Imprensa internacional destaca discurso de Bolsonaro na ONU questionando vacina
Organização higienizou púlpito e trocou microfone após fala do presidente
O discurso do presidente brasileiro, Jair Bolsonaro (sem partido), na Assembleia-Geral da ONU repercutiu de forma negativa em vários países, como mostra a imprensa mundial. Bolsonaro voltou a defender o uso da cloroquina e de tratamentos precoces contra a Covid-19 e questionou o motivo de outros países não adotarem as práticas.
“Sem estar vacinado, Bolsonaro do Brasil quebra sistema de honra da vacina da ONU durante discurso”, escreveu o jornal americano The Washington Post, se referindo ao pedido das Nações Unidas para todos os líderes mundiais se vacinarem contra a Covid.
O The Wall Street Journal explicou que uma das condições para a participação dos líderes mundiais na Assembleia era estarem vacinados. Mas, como ficou provado, não houve uma verificação e cumprimento deste “sistema de honra”. “Em seu discurso, o senhor Biden encorajou os países a adotarem planos nacionais mais ambiciosos para reduzir a emissão de gases do efeito estufa e pressionou os países desenvolvidos a darem mais dinheiro aos países em desenvolvimento”, destacou o jornal.
O site do jornal britânico The Guardian também destacou o fato de Bolsonaro ter criticado a obrigatoriedade da vacina contra o novo coronavírus em sua manchete.
O americano The New York Times escreveu: o presidente do Brasil liderou uma das respostas mais criticadas no combate à pandemia”. Em sua página do ‘ao vivo’, pela qual está sendo feita a transmissão dos discursos, o NYT destaca os protestos que ocorreram em Nova York contra Bolsonaro e o líder iraniano.
O espanhol El País, em sua página de Américas, destacou o discurso de Bolsonaro e, em seguida, um artigo dizendo “Não é culpa apenas de Bolsonaro o fato do mundo rir do Brasil”. O texto destaca o passeio do presidente brasileiro por Nova York, sem máscara e sem estar vacinado.
Organização higienizou púlpito e trocou microfone após fala de Bolsonaro
No intervalo entre os discursos do presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, e do presidente dos EUA, Joe Biden, na Assembleia-Geral das Nações Unidas, funcionários da ONU limparam o púlpito e trocaram a cabeça do microfone usado pelos chefes de Estado no palanque, informou o Wall Street Journal.
“Os chefes de Estado e seus assessores devem ser vacinados para entrar na sala de reuniões. Mas os funcionários da ONU não fiscalizam o cumprimento da regra, e confiam nos convidados. O presidente brasileiro Jair Bolsonaro, que testou positivo para Covid-19 em 2020 e disse que não está vacinado, falou antes de Biden. A Casa Branca disse que o púlpito foi limpo e a cabeça do microfone substituída entre os discursos”.
A apuração do Wall Street Journal não deixa claro se é um procedimento de higienização adotado com todos os chefes de Estado e líderes que discursam presencialmente na Assembleia-Geral, ou se foi apenas um caso isolado. O procedimento, no entanto, não foi adotado entre os discursos presenciais do presidente da 76ª sessão da Assembleia-Geral, Abdulla Shahid, ministro das Relações Exteriores das Maldivas, e o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres.