Nos últimos anos, as redes sociais se tornaram um dos principais meios de disseminação de informações. No entanto, junto com a facilidade de acesso ao conhecimento, cresceu também a propagação de fake news, especialmente quando o assunto é saúde.
Recentemente, vídeos no TikTok com milhões de visualizações espalharam informações equivocadas sobre a mamografia, alertando, de maneira irresponsável, para um suposto risco causado pela radiação do exame.
Essa desinformação acendeu um alerta entre médicos e especialistas, que reforçam a importância da mamografia na detecção precoce do câncer de mama e esclarecem que a radiação utilizada no exame é mínima, não representando risco significativo à saúde.
O que é a mamografia?
A mamografia é um exame radiológico que permite a visualização detalhada do tecido mamário por meio de raios X de baixa dosagem. Ela é amplamente utilizada para rastrear e diagnosticar precocemente o câncer de mama, aumentando as chances de cura para até 95% quando a doença é detectada nos estágios iniciais.
Embora algumas mulheres relatem desconforto durante a realização do exame, ele dura poucos minutos e é essencial para salvar vidas. Sociedades médicas em todo o mundo recomendam sua realização periódica para mulheres acima dos 40 anos.
O que as Fake News dizem?
Os vídeos que circulam no TikTok alegam, de forma incorreta, que a mamografia expõe as pacientes a níveis elevados de radiação e que o exame poderia ser perigoso. Entre os argumentos disseminados nas redes sociais, destacam-se:
- A mamografia causa câncer devido à radiação: Falso. A radiação utilizada é mínima e segura.
- O exame não é necessário para todas as mulheres: Falso. Ele é a melhor ferramenta para a detecção precoce do câncer de mama.
- Existem alternativas mais seguras: Falso. A ultrassonografia, por exemplo, não substitui a mamografia.
Essas alegações não têm embasamento científico e podem levar mulheres a evitarem o exame, aumentando o risco de diagnósticos tardios e reduzindo as chances de tratamento eficaz.
O que dizem os especialistas?
Médicos e pesquisadores da área de mastologia desmentem categoricamente os boatos. A mastologista e secretária adjunta da Sociedade Brasileira de Mastologia, Annamaria Massahud Rodrigues dos Santos, explica que seriam necessárias mais de 400 mamografias ao longo da vida para que houvesse um aumento significativo no risco de câncer devido à radiação.
Além disso, a dose de radiação de uma mamografia equivale a apenas 25 dias de exposição à radiação ambiental natural, ou seja, a quantidade absorvida no dia a dia pelo ser humano a partir de fontes como o solo, alimentos e raios cósmicos.
Outros exames radiológicos, como a tomografia computadorizada do tórax, emitem doses muito superiores de radiação. No entanto, a mamografia utiliza uma tecnologia de baixa energia e um feixe direcionado de raios X, minimizando os riscos.
Importância da mamografia na luta contra o Câncer de Mama
O câncer de mama é o tipo mais comum entre as mulheres no Brasil e no mundo. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), somente no Brasil, estima-se que 73.610 novos casos surgem a cada ano. Globalmente, a doença atinge cerca de 2,3 milhões de mulheres anualmente e é a principal causa de morte por câncer nessa população.
Para combater a doença, a mamografia é fundamental. As principais recomendações são:
- Mulheres entre 40 e 49 anos: exame anual recomendado por entidades como a Sociedade Brasileira de Mastologia e a FEBRASGO (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia).
- Mulheres entre 50 e 69 anos: o Ministério da Saúde recomenda o exame a cada dois anos.
- Mulheres e homens com histórico familiar ou sintomas suspeitos: devem realizar o exame independentemente da idade.
A baixa adesão à mamografia no Brasil preocupa especialistas. Atualmente, apenas 25% das mulheres realizam o exame regularmente, muito abaixo dos 70% recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Como reconhecer Fake News na saúde?
A desinformação pode causar graves consequências para a saúde pública. Por isso, é essencial desenvolver um olhar crítico ao consumir conteúdos nas redes sociais. Algumas dicas para identificar fake news sobre saúde incluem:
- Verifique a fonte: Desconfie de informações sem embasamento científico ou que não sejam divulgadas por órgãos oficiais.
- Consulte especialistas: Sempre que tiver dúvidas sobre exames ou tratamentos, procure um médico de confiança.
- Evite compartilhar sem checar: Fake news se espalham rapidamente. Antes de compartilhar qualquer conteúdo, pesquise fontes confiáveis.
- Fique atento ao tom alarmista: Notícias falsas costumam exagerar riscos ou apresentar teorias conspiratórias para atrair mais atenção.
Combater a desinformação e promover o acesso ao conhecimento correto é um passo fundamental para salvar vidas. Seja crítico ao consumir informações e confie sempre na ciência e nos profissionais de saúde.