Recentemente, um incidente ocorrido em uma escola do município de Laranja da Terra, na Região Serrana do Espírito Santo, gerou uma grande preocupação em relação à segurança e saúde dos estudantes.
O caso envolveu 44 alunos de uma turma de Ensino Médio que, durante uma aula de Química, foram furados com a mesma agulha (lanceta) pelo próprio professor. Este ato resultou em sérios questionamentos sobre a responsabilidade dos educadores e as normas de segurança no ambiente escolar.
O que aconteceu?
Na última sexta-feira, 14 de março, o professor de Química de uma escola estadual em Laranja da Terra decidiu realizar uma atividade prática com seus alunos, que envolvia a coleta de sangue para observação de células sanguíneas e estudo do tipo sanguíneo.
Para isso, o docente usou uma única lanceta (agulha pequena e de uso único) para furar os dedos de 44 alunos. A situação rapidamente gerou grande preocupação, pois o uso compartilhado de agulhas é altamente perigoso, podendo levar à transmissão de doenças como HIV, Hepatites B e C, entre outras infecções.
De acordo com a legislação brasileira, o ato do professor pode ser classificado como “exposição a perigo”, um crime previsto no Código Penal que descreve situações onde alguém coloca outra pessoa em risco iminente de danos à saúde ou à vida.
O delegado-geral da Polícia Civil, José Darcy Arruda, destacou que o caso se enquadra como um crime de perigo comum, dado que o comportamento do professor colocou a saúde dos alunos em risco ao permitir que todos usassem a mesma agulha.
Reação das autoridades
As investigações sobre o caso foram iniciadas logo após o ocorrido, quando os responsáveis pelos alunos apresentaram denúncias. A Polícia Civil recolheu as agulhas usadas e enviou para análise.
Além disso, a Secretaria de Estado da Educação (Sedu) tomou medidas imediatas ao demitir o professor envolvido e encaminhar o caso à corregedoria da Secretaria. A Sedu também informou que a atividade foi realizada sem a devida autorização da coordenação pedagógica, indicando que a ação do professor não seguia os protocolos de segurança e pedagogia exigidos pela instituição.
Impacto na saúde dos alunos
Após o incidente, todos os 44 alunos foram encaminhados ao hospital para realizar exames médicos e garantir que não haviam contraído nenhuma infecção devido ao uso compartilhado de lancetas.
Médicos alertaram que o uso de materiais de perfuração compartilhados é um comportamento de risco alto, sendo considerado uma violação das normas de biossegurança. Os alunos foram testados para hepatites B e C, HIV e outras doenças, e, até o momento, os resultados não apontaram nenhuma infecção, embora os estudantes ainda continuem sob acompanhamento médico.
Este incidente destaca a importância de educar tanto os estudantes quanto os professores sobre os procedimentos corretos e seguros a serem seguidos em atividades científicas. A formação sobre biossegurança nas escolas deve ser reforçada, e atividades práticas como a coleta de sangue devem ser cuidadosamente planejadas e supervisionadas por profissionais qualificados.
O desfecho da investigação, que ainda está em andamento, deve servir como base para futuras discussões sobre os protocolos de segurança em atividades científicas nas escolas.