Desde o ano passado, uma pequena cidade do interior de Minas Gerais tem chamado a atenção do país ao adotar uma medida ousada e inédita: a criação e circulação de sua própria moeda local.
Em tempos de busca por soluções inovadoras para a economia regional, Resplendor, no Vale do Rio Doce, passou a imprimir seu próprio dinheiro com o objetivo de fortalecer o comércio e estimular o desenvolvimento interno.
Cidade brasileira que imprime sua própria moeda local
A nova moeda, batizada de Ubérrima, começou a circular oficialmente em abril de 2024. O nome foi escolhido por votação popular e faz referência ao hino da cidade.
O projeto, que levou dois anos para ser implementado, foi realizado em parceria entre a prefeitura e o Sebrae Minas.
A ideia por trás da iniciativa é simples, mas estratégica: criar uma alternativa ao real que valorize o comércio local, aumente o giro da economia no próprio município e reduza a evasão de recursos para outras cidades.
As cédulas de Ubérrima — em valores de 1, 2, 5, 10 e 20 — são físicas, trazem imagens de pontos simbólicos de Resplendor, como o Rio Doce, e têm amparo legal por meio de uma lei municipal sancionada em dezembro de 2022.
Na prática, os moradores podem utilizar a moeda em diversos comércios cadastrados na cidade. Inicialmente, cerca de 15 estabelecimentos e 40 comerciantes aceitaram a Ubérrima como meio de pagamento.
Quase 70 mil notas foram impressas para abastecer os primeiros seis meses de uso. Além de movimentar o setor comercial, a moeda também surgiu como uma solução criativa para um problema antigo: a constante falta de troco no varejo local.
O investimento inicial para tirar a ideia do papel foi de aproximadamente R$ 80 mil.
Moeda local de Resplendor se destaca das demais do país
Embora outras cidades brasileiras já tenham adotado moedas de circulação local, a Ubérrima se destaca por sua natureza pública.
Ao contrário das chamadas moedas sociais — criadas e geridas por organizações da sociedade civil, geralmente com foco em programas sociais ou ambientais — a de Resplendor foi instituída pela prefeitura e é administrada por um conselho municipal composto por representantes do poder público, empresários e membros da comunidade.
Essa estrutura confere ao item um alcance maior, respaldo legal e lastro financeiro por meio de um fundo próprio.
A inovação já inspira outros municípios. Mato Verde, no Norte de Minas, está entre os que estudam lançar sua própria moeda pública.