Segundo o Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (CISA), o consumo de álcool no Brasil é responsável por impactos alarmantes: são cerca de 12 mortes por hora atribuídas ao uso da substância.
Os dados reforçam uma tendência crescente e global de redução no consumo de bebidas alcoólicas, impulsionada por fatores de saúde, novos hábitos e transformações econômicas.
Em 2024, esse cenário se intensificou, gerando desafios significativos para bares, restaurantes e para a própria indústria de destilados, que vêm tentando se adaptar a um novo perfil de consumidor.
Queda no consumo de álcool exige reinvenção
O setor de bebidas destiladas enfrenta incertezas que vão além da queda nas vendas. Tarifas comerciais instáveis, excesso de oferta e mudanças regulatórias, como a possível exigência de advertências sanitárias nos rótulos, agravam a situação.
Só nos Estados Unidos, o valor das vendas de destilados caiu 1,1% em 2024, segundo o Distilled Spirits Council, um indicativo claro de que o modelo de crescimento contínuo já não se sustenta.
Vale mencionar que fatores como o uso crescente de medicamentos para emagrecimento (como Ozempic e Wegovy), a legalização da cannabis recreativa em alguns países e o aumento da consciência sobre saúde e moderação no consumo de álcool têm influenciado diretamente esse cenário.
Em resposta, bares e restaurantes vêm investindo em coquetéis com menor teor alcoólico, opções sem álcool e menus baseados em ingredientes locais, buscando atender às novas expectativas dos consumidores.
Mudança geracional e busca por saúde alteram hábitos de consumo
É importante mencionar que essa transformação no padrão de consumo também reflete uma mudança geracional. Estilos de vida mais saudáveis estão ganhando força, com um número crescente de pessoas priorizando alimentação equilibrada, bem-estar mental e práticas físicas regulares, como indicam pesquisas do Gympass e da Anahp.
Outro detalhe importante é que o Brasil, apesar de ainda apresentar um alto índice de consumo de álcool, tem visto uma mobilização crescente em torno da saúde pública. Segundo a Fiocruz, os danos relacionados ao álcool custam mais de R$ 18 bilhões por ano ao país.
A pandemia de COVID-19 também contribuiu para uma reavaliação de hábitos, levando muitos a repensarem o uso excessivo da bebida como forma de lidar com estresse e ansiedade.
Dessa forma, o setor de hospitalidade se vê diante de um duplo desafio: lidar com os custos crescentes das tarifas de importação, como as aplicadas sobre produtos mexicanos, canadenses e europeus, e se reinventar para um público que consome menos e exige mais.
Com isso, criatividade e adaptação não são mais diferenciais, mas sim, requisitos essenciais para a sobrevivência do setor.