Bolsonaro diz que ‘acabou com a Lava Jato’, pois “não há mais corrupção no Governo”

Presidente deu declaração em cerimônia realizada nesta quarta no Palácio do Planalto


Por Brasília (AE)

07/10/2020 às 21h38- Atualizada 08/10/2020 às 08h14

O presidente Jair Bolsonaro disse nesta quarta-feira (7) que acabou com a Operação Lava Jato porque, segundo ele, “não há mais corrupção no governo”. A declaração foi uma resposta às críticas de lavajatistas por ter se aproximado de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) que se posicionam contrários à operação tocada pelo ex-juiz Sérgio Moro.

Os ministros Gilmar Mendes e Dias Toffoli chancelaram o nome do desembargador Kassio Marques para a vaga a Corte. Bolsonaro selou a indicação após uma reunião com os dois integrantes da Corte. O gesto motivou uma reação negativa de apoiadores e aliados tradicionais do presidente.

“É um orgulho, é uma satisfação que eu tenho, dizer a essa imprensa maravilhosa que eu não quero acabar com a Lava Jato. Eu acabei com a Lava Jato porque não tem mais corrupção no governo. Eu sei que isso não é virtude, é obrigação”, disse em cerimônia no Palácio do Planalto na tarde desta quarta-feira (7).

A indicação de Kassio, costurada com o apoio do Centrão e do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), vem sendo contestada por diversos grupos de apoio ao presidente. Evangélicos, ideológicos militares e lavajatistas externaram nas redes sociais e nos bastidores do governo a decepção com o escolhido.

Na ocasião, Bolsonaro voltou a sair em defesa de Marques. “Quando eu indico qualquer pessoa para qualquer local, eu sei que é uma boa pessoa tendo em vista a quantidade de críticas que ela recebe da grande mídia”, disse Bolsonaro.

Suspeita de plágio

Após inconsistências no currículo do desembargador, nesta quarta, a revista Crusoé divulgou que a dissertação de mestrado que o desembargador Kassio Nunes Marques apresentou em 2015, para a Universidade Autônoma de Lisboa, em Portugal, traz trechos idênticos a publicações feitas por outro autor, o advogado Saul Tourinho Leal. A informação foi confirmada pelo Estadão.

Os trechos idênticos chegam a incluir os mesmos erros de digitação encontrados nos artigos de Tourinho, o que aponta forte indício de plágio. A dissertação de Marques, que foi apresentada e defendida para receber o título de mestre, não faz nenhuma citação a Tourinho em suas referências bibliográficas, exigência básica para utilização de qualquer trecho de material acadêmico de outra pessoa.

No fim da tarde, Tourinho afirmou que as acusações de plágio são infundadas e que as semelhanças entre seus trabalhos e a dissertação de Kassio são “fruto de esforço mútuo dos autores”. Ele afirma ter “há anos uma relação acadêmica com o desembargador” e afirmou que os artigos supostamente plagiados são frutos de “debates, discussões e troca de informações acadêmicas, que, em conjunto com o Kassio, constituíram um acervo doutrinário comum para ser utilizado na produção acadêmica de ambos.”

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