A polêmica sobre o uso do Aspartame – Usar ou não?

Por Alice Amaral

O aspartame é um edulcorante composto de dois aminoácidos, o ácido aspártico e a fenilamina, que são processados e combinados para criar o aspartame, que é um dos adoçantes artificiais mais populares no mundo. É um produto sem valor nutricional, criado em 1965 nos Estados Unidos e que vem sendo utilizado desde a década de oitenta.

O aspartame adoça 200 vezes mais que o açúcar e tem poucas calorias (quatro calorias para cada um grama) e por isso é amplamente utilizado na indústria alimentícia. Ele está presente em cerca de 6 mil produtos. É encontrado na maioria dos produtos classificados como zero açúcar, diet, light. Está presente nos adoçantes de mesa, refrigerantes diet/light, sucos em pó, sorvetes, geleias, gelatinas, iogurtes, barras de cereais, molhos, cereais matinais, café solúvel, chá industrializado, pasta de dente e até em alguns medicamentos. Geralmente não é encontrado em alimentos que necessitam de calor para serem preparados como pães, bolos e biscoitos porque ele não é estável ao calor e perde a doçura.

Existem outros tipos de adoçante como:

–  Sacarina: um dos mais antigos adoçantes, adoça 300 vezes mais que o açúcar.

– Eritritol:  apesar de ser extraído de frutas e legumes sofre processos químicos para ser usado como adoçante. Ele adoça o equivalente a 70% do açúcar.

– Ciclamato de sódio: derivado do petróleo, adoça 30 vezes mais que o açúcar.

– Sucralose: feita a partir de frutas e vegetais, adoça 600 vezes mais que o açúcar.

– Stévia: 200 a 400 vezes mais doce que o açúcar, é extraída da planta “Stévia rebaudiana”.

– Xilitol: extraído da fibra de alguns tipos de cogumelo e algumas frutas e vegetais como ameixa, framboesa e milho.

Lembrando que existem vários estudos, como um publicado no Trends In Endocrinology & Metabolism que afirma que o uso de adoçantes está relacionado ao ganho de peso e ao aumento do risco de desenvolver diabetes tipo 2, síndrome metabólica e doenças cardiovasculares como infarto agudo do miocárdio e acidente vascular cerebral.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde o consumo do aspartame por longos períodos não favorece o emagrecimento e pode aumentar o risco de diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares. O aspartame foi classificado pela Agência Internacional de Pesquisa sobre Câncer, órgão vinculado a Organização Mundial de Saúde como possivelmente cancerígeno, especificamente o câncer de fígado (carcinoma hepatocelular). Segundo a Organização Mundial de Saúde o uso do aspartame é seguro desde que não ultrapasse o limite de quarenta miligramas por quilograma de peso por dia, ou seja uma pessoa que pesa 50Kg poderia usar até 2g por dia, e por isso, a Organização Mundial de Saúde não aconselha as empresas a retirar seus produtos do mercado, nem as pessoas a pararem de usar o aspartame, apenas aconselha o consumo com moderação.

O adoçante deveria ser usado só por quem tem diabetes e em quantidades mínimas, entretanto houve um aumento no consumo de adoçantes e toda a linha diet e light. Existe uma preocupação com a saúde e sabemos que a ingestão de açúcar está relacionada a várias doenças, como diabetes, obesidade, hipertensão arterial e até câncer. As pessoas acham que o uso do adoçante, poderia ser uma opção mais saudável, inclusive para crianças. Para se ter uma ideia, pesquisa realizada nos Estados Unidos, mostrou que a ingestão diária de adoçante por criança e adolescentes aumentou 200% em uma década.

E como fazer para parar de usar açúcar e adoçantes? O paladar é algo que conseguimos mudar, ele é condicionável. Por exemplo, pergunte a uma pessoa que gosta de tomar cerveja, o que ela achou quando experimentou pela primeira vez, amarga, muito amarga, mas ela continuou tomando e hoje gosta. Do mesmo jeito que condicionamos para a cerveja, podemos condicionar o paladar para o consumo de alimentos saudáveis. Experimente usar cada vez menos açúcar até se acostumar com o sabor natural dos alimentos.

Lembrando que, por conter fenilamina, o aspartame pode causar convulsão, náuseas, vômitos ou feridas em pessoas com fenilcetonúria (que é um distúrbio congênito que causa o acumulo da do aminoácido fenilalanina no corpo). Além disso, o consumo diário aspartame já foi associado a cefaleia e mal de Alzheimer. Um estudo realizado por pesquisadores indianos e publicado no Indian Journal Pharmacology concluiu que mulheres grávidas ou amamentando, crianças, pacientes com enxaqueca e com epilepsia devem evitar o uso do aspartame.

Então, será que mesmo em baixas doses vale a pena usar o aspartame, já que sabemos tratar-se de uma substância possivelmente cancerígena? Vale a reflexão!

Alice Amaral

Alice Amaral

Médica - Título de Especialista em Nutrologia – RQE 9884 - Título de Especialista em Medicina do Esporte – RQE 9895 - Título de Medicina Física e Reabilitação - RQE 44090

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