em teste ou o placebo, mas fonte envolvida no estudo afirmou à reportagem que ele estava no segundo grupo.

O voluntário na testagem da vacina da AstraZeneca no Brasil era um médico carioca, recém-formado, de 28 anos, que trabalhava na linha de frente do atendimento à Covid-19 em hospitais públicos e particulares no Rio. Ele adoeceu em setembro e morreu na quinta-feira (15) de complicações decorrentes da doença. O participante do estudo não tinha comorbidades.

A morte foi revelada pelo jornal “O Globo” e confirmada pelo Estadão com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O órgão diz ter sido comunicado sobre o óbito na segunda-feira (19). De acordo com a agência, o Comitê Internacional de Avaliação de Segurança do estudo, formado por pesquisadores independentes, fez uma investigação sobre o caso e concluiu que a pesquisa pode seguir em andamento.

A Anvisa diz ter recebido as informações e ainda analisa o caso, mas é improvável que interrompa o estudo depois de o comitê de especialistas concluir que não há risco para os voluntários. “É importante ressaltar que, com base nos compromissos de confidencialidade ética previstos no protocolo, as agências reguladoras envolvidas recebem dados parciais referentes à investigação realizada por esse comitê, que sugeriu pelo prosseguimento do estudo. Assim, o processo permanece em avaliação”, disse a Anvisa.

De acordo com Jorge Venâncio, coordenador do órgão, pesquisas são interrompidas geralmente por dúvidas quanto à segurança do produto testado. Mesmo que o voluntário estivesse no grupo vacinado, o fato de ele ter adoecido estaria mais relacionado ao aspecto de eficácia do imunizante. “Problemas de eficácia não levam à interrupção do estudo. Primeiro, porque nenhuma vacina é 100% eficaz. Segundo, porque o estudo clínico é justamente para ver essa questão: qual foi a incidência da doença em cada grupo e analisar se a vacina funciona.”

Em nota, a Astrazeneca informou que obedece estritamente a confidencialidade médica e regulamentações relativas a estudos clínicos.
A Universidade de Oxford, onde a vacina foi desenvolvida, divulgou nota oficial dizendo que “depois de uma cuidadosa análise do caso no Brasil, não há preocupações sobre a segurança do ensaio clínico”.

A Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), responsável por coordenar os testes clínicos da vacina no Brasil, divulgou nota na mesma linha. Disse que o estudo avança como o esperado. Disse ainda que, até agora, oito mil dos dez mil voluntários que serão recrutados já tomaram ao menos uma das doses da vacina em teste. A instituição se solidarizou com a família da vítima.

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