Um casal de idosos nos Estados Unidos encontrou uma maneira incomum — e completamente legal — de “hackear” o sistema de loteria do estado em que moravam.
Jerry e Marge Selbee, aposentados e moradores de uma pequena cidade em Michigan, usaram matemática básica para identificar uma falha nas regras de um jogo de loteria estadual. O resultado: mais de R$ 142 milhões em prêmios acumulados ao longo de quase uma década.
A história, surpreendente pela engenhosidade e ausência de fraude, foi parar nas telas de cinema com a produção de um filme estrelado por nomes de peso de Hollywood: “Jerry e Marge Tiram a Sorte Grande“, disponível no streaming Paramount+.
Prêmio de mais de R$ 142 milhões foi para casal que hackeou loteria
A descoberta aconteceu em 2003, quando Jerry, recém-aposentado e com formação em matemática, se deparou com um panfleto do jogo “Winfall”.
Diferente das loterias tradicionais, essa modalidade previa que, caso ninguém acertasse os seis números sorteados, o prêmio acumulado seria redistribuído entre os bilhetes com acertos de cinco, quatro e até três números.
Foi justamente essa peculiaridade que chamou a atenção de Jerry. Com papel e lápis, ele rapidamente percebeu que, em certos períodos chamados de “rolldown”, investir grandes quantias em bilhetes com combinações bem planejadas garantia retornos quase certos.
O método era simples em conceito, mas exigia alto investimento e organização. Jerry começou testando com pouco dinheiro, comprovando que os retornos da loteria eram reais.
Quando os valores investidos aumentaram, ele compartilhou a descoberta com a esposa e logo criaram uma pequena empresa para administrar os ganhos e atrair investidores locais.
Agricultores, comerciantes e até advogados compraram cotas. Os Selbee, por sua vez, viajaram por vários estados para aproveitar jogos com regras semelhantes, como o “Cash Winfall” em Massachusetts.
Vitórias na loteria chamou a atenção das autoridades
Durante anos, o casal repetiu a estratégia, comprando milhões de bilhetes manualmente, classificando-os em quartos de hotel, e mantendo registros meticulosos de tudo.
Quando jornais locais perceberam padrões estranhos de vitórias em determinadas lojas, o caso chamou atenção das autoridades.
Uma investigação formal foi conduzida pelas loterias e pelas autoridades. O que encontraram? Nada ilegal.
Os Selbee, assim como outro grupo de estudantes do MIT que teve ideia semelhante, agiram dentro das regras. Eles apenas entenderam as probabilidades melhor do que os próprios organizadores.
O jogo foi encerrado, mas o casal já havia vencido. Hoje, vivem com tranquilidade e a consciência de que usaram apenas lógica e paciência para driblar o acaso. O dinheiro financiou os estudos dos netos do casal.