A falta de saneamento básico no Brasil segue impactando o Sistema Único de Saúde (SUS), resultando em centenas de milhares de internações todos os anos. Em 2024, um levantamento do Instituto Trata Brasil apontou que 344 mil hospitalizações foram causadas por Doenças Relacionadas ao Saneamento Ambiental Inadequado (DRSAI).
O estudo indica que, caso o saneamento fosse universalizado, o número de internações poderia ser reduzido em 69%, aliviando a pressão sobre o sistema de saúde e gerando uma economia estimada em R$ 49,9 milhões para os cofres públicos. O custo médio por hospitalização nesses casos é de R$ 506,32.
Entre as doenças relacionadas à falta de infraestrutura sanitária, a dengue foi a que mais levou pacientes a hospitais em 2024, registrando 164,5 mil internações dentro do total de 168,7 mil provocadas por insetos.
Internações no SUS
- Grupos mais afetados: Crianças e idosos correspondem a 43,5% do total de internações no SUS. Entre os pequenos de 0 a 4 anos, a taxa é de 54 casos para cada 10 mil habitantes, enquanto entre os idosos, o índice chega a 23,6 casos por 10 mil habitantes.
- Desigualdade social: Pessoas pardas ou pretas corresponderam a 65% dos internados. As mulheres também foram mais impactadas, representando 53% das internações, o que equivale a 20,7 mil casos a mais em comparação aos homens.
- Diferenças regionais: Os estados com as maiores taxas de internação (em casos para cada 10 mil habitantes) foram: Maranhão (45,8), Distrito Federal (36,2), Paraná (25,6), Amapá (24,6) e Minas Gerais (22,3).
Falta de tratamento de esgoto
A ausência de saneamento básico está diretamente ligada à propagação de doenças como dengue, diarreia, hepatite A, leptospirose, conjuntivite e malária. Essas enfermidades podem ser contraídas pelo contato com água contaminada, ingestão de alimentos impróprios ou pela ação de vetores, como insetos.
Diante desse cenário, Luana Pretto, presidente-executiva do Instituto Trata Brasil, reforça a importância da ampliação do acesso à água potável e ao tratamento de esgoto. Segundo ela, investimentos nessas áreas são fundamentais para reduzir a incidência dessas doenças, internações no SUS e cumprir as metas do Novo Marco Legal do Saneamento, promovendo um futuro mais saudável e sustentável para o país.