Crochê em alta e o talento de Diana Miranda, artesã juiz-forana que transforma fios em peças únicas e cheias de significado.
O crochê vive um momento especial: veio forte nas passarelas das últimas semanas de moda, ganhou as redes e ruas, reafirmando o valor do feito à mão. Em tempos de produção acelerada, cresce o desejo por peças com história, cuidado e exclusividade. E o crochê simboliza exatamente essa busca por afeto, autenticidade e consumo consciente.
É nesse cenário que conversei com Diana Miranda, artesã e criadora da marca de bolsas que leva seu nome, divulgada no Instagram @diana.miranda58. Aposentada, esposa, mãe, avó e apaixonada pela arte desde criança, ela encontrou no crochê moderno uma forma de unir técnica, sensibilidade e expressão pessoal, criando bolsas e acessórios que se tornaram sua assinatura.
Diana tece também vestidos, blusas, porta-vinhos, jarrinhos decorativos e cachepôs de diversos tamanhos e modelos. E se cada peça feita à mão é única, o sentimento ao vê-la ganhar o mundo também é. “É muito bom ver alguém usando algo que fiz com as minhas mãos. Fico agradecida a Deus pela capacidade e habilidade que Ele me deu e orgulhosa do meu trabalho”, diz, com a simplicidade de quem transforma tempo e talento em arte.

Patrícia Alvim: Como o crochê entrou na sua vida?
Diana Miranda: “Aprendi com 8 anos de idade, com minha saudosa tia Júlia. Desde então, nunca mais abandonei as linhas e as agulhas. Aquele tradicional crochê da vovó.”
Em que momento você percebeu que o crochê poderia ser mais do que um ‘hobby’?
Diana: “Ao longo da vida fiz vários trabalhos em crochê remunerados, sempre esporádicos. Em 2021, me encantei com o dito “crochê moderno” e daí para as bolsas foi questão de tempo. Como não dá para fazer e acumular bolsas ou simplesmente dar de presente, pois os materiais têm um custo elevado, abri para vendas.”
O que significa o “moderno” dentro de uma técnica tão tradicional?
Diana: “O “moderno” é um jeito novo de fazer o crochê, com fios mais grossos e agulhas de numeração maior, uma infinidade de novas combinações de pontos, terminações cada vez mais aperfeiçoadas e as tendências atuais.”

Hoje estamos vivendo um movimento muito forte do feito à mão na moda. Por que você acha que as pessoas voltaram a valorizar o artesanal?
Diana: “Acredito que por um conjunto de fatores, desde a busca por produtos de maior qualidade e exclusividade, com acabamento cuidadoso, que expressam a individualidade e, também, a preocupação com a sustentabilidade e a valorização do artesão.”
Quais são suas referências e inspirações para criar as peças?
Diana: “A maior fonte de pesquisa é a internet e as tendências da moda no mundo. Mas também compro vários cursos de profissionais que se dedicam seriamente à arte do crochê, para aperfeiçoar cada vez mais meu trabalho.”
Como nasce uma peça sua? Quanto tempo gasta em cada peça?
Diana: “Primeiro escolho o tipo de fio que será usado, agulha, acessórios que serão colocados naquela peça, tamanho, formato desejado… Aí surge a ideia, inspirada nas aulas e técnicas conhecidas. O tempo gasto depende muito de cada peça, de seu tamanho e complexidade.”

Falando em materiais: quais fios, texturas ou técnicas você mais gosta de trabalhar? E sobre as cores?
Diana: “Comecei com o fio de malha, que em algumas produções uso até hoje. Mas o principal para as bolsas é o fio náutico de poliéster ou de polipropileno. As cores mais procuradas são as neutras como os tons de marrom, bege, tons terrosos, verde escuro e o preto. Terracota e mostarda são cores que eu amo. As cores mais vibrantes são feitas a pedido da cliente, acompanhando a tendência da moda.”
O crochê é uma técnica que carrega memória, calma, tempo. O que você sente enquanto tece?
Diana: “Viajo, literalmente… Contando pontos, olhando sempre se o trabalho está ficando bem-feito, a gente se desliga… É uma terapia e tanto!”
Quais tendências você observa hoje no crochê dentro da moda?
Diana: “As bandanas voltaram com tudo… na cabeça, na cintura, no pescoço. As ‘headpieces’, saídas de praia, acessórios, vestidos, blusas, roupas masculinas, decoração. Em quase tudo hoje se vê o crochê.”
FICHA TÉCNICA
Peças: Diana Miranda/ Fotos: Diana Miranda





