Teatro é encontro

Por Pedro Moysés

No teatro, por vezes, a individualidade é desfeita. É um trato não verbal. Ao entrar em um teatro, o que antes era um punhado de pessoas diferentes, agora sentadas em cadeiras separadas, e outro punhado de pessoas em cima (ou não) de um palco, vira um único organismo. Um coro que respira junto. O aplauso, a risada, o silêncio, o desconforto não pertencem mais a alguém, mas ao coletivo. Por isso, cada espetáculo é único. A magia do teatro está na energia do encontro. 

Encontros que são mágicos para além dos palcos. Foi em um desses encontros em que Pablo Abritta e Phill de Orixalá conheceram Sandra Emília. A reunião foi proporcionada pelo 1º Festival de Cenas Curtas da Apac/JF, que aconteceu no primeiro final de semana da 22ª Campanha de Popularização Teatro e Dança JF. Foi em uma conversa despretensiosa após as apresentações que eles descobriram um denominador em comum: “O despertar da primavera”. 

Texto escrito por Frank Wedekind, entre o outono de 1890 e a primavera de 1891, foi encenado pela primeira vez em 1906. Em Juiz de Fora, o grupo Teatro & Cia, do qual Sandra fazia parte, montou o espetáculo em outubro de 1987, no  Centro Cultural Bernardo Mascarenhas, o querido CCBM. Desde lá, foram 37 primaveras até a montagem da Fact!, que será apresentada novamente neste sábado (16), às 20h, no Teatro Paschoal Carlos Magno. 

A montagem de 1987 tinha no elenco, além de Sandra Emília, Sérgio Arcuri, Marcelo Gaio, Wolnei Nassar, Célio Vidal, Luzia de Resende, Cláudia Miranda e Gisela Barbosa, a direção foi de José Eduardo Arcuri. No entanto, foi realizada antes da adaptação do texto para um musical pela Broadway, que só aconteceu em 2006, e foi a versão escolhida para a adaptação da Fact!.

Escrita no século 19, a peça trata da adolescência, abordando temas como sexualidade, desejo, aborto e suicídio. 

Sobre o que uma peça do século 19, montada no século 20, teria para dizer ainda no século 21, Sandra disse que as coisas não mudaram muito. “Nós montamos esse texto  no século 20, e houve muitas reações. Imagina isso, no século 19, o choque que se deu. Em 1980, muitas pessoas ficaram chocadas. Eu gostaria até de ver as reações das pessoas hoje, no século 21. Ver a diferença entre os séculos.”

Phill também acha que a peça ainda tem muito a dizer. “Eu acho que hoje existe menos o choque porque esses assuntos já são mais discutidos. Mas ainda gera uma reflexão de como a gente trata os nossos adolescentes. Como a gente, às vezes, omite informações, omite ensinamentos, esconde a realidade do mundo. A gente fez uma pesquisa interna (durante o processo da montagem) de como foi a nossa adolescência e descobriu que a gente também foi muito negligenciado. Não nos ensinaram muito sobre a vida e a gente acabou tendo que descobrir sozinho, como acontece na peça.”

Em cartaz

A 22ª CPTD ainda continua a todo vapor, confira abaixo o que está em cartaz essa semana.

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Em um musical que combina música, dança e teatro, a produção busca resgatar o espírito do musical original. Em uma Chicago dos anos 20, uma sedutora e ambiciosa cantora de cabaré, é acusada de assassinar seu amante. Para escapar da forca, contrata um astuto advogado, que a ajuda a criar uma imagem de vítima para a imprensa. Mas ela não é sua única cliente. (Foto: Divulgação)

“A verdadeira princesa” 

No reino do Bem Querer nasce uma herdeira que, por ser muito mimada, cresce muito mal educada. Seu comportamento vai mudar ao ler o livro da “Sabedoria das princesas”, transformando-se em uma verdadeira princesa.
Sábado às 17h e domingo às 11h, no Teatro do Forum da Cultura.

“Pluft, o fantasminha”

Pluft é um fantasminha que tem medo de gente, mas, ao encontrar Maribel, tudo muda e eles vivem uma aventura tentando salvá-la do Marinheiro Perna de Pau.

Domingo às 16h, no Teatro Paschoal Carlos Magno.

“Novas mágicas e velhas tonteiras”

Reunindo o melhor do repertório do palhaço Rosquinha e inovando com mágicas de tirar o fôlego, promete levar magia, encanto e riso.

Sábado às 16h, no Teatro Paschoal Carlos Magno. Com acessibilidade em Libras.

“Assinado, Téo”

Uma peça de teatro para infância e para toda família. Com assuntos sobre diversidade, amor e superação, o espetáculo escreve uma história sólida e de continuidade em 7 anos de trajetória acumulando apresentações e prêmios.

Domingo às 16h e às 19h, no Teatro da Praça CEU.

Despertar da Primavera

Na Alemanha do final do século 19, jovens confrontam os tabus e a repressão impostos pela sociedade. Sem orientação, descobrem a vida de forma dolorosa, enfrentando consequências trágicas.

Sábado às 20h, no Teatro Paschoal Carlos Magno.

“Chicago – o musical”

Em um musical que combina música, dança e teatro, a produção busca resgatar o espírito do musical original. Em uma Chicago dos anos 20, uma sedutora e ambiciosa cantora de cabaré, é acusada de assassinar seu amante. Para escapar da forca, contrata um astuto advogado, que a ajuda a criar uma imagem de vítima para a imprensa. Mas ela não é sua única cliente.

Domingo às 19h, no Cine Theatro Central. Com acessibilidade em Libras.

“Velório pra morrer de rir!”

Dois defuntos dividem o mesmo velório em uma comédia que, desde 1997, conquista plateias no Brasil e em Portugal. Com histórias que mudam a cada cidade, o espetáculo se tornou um fenômeno de público e se despede dos palcos de Juiz de Fora com muito humor e irreverência.

Quinta-feira às 20h, no Teatro Paschoal Carlos Magno.

“Um barraco terapêutico”

Um empresário falido busca reconquistar a esposa em uma sessão de terapia nada convencional. Com uma terapeuta falsa, debochada e cheia de gírias, o consultório vira um verdadeiro barraco que garante boas risadas do começo ao fim.

Sexta-feira, às 20h, no Teatro Paschoal Carlos Magno.

“O grande espetáculo dos irmãos Grimm”

Uma releitura bem-humorada dos contos de fadas. Cada ator interpreta cerca de dez personagens. Com figurinos agêneros e narradores diversos, a peça mistura besteirol, rapidez e criatividade ao encerrar com toda a história recontada em apenas dois minutos.

Domingo, às 20h, no Teatro Paschoal Carlos Magno. Com acessibilidade em Libras.

“O marinheiro”

Três irmãs velam uma quarta em uma peça carregada de mistério, refletindo sobre os limites entre sonho e realidade. No texto poético e filosófico de Fernando Pessoa, surgem questões profundas sobre os problemas metafísicos da existência.

Sábado às 16h, no Museu Ferroviário (Sala Multimeios)

“Sujeito Estranho 3.0”

Sujeito Estranho 3.0 é um suspense clássico, feito à maneira que Alfred Hitchock dirigia os seus filmes. Temos um vilão, um homem manipulado e uma mulher perseguida. O que é feito nesta peça, subverte o gênero, dando à vitima a chance de sua sobrevivência, desde que consiga ser mais ameaçadora que os seus algozes.

Quinta-feira às 20h, no Cine Theatro Central. Com acessibilidade em Libras.

“Eu conto o meu, o seu, os nossos contos”

O grupo Nzinga de contadoras de histórias apresenta contos africanos e indígenas que celebram povos de luta, resgatando suas essências e encantos em narrativas que se complementam e se reencontram.

Domingo às 19h, no Museu Ferroviário (Sala Multimeios). Com acessibilidade em Libras.

 

 

Pedro Moysés

Pedro Moysés

Pedro Moysés é jornalista formado pela UniAcademia, em Juiz de Fora. Repórter da Tribuna de Minas, escreve e produz matérias e reportagens especiais para todas as editorias do jornal, com destaque para temas ligados à cidade, à cultura e à política. Preza pela escuta atenta, apuração rigorosa e interesse pelas transformações sociais. Além de jornalista, é ator, diretor, dramaturgo, músico, ceramista e fotógrafo. E-mail: [email protected] Linkedin: https://www.linkedin.com/in/pedro-moyses

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