A tecnologia está tão presente que muitos já não imaginam a rotina sem internet, redes sociais e telas. Em entrevista à Agência Brasil, a psicóloga Anna Lucia Spear King, fundadora do Instituto Delete, explicou que esse uso excessivo nem sempre configura um vício patológico — na maioria dos casos, trata-se da falta de uma educação digital, ou seja, do hábito de usar a tecnologia sem limites, horários ou consciência.
Anna Lucia conta que a busca por ajuda aumentou nos últimos anos, especialmente após a pandemia. Muitas pessoas acreditam estar viciadas em telas, mas, na maioria dos casos, o que falta é orientação. “Elas usam a tecnologia sem limites, mas não precisam de tratamento — precisam de educação digital”, disse.
Uso excessivo de telas
A psicóloga explica que o vício real em tecnologia, chamado nomofobia, está ligado a transtornos como ansiedade, depressão, pânico ou compulsões, e requer tratamento psicológico, com possível uso de medicação. Ela também destaca o aumento dos vícios em jogos e apostas on-line, que estimulam o sistema de recompensa do cérebro, provocando sensação de prazer e desejo de repetição — o que também se aplica ao uso excessivo de redes sociais.
Anna Lucia chama atenção para o papel dos pais na orientação digital de crianças e adolescentes. Segundo ela, menores de idade não devem ter acesso irrestrito à internet, sendo necessária supervisão. Muitos pais, por não terem recebido educação digital, também enfrentam dificuldades para orientar os filhos. Ela considera positiva a nova lei que proíbe o uso de celulares nas escolas, defendendo que o uso em sala deve ocorrer apenas com orientação de professores.
Educação digital
Anna Lucia também destacou atitudes que ajudam a manter um uso mais saudável da tecnologia. Entre elas: evitar o celular logo ao acordar, não usar telas durante as refeições e desconectar-se pelo menos duas horas antes de dormir. Em encontros sociais, o ideal é priorizar a presença e o diálogo, deixando o celular de lado.
No ambiente de trabalho, o uso de dispositivos deve se limitar ao horário comercial — e o mesmo vale para interações profissionais fora do expediente. Para a psicóloga, a chave está no equilíbrio: “A tecnologia oferece muitas vantagens, mas é preciso aprender a usá-la com consciência para evitar seus efeitos negativos.”