Nos últimos dias, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determinou o recolhimento de três produtos classificados como “pó para o preparo de bebida sabor café”, mas que não podem ser considerados cafés de verdade.
A decisão foi tomada após inspeções conduzidas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), que verificaram irregularidades na composição e fabricação desses produtos.
As marcas envolvidas, Master Blends, Melissa e Pingo Preto, estão proibidas de fabricar, distribuir, comercializar, fazer propaganda ou permitir o uso desses produtos. A medida chamou atenção para a necessidade urgente de os consumidores saberem como identificar o chamado “café fake”.
O que é o café fake
A expressão “café fake” se refere a produtos que são vendidos como se fossem café, mas que, na verdade, não se enquadram na definição oficial do produto. Esses itens utilizam ingredientes não autorizados, artifícios para simular cor e sabor e, em alguns casos, até substâncias contaminantes.
O objetivo é enganar o consumidor e, muitas vezes, oferecer um preço mais baixo às custas da qualidade e da segurança alimentar. Segundo a Anvisa, os três produtos recolhidos continham esses elementos fraudulentos e, por isso, representam risco à saúde pública.
O que é considerado café de verdade
De acordo com a Resolução RDC nº 716/2022 da Anvisa, o verdadeiro café é aquele originado do endosperma, o grão beneficiado, do fruto maduro de espécies do gênero Coffea. Os grãos podem ser de Coffea arábica, Coffea liberica ou Coffea canephora (também conhecido como robusta).
Para ser comercializado como café, o produto deve passar por um processo de torrefação e pode ser apresentado na forma de grãos ou moído. Ainda que apresente resquícios da película do grão, ele precisa manter a composição pura e sem aditivos não autorizados.
A diferença entre café, café solúvel e pó para bebida sabor café
É importante compreender as diferenças entre o café tradicional, o café solúvel e os pós para preparo de bebidas sabor café. O café tradicional, como vimos, é o grão torrado e moído.
Já o café solúvel é o extrato aquoso do café que passou por um processo de desidratação, mantendo apenas a essência do café em forma solúvel, sendo também regulamentado.
Por outro lado, os pós para preparo de bebida sabor café pertencem a uma categoria ampla, que inclui misturas com leite em pó, aromatizantes, açúcar e outras substâncias. Muitos desses produtos nem sequer contêm café de verdade, mas simulam seu sabor com aditivos.
Como identificar um café falso na prática
Na hora da compra, é fundamental observar alguns detalhes para não cair na armadilha do café fake. O primeiro sinal de alerta costuma ser o nome do produto. Termos como “pó para preparo de bebida sabor café” indicam que não se trata de café puro.
Além disso, a leitura atenta do rótulo é indispensável. Um verdadeiro café terá informações claras sobre a espécie do grão, o tipo de torra, a moagem e, se for o caso, a origem do café. A ausência dessas informações ou o uso de ingredientes não reconhecíveis deve acender um alerta.
Outro ponto importante é o preço. Produtos muito abaixo do valor médio de mercado podem indicar adulteração. A textura e o aroma também são indícios: cafés falsos muitas vezes têm cheiro artificial e uma coloração uniforme demais, diferente do aspecto mais irregular do café moído verdadeiro.
Por fim, é prudente verificar se o produto é registrado na Anvisa e no Ministério da Agricultura. Essas informações podem ser encontradas nos sites oficiais ou pelo número de registro no rótulo.
O papel da Anvisa e da fiscalização
A Anvisa tem um papel essencial na garantia da segurança alimentar no Brasil. Em parceria com o Ministério da Agricultura, realiza fiscalizações regulares nas indústrias alimentícias e avalia se os produtos seguem os padrões definidos em legislação.
Quando identificadas irregularidades, como no caso das três marcas citadas, a agência adota medidas rigorosas, como o recolhimento dos produtos e a proibição de sua comercialização. Essas ações visam proteger a saúde da população e manter a integridade dos alimentos vendidos no país.
O que fazer ao identificar um possível café fake
Caso o consumidor suspeite de um produto, ele deve evitar o consumo imediato e, se possível, comunicar o fato aos órgãos competentes. Amostras podem ser enviadas para análise e o relato pode ajudar a evitar que outras pessoas sejam prejudicadas.
Também é recomendado guardar a nota fiscal da compra e relatar onde o produto foi adquirido. A denúncia pode ser feita diretamente pelo site da Anvisa ou em canais municipais de vigilância sanitária.
Fique atento, leia os rótulos e confie em marcas regulamentadas.
