Mandetta fez depoimento ‘produtivo e além da expectativa’, avalia relator da CPI da Covid

Ex-ministro Nelson Teich será ouvido nesta quarta-feira, e Pazuello no dia 19 de maio


Por Amanda Pupo (Agência Estado)

04/05/2021 às 20h07

Relator da CPI da Covid, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) classificou o depoimento do ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta à comissão como “produtivo e além da expectativa”. “Foi recheado de informações. Presença de Mandetta vai ajudar muito para que possamos aprofundar toda a investigação”, disse Renan em coletiva à imprensa após o encerramento da sessão.

Ao lado de Mandetta, o relator afirmou ainda acreditar que o depoimento de Nelson Teich, segundo titular da Saúde no governo Bolsonaro, também será “além da expectativa”. A oitiva de Teich foi remarcada para esta quarta-feira (5), após a mudança de data do depoimento do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello.

Ao comentar a alteração, Renan ironizou a postura do mais longevo ministro da Saúde durante a pandemia. “Isso caracteriza perda e ganho. Perda porque só vamos o ouvir no dia 19, e ganho porque parece que está havendo conversão, ele quer depor remotamente porque é contra aglomeração”, disse o senador do MDB Pazuello pediu que o dia do seu depoimento fosse alterado após ter tido contato com dois servidores que testaram positivo para a Covid-19. A outra alternativa era falar à comissão remotamente. Os senadores optaram por remarcar sua presença para o dia 19 de maio.

Dolo

Durante a coletiva de imprensa após o depoimento, Mandetta foi perguntado sobre se enxergava dolo por parte do governo quando não adquiriu vacinas contra a Covid-19, apostando na teoria da imunidade de rebanho como forma de combate à doença. Atribuindo à CPI da Covid o papel de responder essa questão, Mandetta apenas disse que houve orientação conflitante entre o Planalto e as orientações técnicas do Ministério da Saúde. “Mas se isso tinha razão de ser, se era achismo, se tinha algo além disso, cabe a comissão (dizer)”, respondeu Mandetta. “Eu orientando de uma maneira, e presidente fazendo de uma maneira diferente”, afirmou, reforçando o que disse durante o depoimento.

Exoneração ou pedido de demissão?

Ainda durante depoimento à CPI da Covid, Mandetta disse que, antes de ser exonerado do cargo, o presidente lhe questionou se poderia publicar a demissão como sendo feita à pedido do próprio ministro.

“Ele Bolsonaro me perguntou: você não quer que eu altere a sua exoneração para a pedido? Eu disse que não”, relatou Mandetta. “Eu prefiro ser exonerado pelo senhor mesmo. Pode sair com a sua lavra. Acho melhor. Porque, se não, estaria até hoje, provavelmente numa CPI como essa, e as pessoas me dizendo que eu tinha desistido”, apontou. “Eu nunca pedi para sair. Eu não pedi demissão. Deixei muito claro que médico não abandona paciente”, disse Mandetta ao colegiado. Conforme narrou, mesmo após sua saída do Ministério, ainda alertou o presidente para a situação de saúde pública em Manaus e no Rio de Janeiro.

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