Mesmo com um cenário de incerteza econômica e restrições fiscais, o Brasil tem avançado na captação de investimentos privados para a infraestrutura. Em 2024, os aportes federais em logística somaram R$ 14,9 bilhões (US$ 2,6 bilhões), registrando um crescimento de 8,7% em relação ao ano anterior.
A maior parcela desse montante, R$ 13,5 bilhões, foi direcionada para o setor rodoviário, com alta de 5,2% em comparação a 2023. Já os investimentos em ferrovias tiveram um salto de 70,9%, chegando a R$ 266 milhões. No setor aeroportuário, os aportes atingiram R$ 940 milhões, um aumento de 49,7%, enquanto o setor aquaviário recebeu R$ 246 milhões, expandindo-se em 43,3%.
Leilões programados
Com o financiamento público se aproximando do limite, o governo federal pretende ampliar a participação privada com 82 leilões de infraestrutura em 2025, dentro do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), totalizando R$ 130 bilhões. Desse total, 42 projetos são federais e os demais pertencem a estados e municípios. Caso se concretizem, esses leilões representarão o melhor desempenho do PPI desde sua criação, superando o recorde de 2021, quando foram realizados 66 leilões.
- Setores contemplados nos projetos: portos; hidrovias; mineração; irrigação; óleo e gás; saneamento; iluminação pública; parcerias público-privadas (ppp) para a educação infantil
- Rodovias: 15 leilões previstos para 2025 (mais que o dobro dos sete realizados no ano anterior). Primeiro leilão ocorreu em fevereiro: concessão da Agro Norte (BR-364/RO) para o consórcio 4UM e Opportunity. Investimento estimado: R$ 10,23 bilhões ao longo de 30 anos
- Saneamento: leilões programados para os sistemas de Goiás, Rondônia e Paraíba. Expectativa para o leilão do sistema de Pernambuco, que pode ser o maior do país. Investimento estimado para Pernambuco: R$ 18,9 bilhões
Investimento em infraestrutura
O governo Lula tem ampliado os investimentos em infraestrutura pública enquanto avança nas concessões, relançando em 2023 o Novo PAC. No entanto, as restrições fiscais dos últimos meses destacam a necessidade de maior participação privada. A decisão política de ampliar privatizações e a evolução na modelagem dos projetos, com novos mecanismos para mitigar riscos, têm atraído investidores e impulsionado o setor.
Apesar dos desafios, como juros elevados e câmbio instável, o apetite dos investidores permanece alto. A melhoria na estruturação e governança dos projetos tem sido essencial para garantir sua viabilidade. Com uma ampla carteira de concessões, o Brasil busca se consolidar como um dos principais mercados de infraestrutura, equilibrando investimentos e estabilidade econômica.