O luxo está se transformando! Hoje, não basta apenas vestir marcas icônicas – é preciso compreender a trajetória de cada item, seu impacto no planeta e o valor simbólico que carrega além do logo. A busca por escolhas mais responsáveis impulsiona um mercado que cresce globalmente: a moda sustentável.
Nesse cenário, o comércio circular de luxo ganha impulso como uma alternativa sofisticada a consumidores cada vez mais atentos ao impacto ambiental e social de suas escolhas.
“A ideia de criar o brechó surgiu quando eu já garimpava peças estratégicas para minhas clientes de ‘personal shopper’ e, como esse trabalho era de minha responsabilidade, eu me sentia na obrigação de garantir a autenticidade das peças que escolhíamos, entre bolsas, relógios, cintos, calçados e óculos”, conta Michelle Assis, consultora de imagem e estilo, fundadora da Heyuse – primeiro brechó de luxo de Juiz de Fora e região.
Com o olhar apurado, Michelle se especializou em autenticação de peças, uma competência essencial nesse segmento. “Fiz cursos em plataformas estrangeiras e me tornei especialista no assunto”, explica.
Sua trajetória acompanha a expansão de um movimento global: segundo estimativas da ThredUp, o mercado de segunda mão foi avaliado em US$ 177 bilhões em 2022, com expectativa de ultrapassar os US$ 350 bilhões até 2027. No país, o Opinion Box (2023) aponta que cerca de 35% dos brasileiros já compraram em brechós ‘online’.

Um mercado em transformação
Por trás desse crescimento, está uma mudança profunda no comportamento de compra. A indústria da moda é a segunda mais poluente do mundo, atrás apenas do setor petrolífero. A produção global de roupas dobrou entre 2000 e 2020, mas, paradoxalmente, a vida útil das peças caiu cerca de 40%. Segundo a Ellen MacArthur Foundation, a cada segundo, o equivalente a um caminhão de roupas é descartado em aterros sanitários ou incinerado. O resultado: mais de 92 milhões de toneladas de resíduos têxteis gerados anualmente, o que torna urgente repensar a maneira como consumimos moda. (*Dados referentes até 2024.)
Peças que contam novas histórias
Negócios como a Heyuse representam essa mudança: uma proposta de curadoria sofisticada, que permite que itens de luxo ganhem novas histórias, reduzindo o desperdício e democratizando o acesso a peças exclusivas. O ‘re-commerce’ promove ainda o consumo inteligente e estende o ciclo de vida das peças.
“Como eu já conhecia várias donas de brechó de luxo do Brasil afora – e Juiz de Fora não tinha ninguém que atuasse nesse segmento -decidi embarcar nessa jornada da moda sustentável e estamos há quatro anos realizando sonhos e participando dos momentos de conquista pessoal de clientes não só juiz-foranas, mas de todo Brasil”, celebra Michelle.
Além de oferecer novas possibilidades, o modelo circular – que inclui aluguel, revenda e o reaproveitamento criativo do ‘upcycling’ – pode reduzir em até 90% o impacto ambiental de uma peça de roupa ao longo de sua vida útil.
A tendência convida todos nós a repensarmos como consumimos, escolhemos e valorizamos aquilo que usamos e vestimos. A circulação consciente é símbolo de um novo tempo, que valoriza qualidade, história e, sobretudo, responsabilidade. “O futuro da moda é circular!”, conclui Michelle.
FICHA TÉCNICA
Looks: Heyuse – Recommerce de Luxo Fotos: Mila Micherif