Sabores que remetem à infância não apenas aquecem o coração, como também podem ter um papel relevante na promoção da saúde dos idosos. Um estudo recente da Universidade Estadual de Washington, nos Estados Unidos, revelou que a chamada “comida afetiva” pode ser uma aliada importante no estímulo ao apetite e na prevenção da desnutrição, condição frequente entre pessoas idosas.
A pesquisa envolveu 81 participantes com mais de 60 anos, que experimentaram diversas opções de refeições matinais e sobremesas. Além dos testes de sabor, os voluntários responderam a questionários sobre suas memórias relacionadas à alimentação. Os resultados mostraram que alimentos conectados a lembranças positivas influenciaram significativamente as escolhas dos idosos, favorecendo uma melhor aceitação dos pratos servidos.
Comidas afetivas para idosos
Alimentos como queijos, pudins e biscoitos despertaram sentimentos de aconchego e lembranças afetivas, o que contribuiu para uma maior aceitação durante os testes. Curiosamente, o churrasco — embora não estivesse presente entre as opções oferecidas — foi frequentemente citado pelos participantes, demonstrando seu valor simbólico e afetivo.
Esses dados ressaltam como o vínculo emocional com certos pratos pode influenciar positivamente a relação com a comida. De acordo com o nutricionista João Motarelli, do Instituto Consciência Alimentar, esse tipo de conexão é especialmente útil para idosos que lidam com perda de apetite, dificuldade para mastigar, mudanças no paladar ou questões digestivas.
Refeições interligadas
A comida afetiva vai muito além do simples paladar, esse conceito está profundamente ligado à cultura, às tradições familiares e às vivências pessoais. Preparações com alto teor de carboidratos e gorduras, como pães, massas e sobremesas, costumam ser apontadas como exemplos clássicos de comida afetiva. Isso porque favorecem a liberação de substâncias químicas relacionadas ao prazer e ao bem-estar, como a serotonina e a dopamina.
Em um cenário onde a alimentação é frequentemente tratada apenas sob a ótica dos nutrientes, pesquisas como essa ajudam a reforçar a importância do aspecto emocional na hora de comer — sobretudo quando esse fator pode contribuir para o cuidado e a saúde de públicos mais vulneráveis, como os idosos.