Cientistas identificaram uma descontinuidade em uma das maiores estruturas do centro da Via Láctea, denominada G359.13–0.20, também conhecida como “Serpente”. Esse filamento, que possui semelhanças com um osso cósmico, é composto por campos magnéticos e partículas altamente energizadas, estendendo-se por aproximadamente 230 anos-luz e localizado a cerca de 26 mil anos-luz da Terra.
A chamada “fratura galáctica”, termo utilizado pelos pesquisadores, não representa uma ruptura física real, mas sim uma interrupção ou distúrbio na continuidade do filamento. Essa expressão metafórica ilustra como eventos cósmicos extremos podem causar alterações no delicado tecido magnético que permeia essa região da galáxia.
Fratura galáctica
No caso da Serpente, os pesquisadores concluíram que a descontinuidade foi causada pela passagem rápida e colisão de um pulsar — uma estrela de nêutrons extremamente densa, magnetizada e que gira em alta velocidade. Estima-se que o pulsar tenha se deslocado a uma velocidade entre 1,6 e 3,2 milhões de quilômetros por hora.
Esse impacto intenso distorceu o campo magnético do filamento, acelerando partículas como elétrons e pósitrons — estes últimos sendo a antimatéria dos elétrons — que geram a emissão de raios X observada na região, indicando a forte energia envolvida no fenômeno.

Análise e participação
Para analisar essa fratura galáctica, os cientistas utilizaram dados coletados por equipamentos avançados, entre eles o Observatório de Raios X Chandra, da NASA, o radiotelescópio MeerKAT, na África do Sul, e o Very Large Array, nos Estados Unidos. As observações em diferentes faixas do espectro eletromagnético, especialmente em ondas de rádio e raios X, foram essenciais para revelar estruturas que não são visíveis à luz comum, permitindo identificar alterações no campo magnético e na emissão energética do filamento afetado.
A pesquisa foi divulgada na edição de maio de 2024 da revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society e envolveu colaboradores de várias instituições ao redor do mundo, entre elas a Northwestern University, o Centro de Astrofísica Harvard & Smithsonian, além de universidades situadas na Austrália, Canadá e Estados Unidos.