Parece que os preços baixos nas plataformas chinesas Shein e Temu estão com os dias contados, pelo menos para os consumidores americanos. A partir de 25 de abril, as compras realizadas por clientes dos Estados Unidos nessas plataformas ficarão mais caras. A mudança é reflexo direto do chamado “tarifaço” anunciado pelo presidente Donald Trump, que elevou para 145% a taxa de importação sobre produtos vindos da China e pôs fim à isenção alfandegária para itens de até US$ 800.
As duas empresas confirmaram que os aumentos de preços são inevitáveis e publicaram comunicados separados, mas com conteúdo semelhante, divulgados pela Associated Press. A estratégia é clara: alertar os consumidores e, ao mesmo tempo, estimular compras imediatas antes que os novos valores entrem em vigor.
Concorrência sob pressão
Shein e Temu, que conquistaram o mercado mundial com preços muito baixos, se tornaram alvos diretos de empresas americanas como Amazon, Walmart e Forever 21. O crescimento acelerado dessas plataformas acendeu o alerta em Washington. Em 2023, o número de remessas de produtos de baixo custo vindos da China saltou de 140 milhões para 1 bilhão.
A Casa Branca já vinha discutindo o impacto da isenção alfandegária, acusando o benefício de facilitar concorrência desleal e, inclusive, a entrada de produtos ilícitos. Pressionada por empresas nacionais, como a Forever 21, que enfrentou seu segundo pedido de recuperação judicial em março, com dívida de US$ 1,51 bilhão, a administração americana decidiu agir.
Substituição da isenção por taxas progressivas
Inicialmente, o plano de Trump era substituir a isenção por uma tarifa de 30% ou US$ 25 por item. Mas isso não durou muito. Em rápida escalada, o valor foi ajustado para US$ 50 e, no início deste mês, passou para US$ 75. A tendência, segundo analistas, é que essas tarifas impactem diretamente a competitividade dos produtos importados da China.
Pressa para comprar antes do aumento
O tom dos comunicados da Shein e da Temu indica que, apesar do impacto, as empresas tentarão amenizar as perdas com promoções de curto prazo. O objetivo é claro: incentivar os consumidores a aproveitarem os preços ainda baixos antes da alta definitiva.
Essa mudança deve influenciar não apenas os hábitos de consumo nos EUA, mas também as estratégias de expansão dessas plataformas em outros países, inclusive no Brasil.