O empresário e ex-vice-governador do Distrito Federal, Paulo Octávio, revelou nesta semana que recebe mensalmente cerca de R$ 4 mil do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Segundo ele, trata-se de um benefício legítimo, fruto de uma trajetória de trabalho iniciada ainda na adolescência.
A declaração ganhou repercussão por vir à tona enquanto empresas seu nome aparecem em documentos ligados a uma investigação da Polícia Federal sobre fraudes em descontos indevidos em aposentadorias do INSS.
Embora Paulo Octávio não figure como alvo da operação, a menção a empresas do seu grupo em relatórios financeiros chama atenção.
INSS paga R$ 4 mil de aposentadoria a Paulo Octávio
O empresário confirmou publicamente o valor da sua aposentadoria, enfatizando que contribui com a Previdência desde os 15 anos de idade.
A surpresa, no entanto, não se deve ao valor em si, mas à coincidência de que duas empresas do grupo PaulOOctávio apareceram em relatórios do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), anexados ao inquérito que apura desvios no INSS.
Os documentos apontam movimentações bilionárias consideradas atípicas. No período entre fevereiro de 2019 e fevereiro de 2020, por exemplo, a Paulo Octávio Investimentos Imobiliários movimentou mais de R$ 911 milhões.
Já a Paulo Octávio Imobiliária e Administradora registrou transações de R$ 130 milhões apenas em 2021, segundo o relatório do Coaf.
As movimentações em si não são prova de irregularidade, mas foram incluídas nos Relatórios de Inteligência Financeira (RIFs) do Coaf por atenderem critérios técnicos que exigem comunicação às autoridades, como altos valores ou padrões fora do comum.
Parte dessas transações envolveram pessoas sob investigação, como Milton Salvador de Almeida Júnior — ex-sócio em atividades empresariais do grupo PaulOOctávio — e conhecido por sua ligação com Antonio Carlos Camilo Antunes, apelidado de “Careca do INSS”, apontado como figura central no esquema fraudulento.
Defesa de Paulo Octávio diz que suas empresas não são investigadas nos desvios do INSS
A defesa de Paulo Octávio esclareceu que nenhuma das empresas do grupo é parte do processo investigado.
Em nota, informou que Milton Salvador prestou serviços de auditoria e consultoria a empresas do conglomerado até 2021, mas não ocupava cargo interno nem havia conhecimento, à época, de suas associações com investigados.
Figura de destaque na política e no setor imobiliário do DF, Paulo Octávio já foi deputado federal, senador e vice-governador. Além disso, comanda um império empresarial que inclui construtoras, centros comerciais e a TV Brasília.
Mesmo envolvido apenas de maneira indireta nas apurações sobre desvios do INSS, seu nome retorna ao debate público em meio a um caso que mexe com os pilares da Previdência brasileira.